Eurofirms: Natal impulsiona o turismo no Centro do país

O Natal e a passagem de ano representam um dos momentos de maior exigência operacional para as empresas, não apenas pela concentração do consumo (no comércio físico e online), logística e serviços, mas também pela intensificação da atividade turística. A quadra festiva de 2024 trouxe uma redistribuição clara da contratação temporária em Portugal. Segundo uma análise da Eurofirms – People First, baseada em dados internos e indicadores de mercado, o reforço de equipas para o setor hoteleiro intensificou-se sobretudo no interior do país, ao mesmo tempo que o consumo aumentou 15% e o comércio digital consolidou o seu peso nas compras na quadra festiva.

Interior com os maiores aumentos na contratação temporária na hotelaria

Dados internos da Eurofirms mostram que o Centro do país foi a região com o aumento mais expressivo na contratação de trabalhadores temporários para a hotelaria, crescendo 2100% na quadra festiva de 2024 face ao período homólogo de 2023. Já o Norte e o Alentejo apresentaram igualmente subidas relevantes, de 150% e 124%, respetivamente. Por sua vez, Lisboa continua a concentrar o maior volume relativo de profissionais temporários, mas a evolução registada no interior evidencia uma distribuição mais diversificada da procura.

No total, o número de trabalhadores temporários ativos no setor hoteleiro entre 1 de dezembro de 2024 e 1 de janeiro de 2025 registou um aumento de cerca de 5% face ao período homólogo do ano anterior. Este crescimento global moderado, combinado com aumentos muito significativos em regiões emergentes, confirma que a transformação em curso é sobretudo de redistribuição territorial da procura.

Consumo sobe 15%, mas previsões para 2025 apontam para estabilização

Entre 2023 e 2024, o consumo registou um aumento de aproximadamente 15% entre 1 e 24 de dezembro, impulsionado sobretudo pela compra de presentes e produtos e bens alimentares destinados às tradicionais refeições em família. Apesar deste crescimento, as previsões para 2025 indicam uma estabilização dos valores, influenciada pela persistência da inflação e por um ambiente económico mais prudente.

O aumento do consumo refletiu-se também nos hábitos de compra. O comércio digital consolidou-se como um dos principais canais de aquisição, representando 21% das transações de dezembro de 2024, suportado por um crescimento nos pagamentos digitais. Por sua vez, o MB Way reforçou a sua posição como principal meio de pagamento instantâneo, com um aumento de 40% entre 2023 e 2024. Esta evolução reflete a transição do consumo para o online e ajuda a explicar a alteração das necessidades de contratação ao longo da quadra festiva.

Neste contexto, entre novembro e dezembro de 2024, verificou-se uma ligeira quebra na procura por funções de atendimento presencial. Em contrapartida, as funções ligadas às vendas digitais, apoio online ao cliente e gestão de plataformas mantiveram níveis elevados de procura, alimentadas pelo prolongamento da Black Friday e pelo aumento da atividade no comércio eletrónico durante este período festivo.

Funções mais procuradas durante a quadra festiva

Na hotelaria e restauração, destacaram-se funções como cozinheiros, copeiros, empregados de mesa e de andares. No comércio e na logística, manteve-se a procura por funções operacionais de apoio ao cliente, comércio por grosso e retalho, logística e distribuição, refletindo a necessidade de responder a um volume excecional de transações, entregas e interações com consumidores. Paralelamente, o crescimento das compras online reforçou a necessidade de perfis ligados ao suporte digital e à gestão de plataformas, garantindo a integração entre canais e a fluidez das operações. Nos perfis qualificados, dados internos da Eurofirms indicam um aumento de 21% na procura por profissionais de Tecnologias de Informação e de 4% na área de marketing e comunicação, entre novembro e dezembro de 2024.

Nas funções analisadas, Lisboa representa entre 30% e 52% da procura total de trabalhadores temporários acompanhada pela Eurofirms, seguida do Porto, com valores entre 13% e 17%. Braga surge como terceiro polo urbano, aproximando-se dos 5%.