Eurostars Gran Hotel La Toja – Um pioneiro do turismo na Europa

Nas Rias Baixas, na Galiza, há uma pequena ilha, a que se chega cruzando uma pitoresca ponte branca, e aí há um hotel centenário. O Eurostars Gran Hotel La Toja foi um pioneiro do turismo na Europa, alojou reis e ministros e guarda segredos nunca revelados. As águas termais que ali brotam continuam a atrair muita gente, ano após ano. Tal como o marisco da região, celebrado no fim deste mês na Festa da Exaltação do Marisco. Precisa de mais razões?

Em 1907, quando se inaugurou o Gran Hotel La Toja, formavam-se na Europa as alianças para a Primeira Guerra; na Finlândia, chegavam ao parlamento, as primeiras mulheres deputadas; em Portugal, eclodia em Coimbra uma greve académica que assumiu proporções nacionais; e, em Espanha, Francisco Franco, o homem que governaria o país em ditadura até 1975, ingressava na Academia de Infantaria.

A localização do Grand Hotel La Toja, bem de frente para o mar, na pequena ilha de La Toja (ou La Toxa, já que estamos na Galiza), em O Grove, na província de Pontevedra, não se deveu apenas às belas vistas que se alcançam a partir dele. Desde o início que a ideia foi tirar proveito das águas ricas em sódio, cálcio e magnésio, que brotam em mananciais ali mesmo, e no mar, na ria de Arousa.

A primeira sociedade criada para explorar o que ficou conhecido como o Balneário da Ilha da La Toja surgiu em 1841. Em 1899, um terrível incêndio destruiu por completo os barracões de madeira onde funcionava o balneário. Em 1903, decide-se passar para um modelo mais empresarial e é criada a Sociedade Anónima da La Toja. A fábrica de sabões, criada para oferecer aos visitantes algum tipo de “recuerdo”, nasceu em 1905. Hoje, há uma loja-museu onde os visitantes podem adquirir produtos de higiene e ficar a conhecer a história do balneário. Embora os sais minerais continuem a ser recolhidos ali, há muito que o fabrico foi transferido para outros locais, nomeadamente os países do Leste da Europa.

Quando nasce, o Grand Hotel la Toja vem ocupar um lugar de destaque em várias frentes: foi o primeiro hotel de 5 estrelas em Espanha, foi um dos primeiros resorts da Europa e um verdadeiro pioneiro do turismo do século XX. O primeiro campo de golfe da Galiza nasceu aqui (um piscar de olhos à clientela inglesa) e aqui abriu também o primeiro casino de Espanha, já depois da morte de Franco.

Ao longo de mais de um século, o hotel de cinco estrelas, hoje gerido pela cadeia Eurostars, que alojou reis e ministros e personalidades como Gabriel Garcia Marques ou Ortega Y Gasset, também sofreu muitas alterações e foi acompanhando o curso da história. Pouco depois de abrir, eclodiu a 1ª Guerra e o mundo parou. Tentou-se retomar nos anos 20 mas o crash da Bolsa de Nova Iorque voltou a deitar por terra os planos.

Foi depois adquirido por um banqueiro que, de 70 passou para mais de 200 quartos e adotou as linhas retas da arquitetura racionalista, alterando a estrutura original do edifício. Em 1945 o hotel voltou a sofrer uma reforma, em que desapareceram os frescos pintados que decoravam o salão de refeições e, dois anos depois, o vitral do teto perdeu-se num incêndio, permanecendo contudo as colunas da estrutura original, oriundas de uma fundição de Pontevedra.

Deambular hoje pelos salões e corredores do Gran Hotel La Toja é visitar o que foi o seu passado. A imponente escada em ferro forjado de frente para a antiga entrada do hotel (que hoje dá para os jardins) continua a impressionar tal como terá aos primeiros hóspedes. O Bar Inglês mantem o ar sóbrio de – imaginamos – há muitos anos. Já não nos podemos banhar em mármore da Carrara, mas há ainda um belo exemplar (uma banheira, claro está) a dar as boas-vindas a quem se adentra no Balneário.

Os 198 quartos do Eurostars Gran Hotel La Toja 5*, entre eles 17 suites com vistas ao mar, três suites presidenciais e uma suite real, tornam-no num dos hotéis com maior capacidade de alojamento de toda a Galiza. Dizem-nos que, historicamente, o hotel sempre teve muito público português, o que se explica pela proximidade. Os portugueses procuram La Toja durante o verão mas também para o fim de ano.

O Gran Hotel La Toja abre geralmente antes da Semana Santa e funciona durante todo o verão, até outubro, altura em que a Festa da Exaltação do Marisco de O Grove volta a chamar muita gente.

Este ano, o festival da gastronomia galega acontece de 29 de setembro a 12 de outubro, com mariscos e peixes a preços populares, preparados e servidos pelos habitantes locais. Todos os anos milhares de pessoas visitam O Grove durante estes dias.

A avaliar pela degustação no Restaurante Terraza Vista Mar, percebe-se facilmente porquê. Pulpo à Galega , Zanbiriña, Navalheiras, foram alguns dos produtos locais que saíram da cozinha do Chef Enrique Martinez. “É fácil cozinhar aqui porque o produto é muito bom e muito fresco. Só temos que cuidar um pouco a apresentação”.

O Que Fazer

O Balneário e Club Termal do Eurostars Gran Hotel La Toja
A água foi, afinal, o que deu fama e projeção à pequena ilha galega. É, portanto, justo que se desfrute de uma experiência relaxante e renovadora no circuito termal do Eurostars e aproveite os tratamentos, indicados para cuidar de problemas da pele, reumatológicos, musculares e respiratórios. O stress e a insónia também podem ser combatidos com estas águas medicinais. O Club Termal dispõe de jacuzzi, banho turco, sauna finlandesa, fonte de gelo, e outros duches baseados em técnicas de talassoterapia.

A Rota dos Mexilhões
Que a Galiza é sinónimo de mexilhões, já sabemos. Que o marisco é de chorar por mais, também. Para ficar a conhecer todo o processo de funcionamento dos viveiros de mexilhão, ostras e vieiras, pode embarcar num minicruzeiro, onde lhe explicam tudo. Com a entrada no catamarã, temos também mexilhão e vinho albariño que se não é à descrição, é quase. O passeio pela Ria de Arousa tem pouco mais de uma hora e é o suficiente para desfrutar da paisagem e deixar o barco muito bem disposto. E ficar a saber que daqui saem 300 mil toneladas de mexilhão por ano.

A Capela das Conchas
A pequena ermida de San Caralampio é mais conhecida por Capela das Conchas e, ao que parece, é a única no mundo inteiramente coberta por conchas de vieira (aquela mesmo, que é o símbolo do Caminho de Santiago). Quando foi construída, em 1909, era uma capela normal, igual às outras. Foi um problema de humidade que fez com que se começasse a cobrir as paredes com as conchas de vieira, até que foi totalmente coberta. Hoje as conchas estão rabiscadas pelas mensagens dos visitantes, apesar dos pedidos afixados para que não o façam. No exterior há vendedoras de colares, feitos com as conchas que existem aos milhares nos areais de O Grove.

A Adega Paco & Lola
Há já algum tempo que alguns produtores de vinho procuram cultivar uma imagem mais moderna para alcançar um público mais jovem e sofisticado. A Adega Paco & Lola, em Meaño, Pontevedra, criada em 2005, tem encarado essa ideia com determinação. Basta olhar para os rótulos às bolinhas. O próprio nome da marca deriva de um estudo de mercado que concluiu que Paco e Lola são os nomes espanhóis mais reconhecidos. A Adega é formada por 442 associados, explora cerca de 266 hectares de vinha, divididos por 2000 parcelas, algumas muito perto do mar. Daí saem alvarinhos muito minerais, florais e com acentuado carácter marinho. A modernidade não ficou na marca e estende-se à vinha, onde existem instalados dispositivos eletrónicos que indicam quando existe necessidade de proteger a vinha. Cerca de 60 a 70% da produção vai para exportação e o vinho Paco & Lola já chega a cerca de 50 países. A visita à adega custa €10 com prova, só a prova fica por €5. Convém marcar.