“Era muito bom que o próximo governo fosse o governo das empresas e do crescimento económico”

A Confederação do Turismo de Portugal (CTP) promoveu hoje um encontro com o secretário-geral do Partido Socialista, António Costa, para conhecer as propostas e prioridades do PS relativamente ao turismo.

No seu discurso, Francisco Calheiros, presidente da CTP, apontou oito preocupações ao candidato às próximas eleições legislativas, e atual Primeiro Ministro, começando desde logo pela estabilidade que, para as empresas, “é um bem que não tem valor”. “É fundamental haver estabilidade, previsibilidade, saber aquilo com que podemos contar”, começou por dizer o responsável, adiantando que “era bom ter uma ideia do que o PS fará e se vamos ter uma reedição da geringonça”.

Em segundo lugar, a CTP quis conhecer o modelo económico que o PS irá adotar se fizer novo governo: “vamos ter um modelo virado para a criação de riqueza, e não para a distribuição da riqueza, antes mesmo de esta ser criada”?

Uma terceira questão que preocupa a Confederação é a reforma do Estado pois “não podemos continuar a engordar a máquina do Estado, temos que ter um Estado mais leve, mais eficiente e mais rápido”.

Francisco Calheiros abordou, em quarto lugar, a preocupação com as medidas de apoio às empresas, lembrando aqui que o setor do turismo, em 2020, registou uma quebra de 63%, sendo que este ano terá uma quebra de 44% e as previsões para 2022 apontam para – 22%, sempre em relação a 2019. O orador admitiu que, no início, o governo esteve “muito bem” nos apoios às empresas mas, ao fim de quase dois anos, estes estão “praticamente esgotados”. Por isso, exigiu saber da parte de António Costa o que esrá previsto ser feito a este nível e quando sairão do papel as medidas de capitalização das empresas. Quis ainda saber qual o montante que o PS tem reservado para o turismo no PT2030. “Recebemos o folheto do PS e não vemos muitas medidas para a economia”, acusou o presidente da CTP, que sublinhou que “era muito bom que o próximo governo fosse o governo da economia, das empresas e do crescimento económico”.

A questão fiscal e os custos de contexto são outra das preocupações demonstradas pela Confederação, que frisa que “a carga fiscal em Portugal é elevadíssima e temos custos de contexto imprevisíveis muito relevantes”.

Francisco Calheiros questionou ainda o secretário-geral do PS acerca da legislação laboral, querendo saber se o partido irá estabilizar o código de trabalho ou persistir na sua alteração. “Somos muito apologistas da valorização dos jovens e da retenção dos jovens talentos e nada disto foi discutido na concertação social”, alega.

A promoção é outra preocupação da CTP, que recorda que tendo sido os anos de 2017, 2018 e 2019 “excelentes anos de turismo”, o problema foi não mais se falar de promoção. Mas, lembrou, “os países nossos concorrentes estão a fazer grandes investimentos na promoção”.

Por fim, Francisco Calheiros trouxe uma vez mais a debate a questão do aeroporto, que qualificou como “uma vergonha”. “Este governo tinha um objetivo para atingir em 2027, que ainda o quer cumprir; sejamos realistas, se não houver novo aeroporto de Lisboa, não há qualquer hipótese de se atingirem esses objetivos”.