“Estamos muito colados à ideia de um destino low cost e isso é preocupante”

Os dados do Tourism Monitor, revelados pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), revelaram um primeiro semestre feliz para a hotelaria nacional. De Janeiro a Junho deste ano, a taxa de ocupação por quarto cresceu 2,95 p.p. para os 56,7%, o RevPar fixou-se nos 35,82 euros, subindo 7,37%, enquanto o TrevPar aumentou 8,05% para os 54,39 euros.

 

Em entrevista ao Ambitur.pt, Cristina Siza Vieira, afirmou que “todos os indicadores revelam crescimento e, portanto, é evidente que estimamos que vá ser um ano muito interessante para a hotelaria nacional e para todo o turismo”. No entanto, e apesar da tendência de crescimento,a responsável considera que há “algumas preocupações. O RevPar é uma das delas. Ter um preço médio de 35 /36 euros em Portugal é realmente muito baixo e reveste uma grande preocupação. É evidente que a hotelaria nacional fixa os preços na razão da procura e na razão da pressão que tem e, portanto, nós estamos muito colados à ideia de um destino low cost e de facto isso é preocupante”, afirmou Cristina Siza Vieira, lembrando que temos o preço médio mais baixo de toda a Europa Ocidental, ainda que &tenhamos os mesmos custos de operação.

 

Para a responsável, a crescente oferta de alojamentos para turistas e a relação com os operadores online são outros dois pontos para que o sector tem também de olhar.

 

Os últimos dados do INE e do Turismo de Portugal, indicam que, em 2013,o primeiro nível de empreendimentos turísticos são os hotéis e os hotéis-apartamento, mas em segundo lugar estão a categoria outros, onde se inserem o alojamento local e, imagino, alguns parques de campismo. Isto é realmente revelador do que está a crescer em termos de outro tipo de oferta, frisou a responsável, asseverando que há que perceber o que se está a passar em termos de oferta porque embora a lei obrigue, relativamente ao alojamento local, que as câmaras disponibilizem os dados e o alojamento local que têm ao Turismo de Portugal e haja um registo centralizado& de toda a oferta, isso não está a acontecer, nós não temos transparência nos números, não sabemos exactamente quanto é que existe de alojamento local&.

 

Já no que diz respeito aos operadores online, Cristina Siza Vieira afirma que é necessário que cada grupo hoteleiro tenha um sistema de reservas mais autónomo, mais independente, não estar tão preso à distribuição que é feita por estas vias.

A presidente da direcção executiva conclui, afirmando que deve ainda &haver uma promoção combinada dos destinos turísticos que ajude realmente, não apenas a hotelaria a puxar pela carroça, mas também a promoção no conjunto de Portugal que ,neste momento, ganha os prémios todos, é tido como um destino de excelência, etc, ajudar a que, efectivamente, sejamos vistos como um destino medial rank, não podemos ser um destino low cost, um destino low cost é mau.