Enoturismo: um pretexto para conhecer as regiões vinícolas portuguesas

Dos ácidos aos aromáticos e frutados, passando por paladares mais suaves, nunca chega a sair das bocas do mundo. Mas é na tradicional época das vindimas, em setembro, que o vinho rouba todas as atenções. E é tanta a procura – desde o consumidor atraído por modas ao mais apaixonado e crítico dos enófilos -, que atrevemo-nos a afirmar que há dias em que várias centenas de pés dedicados à causa não seriam suficientes para tanta pisadela.

Douro

As regiões vinícolas portuguesas, sob o pretexto, aproveitam para promoverem as suas ofertas enoturísticas mais tentadoras, aliadas a outros recursos complementares de elevado valor, possíveis de desfrutar durante todo o ano. Foi para perceber como que a Ambitur falou com Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro de Portugal, Melchior Moreira, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, e Desidério Silva, presidente do Turismo do Algarve, que, perante uma realidade turística de evidente sucesso, mostram-se comprometidos em elevar um dos produtos mais relevantes e maduros – o vinho – a um novo patamar de excelência, com vista a enriquecer a estadia dos turistas nos territórios vinhateiros.

Um produto estratégico para o centro do país

Pedro Machado

Para o presidente do Turismo do Centro de Portugal (TCP), Pedro Machado, o vinho “é um produto com capacidade para combater a sazonalidade”, principal problema com que o turismo nacional se depara. A propósito disso, adianta ainda que 37% do total de vinha nacional está representada no centro, que integra cinco Regiões Demarcadas – Beira Interior, Bairrada, Dão, Lisboa e Tejo – e é responsável por quase metade da produção exportada.

O presidente reconhece, por isso, cada vez mais potencial turístico ao produto: “É mesmo um dos melhores pretextos para descobrir o património histórico e cultural. desta região do país”, sublinha,

Bairrada

afirmando-se comprometido “em tirar partido do seu produto com maior notoriedade e uma capacidade natural de atrair turistas e dinamizar a atividade económica local”.

Só entre 2014 e 2015, a procura por experiências enoturísticas no interior cresceu 8,1%, na Bairrada 17,9%, no Dão 8%, em Lisboa 17,2% e no Tejo 47%. O que levou o TCP a reconhecer o enoturismo como “um dos produtos estratégicos para o centro de Portugal”.

No norte, há castas virtuosas

Exemplo de tradição e contemporaneidade, são exclusivos desta região o Vinho do Porto, produzido na região demarcada e regulamentada mais antiga do mundo – o Douro -, e o Vinho Verde, com destaque

Melchior Moreira

para o Alvarinho, cuja demarcação remonta a 1908.

De acordo com Melchior Moreira, presidente do Turismo Porto e Norte de Portugal (TPNP), as quintas onde são produzidos os vinhos têm, hoje, “elevada capacidade de atração e captação de turistas”, acrescentando que estão “dotadas de meios de receção do visitante”. Podemos, por isso, assumir que “não existem épocas mais ou menos sensíveis ou adequadas à visita”, prossegue,  garantindo um compromisso permanente com os visitantes e valorização do setor vinícola.

Experiências ímpares no Algarve

Desidério Silva

Também no Algarve se reúnem grandes trunfos da produção vinícola em Portugal e as experiências estão mais dinâmicas que nunca: 24 produtores, adegas e quintas disponíveis para visita e mais de 100 rótulos de vinhos, muitos deles premiados internacionalmente.

Para Desidério Silva, presidente da Turismo do Algarve (RTA), “o enoturismo é um produto complementar com forte poder de atração turística”, capaz de tornar o Algarve num produto sustentável durante todo o ano. Às uvas de várias castas, cujos sabores se levam a provar depois de pisadas em lagares de mármore, juntam-se também passeios pelas vinhas, adegas e garrafeiras, ou provas de gastronomia regional.

*Esta reportagem foi publicada na edição 304 da Ambitur