Eu sou agente de viagens… Luísa Soares

A Ambitur.pt continua a dar seguimento à rubrica “Eu sou agente de viagens”. Conheça melhor Luísa Soares, fundadora da Léguas e Cardeais.

Como se caracteriza?

Considero-me uma pessoa bem-disposta e ponderada nas decisões, pragmática e com objetivos definidos. Sou irredutível, explosiva e muito orgulhosa, incapaz de desistir. Apaixonada pela vida, pelos meus filhos e pelas viagens. Confio nas pessoas e não sei lidar com deceções. Sou uma pessoa realizada e grata por tudo o que a vida me tem proporcionado.

Qual o destino que mais a marcou pela positiva, porquê?

O destino que mais me marcou foi Cabo Verde, foi a minha primeira viagem quando comecei a trabalhar. Como nunca tinha saído da Europa, o meu patrão na altura quis que eu fosse em fam trip para ter uma noção real do mundo em que estava a entrar. Não tinha o menor interesse no país e achava que não ia gostar. Fui para o Sal e Boavista e em fam conseguimos sempre ver o destino de outra forma e mais aprofundado. No fim, vim encantada. As praias fantásticas, a gastronomia, a simplicidade e beleza de um povo e, claro, a “morabeza”, os cabo verdeanos recebem os turistas como ninguém. Já voltei algumas vezes de férias e não canso de lá voltar.

Também adorei Cuba (em 2015 ) com de todas as limitações, acho que foi a viagem que mais me marcou. Apesar de ter ficado em Varadero, Havana foi visita obrigatória. É uma realidade completamente diferente, um país incrível parado num tempo que desconhecemos, cidades lindíssimas e uma cultura fora do que estamos habituados. Em Cuba tudo tem história, tudo tem encanto.

A Turquia também me fascinou, já ia com uma expectativa elevada mas superou, fiquei encantada tanto com algumas cidades como com as praias em Antalya e sobretudo com Pamukkale.

Todos os destinos me marcaram pela positiva, há alguns com os quais não me identifico mas consigo sempre perceber as diferenças e o encanto das mesmas.

Qual o destino que mais a margou pela negativa, porquê?

Cuba, sem dúvida. Apesar de ser um dos meus destinos de eleição, estava em Cuba em setembro de 2017 quando foi atingida pelo furacão Irma. Foram momentos muitos complicados em que senti medo pela minha vida e pela da minha filha que, na altura com 4 anos, não tinha a noção do que se passava à volta dela. Vi um paraíso a ficar destruído, cidades a desaparecerem e ao mesmo tempo deparei-me com um povo que colocava a vida dos turistas acima da deles, que fez de tudo para que nada nos faltasse e para que não sentíssemos o pânico nem tivéssemos a perceção da gravidade do que estava a acontecer. Vim de Cuba devastada, com uma mistura de sentimentos que até hoje não consigo explicar mas vim ainda mais apaixonada por aquele país e com a certeza que voltarei.

Qual o destino que mais desejava conhecer, porquê?

Todos os que ainda não conheço. Talvez algo em Ásia, que ainda não tive oportunidade de me direcionar.

São Tomé também é um dos destinos que tenho muita curiosidade e pretendo conhecer em breve, uma viagem que tenho vindo a adiar.

Mas o mundo ainda tem tanto para me mostrar que não consigo definir destinos.

Qual o destino que não se cansa de ir, porquê?

Caraíbas. Acho que sou caribe-dependente. Adoro as praias, o sol, o mar, o ritmo caribenho o “dolce far niente”… Neste momento, com todo o stress diário, preciso de uma semana de férias por ano em que não tenha que fazer nada, apenas descansar e aproveitar sol e praia com a família e as Caraíbas é o que melhor se adequa. Em 2022 foi a minha maior aventura na República Dominicana, foi a primeira longa viagem com os meus três filhos e tornei-me no pior pesadelo de um agente de viagens, aquele cliente chato que quer saber todos os detalhes dos hotéis, da alimentação, dos quartos… fui o mais exigente que podia na organização da viagem. Quando lá cheguei percebi que compliquei desnecessariamente, Caraíbas é sinónimo de tranquilidade, tem tudo para correr bem e as crianças adaptam-se melhor do que nós.

Qual o seu próximo destino, o que espera ver?

Neste momento apenas tenho uma escapadinha para Ibiza programada. Sei que vou percorrer a ilha de ponta a ponta, ver hotéis e localizações (hábitos da profissão), visitar o centro histórico, ver praias de águas cristalinas… O objetivo é mesmo ter uma melhor noção de um destino aqui tão próximo, com tanta procura e que ainda não conheço.

Tenciono fazer algumas viagens pequenas, quero apostar mais em Espanha que tenho descurado nos últimos anos, Itália também, mas ainda está tudo muito superficial.

As viagens maiores não tenho nada em mente para este ano, surgirão certamente mas ainda não delineei nada.

Que lembrança nunca se esquece de trazer?

Muitas fotos, fotografo tudo e tento registar todos os momentos que posteriormente passam para um book. Atualmente apenas compro os ímanes, algo para expor na agência e tento trazer um brinquedo típico para os meus pequenos. Nas primeiras viagens trazia muita coisa, mas já estava a ficar sem espaço então agora reduzi.

Quais as tendências de destinos que pressente por parte dos clientes para este ano?

Temos sempre uma elevada procura para Caraíbas, Cabo Verde, Tunísia e ilhas espanholas. Notamos uma maior procura por cruzeiros, tal como algum interesse por Sardenha e Albânia. Mas julgo que no final manteremos os destinos habituais.

O que é ser agente de viagens?

É uma espécie rara e teimosa, que dizem ter os dias contados mas insiste em ficar cá para provar o contrário.

Quando comecei a trabalhar incutiam-nos o nome “consultor de viagens” por darmos aconselhamento e não fazermos apenas vendas. Neste momento temos o mercado lotado de “consultores” e com pouco agentes de viagens. Aqueles que conhecem os destinos, que conseguem explicar tudo o que o cliente quer saber, conseguem ajudar na realização da viagem mais complicada e tão desejada, que sabem perceber o destino adequado ao cliente sem ele o indicar, aqueles que além de vender sabem o necessário para cada viagem e resolver qualquer contratempo. Ser agente de viagens é ficar feliz quando o cliente nos liga entusiasmado a contar como correu a viagem.

Ser agente de viagens é isto e muito mais, é perceber que o cliente com todas as dúvidas e indecisões está a confiar em nós e a confiança é a base do nosso serviço.

Onde fica a sua agência de viagens? Quer contar um pouco da sua história?

A Léguas e Cardeais fica em Felgueiras e abriu portas dia 1 de março de 2014. Em novembro de 2013, quando terminei a licença de maternidade da minha filha mais velha, deparei-me com o desemprego, e por teimosia de imediato surgiu a ideia de abrir a minha própria agência.

Como a minha formação académica é em turismo – ciências empresariais, já tinha passado por uma agência de um grande grupo onde tive bastante formação especifica e já tinha trabalhado em duas agências independentes com pessoas mais velhas e com muitos anos de turismo, pessoas com quem aprendi muito e por quem tenho enorme respeito e carinho, com as quais sabia que podia contar, achei que era a altura de arriscar.

Comecei por encontrar a localização ideal, mesmo no centro de Felgueiras, e em pouco mais de dois meses tinha a loja aberta. Na altura havia apenas seis agências em Felgueiras e eu era “uma miúda”, tive que trabalhar bastante para conquistar o meu espaço no mercado.

Estive um ano a trabalhar sozinha, em 2014 contratei uma pessoa que está comigo desde então e em 2022 contratei o terceiro elemento da equipa, com a possibilidade de colocar mais alguém este ano.

Tem sido um percurso atribulado, com uma pandemia pelo meio, mas estamos em constante aprendizagem e de todos os obstáculos tiramos uma lição e durante a pandemia conseguimos ganhar ainda mais a confiança dos clientes.

Atualmente é uma das agências mais antigas em Felgueiras, fecharam algumas e abriram outras , mas a Léguas e Cardeais continua cá, sempre no mesmo sitio, com a mesma equipa, cada vez mais sólida e sempre a trabalhar para ser melhor.

Sinto muito orgulho na minha agência e nas “minhas meninas”, sobretudo porque os clientes percebem que fazemos questão de dar o melhor atendimento e acompanhamento em todas as fases da viagem.