Estado cabo-verdiano vai apoiar Cabo Verde Airlines e adia venda de 39% da companhia

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva afirmou este domingo que a Cabo Verde Airlines (CVA) será uma das empresas “objeto de medidas de apoio à economia” e que a “alienação dos 39% que o Estado ainda detém na companhia será adiada”, noticiou a Lusa.

Em entrevista, a propósito das consequências da pandemia da Covid-19 no arquipélago, que já regista três casos confirmados e que se encontra fechado aos voos do exterior, Ulisses Correia e Silva recordou que a atividade de transportes aéreos “é das mais atingidas pela crise atual, a nível mundial”. De acordo com o primeiro-ministro, “Cabo Verde não é exceção. A CVA sofre as consequências das medidas que todos os países estão a tomar de fecho das fronteiras aéreas, incluindo as que Cabo Verde já tomou. A CVA consta obviamente do leque de empresas que serão objeto das medidas de apoio à economia”.

A companhia aérea de bandeira foi privatizada em março de 2019, com a venda de 51% do capital social a investidores islandeses, liderados pela Icelandair. Durante o ano de 2019 avançou ainda a venda de 10% a trabalhadores e emigrantes, e estava prevista a venda da restante participação a investidores institucionais.

“Quanto à participação no capital social, o Estado detém 39%. Está prevista a alienação dessa participação, mas este não é o momento de o fazer”, afirmou Ulisses Correia e Silva na entrevista à Lusa.

A CVA suspendeu temporariamente todas as atividades de transporte em 18 de março, por pelo menos 30 dias, devido à pandemia de Covid-19. Alguns destinos da companhia aérea foram vedados, preventivamente, por decisões dos respetivos países como forma de contenção da pandemia. Além disso, por decisão do Governo cabo-verdiano, e pelo menos até 09 de abril, estão proibidas as ligações aéreas oriundas de 26 países, incluindo Portugal e Brasil, deixando a transportadora sem atividade.

Na mesma entrevista, o primeiro-ministro garantiu que apesar da proibição de voos comerciais, para desembarque de passageiros nos aeroportos nacionais, os voos de repatriamento “são autorizados e estão a ser feitos”. Segundo o responsável, “é do interesse mútuo, dos estrangeiros que querem regressar aos seus países e de Cabo Verde que precisa de um menor número possível de população flutuante para melhor controlar a propagação da covid-19”.

De acordo com fontes diplomáticas, entre as ilhas do Sal e de Santiago (Praia) estão mais de 200 turistas portugueses a aguardar repatriamento, operação que deverá acontecer na terça-feira, com voos garantidos pela companhia aérea TAP.

A pandemia da covid-19 já provocou 12.895 mortos e 300.097 pessoas estão infetadas em 169 países e territórios. Em Cabo Verde estão confirmados três casos de Covid-19, todos turistas estrangeiros e apenas na ilha da Boa Vista, que está de quarentena. Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.