Com o país ainda em Estado de Emergência devido à pandemia da Covid-19, a Ambitur.pt tem vindo a falar com os empresários do setor para que nos falem do que mais os preocupa no atual momento e de como têm estado a viver esta situação.
Vítor Neto, empresário e ex-secretário de Estado do Turismo, admite que perante todas as incertezas sobra e evolução desta crise, “não só não existem certezas como temos de estar conscientes da necessidade de nos prepararmos para enfrentar diferentes cenários – certamente todos difíceis”. Sublinhando que “não podemos ir a reboque de ilusões correndo o risco de ser surpreendidos por situações dramáticas”, o gestor alerta para que “não podemos ignorar os riscos das atuais incertezas: a primeira, e mais importante, é sem dúvida a data do levantamento, não só do estado de emergência, mas sobretudo da declaração da contenção da epidemia”. Além disso, é ainda “imprescindível a decisão dos potenciais turistas (nacionais e estrangeiros) de nos escolherem como destino – que não está garantida”, e Vítor Neto acrescenta a rápida reativação do transporte aéreo, no caso dos estrangeiros. “Do nosso lado, do lado da oferta, é mais fácil repor a normalidade”, conclui.
Para o empresário, apesar de todos terem sido surpreendidos por esta situação, a estratégia de resposta está agora definida, e “o Governo tem nas suas mãos os elementos para tornar eficaz a ação”. Além de consolidar uma “estratégia realista”, o Governo não deve “alimentar falsas expectativas, porque a situação em termos económicos e sociais pode tornar-se muito difícil de gerir”. Mas relembra que também compete a empresários e associações contribuirem para uma ação que corresponda às necessidades da economia e do emprego.
“As medidas já apresentadas para as empresas no plano da ajuda financeira, de apoio ao emprego e de alívio dos encargos sociais, ainda que insuficientes e lentas, são positivas e têm vindo a ser melhoradas graças ao contributo das nossas associações empresariais”, reforça Vítor Neto.
Para o ex-secretário de Estado do Turismo, o maior problema das empresas, além da paragem da sua atividade, é a sua situação financeira, pelo que afirma não ser “suficiente a abertura de linhas de crédito que acabam por trazer consigo mais endividamento e encargos”. E vai mais longe: “É necessário mais rapidez e reforçar a liquidez das empresas, o que exige medidas mais audazes e que já existem noutros países. Medidas que permitiriam manter a produção e o emprego, e garantir o consumo”.