Estado de Emergência: “O tempo é de salvar as empresas, essa responsabilidade é de todos”

Com o país em Estado de Emergência, a Ambitur.pt está a ouvir os empresários turísticos para que partilhem connosco as necessidades reais que a atividade turística tem, que medidas esperam atualmente do Governo e o que estão dispostos a fazer de modo a contribuir para minimizar, neste momento, os impactos diretos da COVID-19.

Bernardo Trindade, administrador do Grupo PortoBay, reconhece que apesar de ainda nãos e saber ao certo a dimensão e duração da atual crise, há já factos inegáveis: “o setor da aviação e o setor do turismo, por arrastamento, são os setores cuja recuperação será mais lenta”. Porquê? O gestor explica: “porque há medo de voar, porque há falta de rendimento para uma opção de lazer”. E avisa: “Essa confiança levará tempo a reconstruir”. E quanto ao mercado interno, o gestor recorda: “que mercado interno é esse? O das pessoas que tiveram um corte brutal nos salários? O das pessoas que foram despedidas? Ou mesmo aquelas que foram para lay-off”?

Os privados devem, neste momento, segundo o empresário, mobilizar todos os colaboradores para a situação que se vive, falando a verdade e mantendo todos informados quanto à situação real das empresas. “O tempo é de salvar as empresas, essa responsabilidade é de todos”, sublinha Bernardo Trindade que adianta também que “uma empresa que sempre honrou os seus compromissos, que sempre envolveu os seus colaboradores nos momentos bons e menos bons, tem maior probabilidade de ser bem sucedida”. É no fundo, diz, uma aproximação entre a preocupação com a saúde das pessoas e a saúde das empresas.

Quanto ao Governo, e uma vez que as empresas estão impedidas de criar receita, deve “ajudá-las a honrar os seus compromissos junto da força de trabalho”. O administrador do Grupo PortoBay reconhece que o lay-off simplificado veio ajudar mas que agora é importante “que a operacionalização desta medida seja simplificada”. Aponta como positivos o facto da Segurança Social aceitar “como boa a informação das empresas” bem como a definição de um timing – 28 de abril – para a transferência dos apoios.

Ao Estado caberá ainda apoiar em tudo o que se relacione com o financiamento da atividade do dia-a-dia das empresas, quer através de linhas de crédito de suporte à tesouraria com garantia mútua, ou de moratórias no cumprimento do serviço da dívida. Bernardo Trindade considera também importante “legislar no sentido de envolver senhorios e inquilinos numa solução de diferimento do pagamento das rendas, seja qual for a atividade”.

O gestor mostra-se preocupado com “a capacidade do Estado manter estes apoios” pois sabe que “os recursos públicos não são ilimitados”. E adianta: “Há de haver um tempo em que mesmo as empresas mais sólidas terão de compatibilizar pouca receita com um custo elevado. Esperemos que esse tempo seja curto, agora que ele existirá, parece-me certo”.