“Estamos todos muito empenhados em fazer do turismo um novo e melhor motor para a economia”

A secretária de Estado do Turismo esteve ontem em Coimbra, na conferência ‘Retomar o Crescimento’, organizada pela Confederação do Turismo de Portugal, onde pôde fazer um balanço do plano Reativar o Turismo, apresentado em maio deste ano. Rita Marques fez questão de frisar que “o setor do turismo pode e deve assumir novamente uma posição importante enquanto motor da nossa economia”, e que foi esta convicção que levou à definição de um plano “ambicioso”, que representa um esforço de seis mil milhões de euros, para a retoma da atividade turística.

E, diz-nos a governante, o plano tem vindo a ser executado, sendo que das 52 medidas previstas, 42 estão já em execução, e algumas mesmo já concluídas. O objetivo é claro: “reconquistar o crescimento” tendo sido definido como meta chegar a 2027 com 27 mil milhões de euros de receita turística, originalmente uma meta traçada na ET 2027.

Desenvolvido em quatro grandes eixos, três mil milhões de euros do valor total estimado estão alocados ao primeiro destes eixos, que diz respeito a apoiar as empresas no que diz respeito à liquidez, através de instrumentos que foram sendo operacionalizados, mas também ao investimento, de modo a garantir a retoma. Inserem-se aqui várias linhas de crédito com garantia e a principal preocupação é o reescalonamento da dívida pré-Covid e a gestão do crédito sob moratória. “Com a criação da medida Retomar entendemos que estão criadas as melhores condições para que se necessário as empresas possam reescalonar os respetivos serviços de dívida junto da banca”, explicou Rita Marques, acrescentando porém que este exercício deve ser bem assessorado. Assim, foi criada uma equipa técnica especializada no Turismo de Portugal para poder prestar apoio às empresas no âmbito de programas específicos, particularmente as micro, pequenas e médias empresas, “para poderem melhor dialogar com a banca; pareceu-nos fundamental para poderem ter êxito na negociação do crédito sob moratória”.

A secretária de Estado do Turismo chama ainda a atenção para a criação do Fundo de Capitalização e Resiliência, a 28 de julho, com o objetivo de aportar apoio público temporário para resolver a solvência das sociedades comerciais. E avançou que, no último trimestre deste ano, este fundo estará em condições de ser operacionalizado, garantindo que as empresas possam, no início de 2022, ter o seu capital social reforçado. Também na dimensão de dar maior apoio às empresas, tem havido, de “forma contínua”, um reforço da linha de apoio à tesouraria de micro e pequenas empresas, já disponível desde abril. A responsável disse igualmente que, na semana passada, ficou operacional uma outra linha de apoio também para micro e pequenas empresas, gerida pelo próprio IAPMEI, e que também é aplicável às empresas do setor turístico.

Num segundo eixo, mais relacionado com questões de natureza sanitária, o Plano Reativar o Turismo criou um conjunto de atividades com vista a instigar a confiança do consumidor, do turista, do residente, “de modo a garantirmos uma retoma do crescimento mais exequível”, esclareceu a oradora. Foi assim lançada a versão 2.0 do Selo Clean & Safe e, até à data, há 23 mil aderentes. Por outro lado, Rita Marques avançou que o Governo está pronto para lançar uma campanha, a nível nacional e internacional, que estimule a adoção de comportamentos seguros. “É importante alavancar a nossa competitividade neste fator competitivo”, defendeu. E adiantou que a parte da promoção internacional do destino tem vindo a ser “muitíssimo” trabalhada. Até agora, houve um investimento de cerca de 20 milhões de euros já executado, por parte do Turismo de Portugal, e “temos a estimativa de, até ao final do ano, podermos reforçar com mais 15 milhões de euros no que toca a todas as atividades que consubstanciam a nossa estratégia para promoção nacional e internacional do destino”. No âmbito das atividades, está incluída a retoma da presença nas feiras, esclareceu.

Importante é também, frisou a governante, dar especial atenção à reposição e captação da capacidade aérea, e garantiu que “tem sido feito um investimento importante a nível de partilha de risco com os parceiros que trabalham este setor”. Além de várias rotas novas, a oradora afirmou que tem havido um trabalho a dois níveis: na reposição de rotas e numa taxa de ocupação que garanta modelos de negócio sustentáveis. “Temos um investimento feito, até ao momento, de cerca de 2,5 milhões de euros só nesta componente, sendo certo que estamos com expectativa de, até ao final do ano, podermos atingir cerca de 60% da reposição da capacidade aérea face aos valores de 2019”, referiu.

Por fim, no que toca ao eixo de construir o futuro, Rita Marques informou a plateia que está prestes a ser lançada a Empresas 360º, que pretende trabalhar com os operadores económicos em toda a cadeia de valor do turismo para implementação de uma política ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governação). Estão ainda em curso várias iniciativas, como o recente reforço da linha de apoio à qualificação da oferta, partilhada entre o Turismo de Portugal e a banca, “um apoio adicional ao investimento”. Desde que esta linha foi aberta, conta com 200 operações propostas, em análise, das quais 52 (cerca de 25%) estão já aprovadas pela banca, representando 62 milhões de euros de investimento, com 20 milhões de euros de financiamento. “Parece importante que continuemos a apoiar a tesouraria, a liquidez das empresas, mas também esta perspetiva de futuro, reconquistando o crescimento”, sublinhou a secretária de Estado do Turismo.

Portanto, resumiu Rita Marques, “temos um plano que está em execução, que tem alguns condicionalismos porque sabemos que não valerá a pena trabalharmos algumas medidas programáticas enquanto não tivermos do lado da segurança sanitária as condições necessárias para podermos reconquistar o crescimento”. Com a situação sanitária mais controlada e alguma abertura dos mercados internacionais, isso permite “ter confiança no futuro”. E frisou que “estamos todos muito empenhados, parte pública, em fazer o turismo um novo e melhor motor para a economia”, continuando a trabalhar na agenda existente.