#Formação: “Importa formar recursos humanos porque amanhã todos estão convocados para recuperar o setor”

É tempo de parar. É tempo de refletir. É tempo de alterar hábitos e estilos de vida”. De um momento para o outro, tudo aquilo que era presencial passou a ser à distância e o ensino é um excelente exemplo deste novo paradigma. 

A Ambitur.pt conversou com Antónia Correia, diretora da Faculdade de Turismo e Hospitalidade da Universidade Europeia, que “aplaude” o esforço que tem sido feito pelas Instituições de Ensino Superior e pelos estudantes para “minimizar o impacto desta paragem abrupta nas suas vidas”, até porque o contexto de “incerteza” e  de “ansiedade de lutar contra um inimigo sem rosto” não fazia antever um “quadro tão otimista” e uma “adesão quase total ao ensino à distância”, refere. No atual contexto, “mais do que nunca, importa formar recursos humanos porque amanhã todos estão convocados para recuperar o setor”, reforça a docente.

As potencialidades do ensino digital não são uma novidade: “Já era uma realidade”, diz a diretora, acreditando que “será cada vez mais uma excelente alternativa de formação para aqueles segmentos que contam os minutos ou para os que, por esta via, pretendem um ensino cada vez mais global”. No entanto, as escolas são um “espaço de interação. são um negócio de pessoas para pessoas”, classifica Antónia Correia, não tendo dúvidas que “muitos são os que aprendem mais no espaço escola do que nos livros”. No pós-crise, a responsável antevê um “período de rejeição” ao digital: “As pessoas e os estudantes estarão ávidos de contacto social que as escolas lhes propiciam. Não creio que (o ensino digital) tenha a projeção que se espera”.

“Voltar atrás e preservar a natureza”

Num momento de “paragem”, marcado pela “luta sem tréguas contra a natureza”, Antónia Correia acredita em novos “ensinamentos” que jamais foram “assimilados” pelo cidadão. Exemplo disso, serão os “novos estilos de vida” que, segundo a responsável, “não passam por mais digitalização”, mas antes pelo “regresso às origens” e à “verdadeira essência da vida”. Neste cenário, “diria que este foi um botão de ´reset`. A digitalização é necessária e vai acontecer mas não creio que a evolução seja muito diferente do que temos”, refere a responsável, acreditando que o mote, agora, é “voltar atrás e preservar a natureza”.

E em tempo de “reset”, Antónia Correia chama a atenção para os novos currículos: “Serão inundados de boas práticas ambientais, consciencialização e muitas soft skills, ou, em português, educação, moral e civismo”. No “amanhã” que se avizinha, a responsável espera que os currículos sejam “feitos de pessoas para pessoas”.

Manuais de sobrevivência económica e financeira

O atual contexto pode ser “benéfico” para se dar formação aos trabalhadores? Antónia Correia acredita que a paragem na atividade poderia ser bastante útil nesse sentido mas tem dúvidas sobre o sucesso que teriam formações neste momento. 

Relativamente à formação aos “altos quadros” da atividade turística, Antónia Correia acredita que este não é o momento mais propício: “Estão assoberbados de tarefas” e com a mente cheia de perguntas para as quais ainda ninguém tem resposta: “Como recuperar?, Como manter postos de trabalho?, Quando pudemos reabrir e quanto tempo vamos precisar para viabilizar outra vez, negócios que envolvem investimentos milionários e períodos de recuperação quase na ordem das duas dezenas de anos?”, enumera. Neste contexto, a responsável acredita que este era o momento ideal para se criarem “manuais de sobrevivência económica e financeira” para o setor. “Quando acordarmos deste pesadelo, a realidade será outra”, remata.