Embratur quer tentar recuperar o turismo de Portugal

O presidente da Embratur, Gilson Machado, esteve em Portugal para divulgar que “o Brasil mudou” e que “vive um novo ambiente” de segurança, abertura internacional e oportunidades de negócio, o que só foi possível com o apoio do Presidente Jair Bolsonaro, que “trata o Turismo como uma política de Estado” e que “sabe o protagonismo que o Turismo tem na recuperação económica do País”. A Ambitur conversou com Gilson Machado sobre a importância de Portugal para o país irmão, a nova Embratur e a política de isenção de vistos.

Gilson Machado garante que preside uma “nova Embratur” comprometida com os recursos naturais, a gastronomia e com o pólo médico, tecnológico e de negócios do Brasil: “Nós mudámos um pouco o foco porque a caipirinha, a tanga e a favela não deu certo.” A nova estratégia assenta fortemente na divulgação do destino, além fronteiras, pelo que a partir de novembro a Embratur passa a funcionar como agência e a contar com 400 milhões de dólares para divulgação externa (anteriormente, contava apenas com oito milhões).

Segundo o presidente do Instituto Brasileiro do Turismo, o “Brasil tem tudo para ser o número um do turismo no Mundo”, tendo a capacidade de ser “tudo o que o turista quiser”, com as melhorias feitas pelo atual Governo. O índice de segurança do país aumentou cerca de 30%, a criminalidade diminuiu, o real está mais barato e as infraestruturas estão montadas.

“Somos um país que está com um ambiente de negócios muito mais propício, tanto é que vários investidores estrangeiros estão a aumentar o investimento no Brasil”, acrescenta, nomeadamente o grupo português Vila Galé prepara novos projetos na Bahia, Alagoas e Natal. “É o momento de qualquer investidor hoje chegar e comprar hotéis fechados, hóteis que estão em dificuldades, porque o Turismo vai-se recuperar no Brasil”, assegura Gilson Machado.

Brasil quer recuperar o turismo de Portugal
O Brasil e Portugal são “duas nações irmãs”, com grande afinidade graças à partilha da língua portuguesa, com um “turismo histórico”. No entanto, “diminuiu o número de portugueses que têm ido ao Brasil, pela questão da segurança”. Dados da Embratur indicam que o Brasil emite, atualmente, um milhão e 50 mil turistas para Portugal, enquanto o nosso país gera apenas 150 mil turistas para o Brasil – já chegou a emitir 300 mil turistas.

O desafio é recuperar o turismo de Portugal, através da divulgação, e daí a visita de Gilson Machado que, entre outras reuniões, discutiu a presença do Brasil na Bolsa de Turismo de Lisboa, para “fazer a melhor BTL já feita até hoje”. Para tal, muito tem contribuído a conetividade aérea uma vez que “a maior quantidade de voos hoje que o Brasil tem são de empresas, em primeiro lugar, americanas e depois portuguesas”. São mais de 20 voos diários — completamente lotados — de Portugal com destino ao Brasil, nomeadamente, às suas principais cidades e praias.

Isenção de vistos marca abertura internacional
Gilson Machado é peremptório em admitir que é “inadmissível que um país como o Brasil receba [há mais de 10 anos] apenas seis milhões de turistas por ano”, mesmo recebendo grandes eventos como as Olimpíadas e a Copa do Mundo de Futebol. O responsável dá o exemplo de Portugal que com apenas 10 milhões de habitantes recebe mais de 30 milhões de turistas por ano.

Assim, partiu de si a ideia de começar a isentar vistos, até agora para os EUA, Canadá, Austrália e Japão, registando-se já um “aumento de 230% da emissão de vistos para esses países”. Pela quantidade de passagens emitidas, Gilson Machado concluí que “perdemos triliões de dólares para o Caribe durante vários anos”. O próximo passo é liberar vistos para a Argentina, Índia, Indonésia e Vietname. Além dos vistos, a Embratur tem o “projeto ambicioso de acabar com tirar o que são fronteiras no Mercosul”, aduaneiras e alfandegárias, entre o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai: “Para que fique igual à Europa, com um céu totalmente livre.”

Atualmente, o Brasil considera como seus mercados prioritários os quatro países isentos de vistos, Portugal, China e a Argentina que “historicamente é que manda mais turistas para o Brasil”. Dos seis milhões de turistas que o País recebe por ano, dois milhões e 600 visitantes são argentinos, ao passo de que o Brasil envia apenas 800 mil turistas para a Argentina.

O património natural e a aposta no Ecoturismo
Antes de assumir a presidência da Embratur, Gilson Machado foi secretário nacional de Ecoturismo pelo que assegura que o Ministério do Ambiente brasileiro “está focado na qualidade ambiental urbana” tanto para os turistas como para o bem-estar dos moradores. Desta forma, o Governo iniciou um maior controlo ambiental nos locais mais turísticos do País até porque “o turista só volta se o ambiente estiver preservado”.

A Embratur tem “essa vontade de investir no turismo de natureza”, como principal foco, até pelos recursos naturais que o Brasil apresenta: 61% do seu território são florestas naturais intocadas; mais de 400 tribos indígenas, das quais 18 delas nunca entraram em contacto com a civilização; seis biomas — ecossistemas com uma diversidade biológica própria — Amazónia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa; a costa da “Amazónia Azul” com mais de 8.000 quilómetros e mais de 800 ilhas paradisíacas e a 2.ª maior barreira de corais do Mundo. “É a prova que o Brasil preserva”, defende Gilson Machado.