“The Future of Tourism” foi o tema em reflexão por diversos especialistas do setor que deixaram os seus contributos sobre a retoma turística e aérea, no webinar promovido pela Católica Lisbon School of Business & Economics.
Durante o período de confinamento, a atividade aérea foi reduzida aos voos domésticos, com uma redução de 70% de voos internacionais face ao encerramento de fronteiras e aos receio dos viajantes. A Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA) prevê que a aviação vai crescer em 2021 mas sem, no entanto, registar o volume de passageiros de 2019. Só entre 2022 e 2023 é que se espera recuperar os níveis de 2019.
Lígia da Fonseca, acting country manager da IATA em Portugal, revela que 45% dos viajantes admite voar nos próximos dois meses e que 36% pretende esperar mais de seis meses para voltar a fazê-lo. Ao longo de um ano, 95% das pessoas de todo o mundo vão voltar a viajar. Todavia, os viajantes estão a reservar os seus voos muito mais tarde – apenas entre 0 a três dias antes – e efetivamente serão “os viajantes de lazer os primeiros a regressar” pois os negócios têm sido feitos no regime de teletrabalho. Contudo, a responsável acredita que “os negócios são baseados em confiança e relações interpessoais” pelo que o corporate irá também voltar.
Existe um “novo normal” desde a procura e compra do voo, até ao momento do aeroporto e chegando ao interior de um avião e ao país de destino. A aviação vai apostar em “medidas temporárias” de bio-segurança para passageiros e tripulação, solicitando informação adicional sobre o passageiro em termos de saúde e contactos, no check-in online, distanciamento social e medição de temperatura nos aeroportos, entrega de bagagem feita pelo cliente, fluxos de ar verticais nas aeronaves e limpeza de cabine.
“O Turismo é capaz de recuperar rapidamente”
Já o CEO da Solimar International, Chris Seek, começou por referir que “não sabemos quando é que a indústria do turismo vai recuperar” mas que “podemos criar diferentes cenários” para que nos possamos preparar minimamente para o futuro. Na sua perspetiva, o setor já deu provas de que “é capaz de se recuperar rapidamente” apesar desta recuperação ser faseada: primeiro o regresso da restauração e comércio, depois as road trips, viagens curtas a destinos próximos dentro do país de origem, uma semana de férias em países próximos e só depois as viagens de longa distância. Chris Seek divide a retoma turística em três principais fases:
– Resposta, do Governo através da realização de testes imunológicos, tomada de medidas sanitárias e criação de apoios à liquidez das empresas;
– Restart, com certificações como o selo “Safe Travels” do World Travel & Tourism Council (WTTC) ou o “Clean & Safe” do Turismo de Portugal, além de acordos bilaterais para a criação de “Travel Bubbles” entre países. Nesta fase, é também fundamental a aposta no marketing para o mercado doméstico – com mensagens que enfatizem destinos remotos e seguros – e o estabelecimento de protocolos sobre como receber os visitantes internacionais;
– Reimagine, isto é, reinventar o turismo, nomeadamente através do compromisso do setor com a conservação e o ambiente, evitando o overtourism e ouvindo os residentes sobre as suas preocupações em relação à retoma da atividade. O responsável dá o exemplo da Nova Zelândia que tem feito sessões com as comunidades locais para abordar o tema do turismo.
Enquanto CEO de uma consultora norte-americana, Chris Seek comenta ainda que “Portugal estava a crescer enquanto destino para os americanos” e não duvida de que “os esforços que tem feito vão ajudar a que tenha uma rápida recuperação” junto do mercado dos Estados Unidos.
“Tornar Portugal o país mais seguro sem perder a autenticidade”
O operador turístico norte-americano Immersa Global promove pacotes “personalizados” com destino a Portugal e o seu lema, que se pretende manter, é o seguinte: “O novo luxo é a habilidade de aproveitar a experiência sem pensar na logística.” Desta forma, a fundadora, Sheree Mitchel, acredita que o retorno das viagens está dependente, sobretudo, da confiança, segurança e das políticas levadas a cabo com vista à recuperação económica e turística.
Em momento de retoma, a Immersa Global decidiu criar um “back-to-travel survey“, isto é, um questionário entregue aos seus clientes para saber em que moldes estes pensam e pretendem voltar a viajar, e o que irão priorizar em toda a experiência. Além disso, o operador mantém-se sempre atento às medidas regionais e nacionais de cada destino, assim como aos hotéis e transportes, no sentido de haver um “compromisso de responsabilidade” também por parte dos viajantes, de que estão de acordo e que irão respeitar tais medidas, explica Sheree Mitchel.
Outra preocupação é “manter uma política de cancelamentos flexível” e, nesta primeira fase, adaptar as experiências oferecidas às medidas sanitárias impostas no momento. Assim, a Immersa Global optou pela “não contratação de serviços de Spa” e aposta em experiências em locais remotos e privados.
A fundadora da Immersa Global defende que é preciso “encontrar uma forma de tornar Portugal o país mais seguro de visitar pois era já o melhor” em outros aspetos e fazê-lo “sem perder a autenticidade”. Essa deverá ser a principal preocupação das empresas.