EuroAtlantic: “O setor não é só a TAP e os apoios têm de ser transversais”

O CEO da euroAtlantic Airways, Eugénio Fernandes, foi um dos oradores convidados a refletir sobre se “Haverá retoma sem transporte aéreo“, desafiado pela BDC – Empower to Lead e pelo Jornal Económico. O responsável focou a sua intervenção na importância do Governo português olhar de forma “transversal” para o setor da aviação e de atribuir os apoios de forma “justa”. 

A uma maior escala do que a Ryanair e a TAP, a euroAtlantic “já esteve em 157 países, aterrou em mais de 700 aeroportos e tem uma cobertura de voo de mais de 83% do globo”, informa o CEO. Além disso, “sempre deu resultados positivos e balanços equilibrados”, assegura, dando provas de que “é um exemplo de como bem gerir uma companhia de aviação” em seu entender.

Todavia, “no nosso presente as dificuldades são muitas” admite Eugénio Fernandes, e “claro que para olharmos para o futuro, enquanto setor e euroAtlantic, temos de tomar medidas”, entre as quais a redução de frota – que “pode trazer alguns custos assumidos de recuperação” porque são “negociações bastante duras” – assim como de “investimentos não prioritários” e a “procura de apoios”, enumera. “É o que podemos fazer no presente” conclui.

“A distribuição de apoios deve ser justa”

Já para “olharmos com uma perspetiva positiva para o futuro” e “mantermos a nossa proficiência” para o momento da retoma, o CEO da euroAtlantic considera “importante que, de facto, o nosso Governo olhe transversalmente para o setor e não apenas para as empresas de que é acionista” até porque “o nosso setor não é só a TAP”. A distribuição de apoios deve ser “justa” mediante a dimensão das empresas mas “proporcionalmente todos nós temos que ser apoiados”, defende.

A recuperação económica “depende muito do setor aéreo”, argumenta, mas para chegarmos a ela “tem naturalmente de haver muito trabalho, só inteligência não chega, e os apoios têm de ser transversais”. Eugénio Fernandes adianta que mesmo a Europa “tem por base a iniciativa privada” e, por isso, “não podemos só apoiar as empresas de iniciativa pública”. “A tal bazuca de que se fala não pode ser só para determinadas empresas e setores”, acrescenta.

Finalmente, acredita na recuperação “desde que haja cooperação entre todos”, nomeadamente em Portugal visto que “a nossa dimensão já é pequena e se estivermos separados ainda mais pequenos somos”. Volta a frisar que “é muito importante que o Estado traga à mesa todos os players do setor”.