Realizou-se este sábado, dia 19 de fevereiro, no Hotel Cristal Vieira Resort & Spa, o último Fórum RAVT, já que a partir de 1 de março as agências associadas da RAVT passarão a integrar o Grupo GEA Portugal. Em jeito de balanço, Maria José Silva, CEO da RAVT, afirma que estiveram presentes 85% das agências e 30 stands de fornecedores, contando no total com 97 pessoas. E admite ter sido este o evento RAVT mais difícil de ter sido realizado, não só devido à complexidade imposta pelas regras sanitárias, com custos mais elevados, mas também pelo facto de, pela primeira vez na produção da rede, em 17 anos, se apresentarem dados com valores negativos, “restando um otimismo muito cauteloso para a produção em 2022 e concentrada num muito curto período temporal”.
Assim, neste último evento da atividade de grupo de gestão da RAVT, efetivou-se a passagem do negócio e carteira de clientes para o grupo GEA, sendo que a mudança está a realizar-se de forma soft devido às elevadas semelhanças de modelo de operação entre os grupos e entre tipo de agências, com um sentimento positivo e de esperança de todos.
“Apenas duas agências da rede não seguem integradas em modelos de grupos de gestão, uma vez que alteram o seu foco de atividade; todas as outras seguem unidas e em bloco para a GEA”, indica Maria José Silva. E explica que “este facto revela e comprova, uma vez mais, o elevadíssimo grau de fidelização, união e confiança da rede RAVT e na sua liderança”. Esclarecendo que agora se inicia “um novo ciclo, uma mudança necessária, para melhor retomarem a atividade e reabilitarem as suas empresas perante um cenário ainda altamente fragilizado, volátil, incerto, feroz e demasiado complexo para as empresas turísticas“.
O evento contou com a apresentação de temas como a caracterização de 2019 a 2021, o Raio X da Operação e da Distribuição Turística, a apresentação da performance da rede RAVT e dos seus fornecedores, além de temáticas como os novos modelos comerciais, as novas plataformas, informações de vendas e de emissões já em contexto de migração sob outra marca. Foram ainda dadas indicações sobre o registo da procura turística e as tendências de comercialização de produtos e de destinos para 2022.
No que diz respeito à analise da performance e de produção da rede RAVT, e do mercado da operação e distribuição turística, destaque para o facto de, entre 2020 e 2021, a rede ter perdido 18 balcões, cerca de 31% do seu total. Algo similar ao mercado, com maior ênfase nas agências independentes, que registou uma média de perda de 37%. As quebras do parque de agências ocorreram por fases desde março de 2020, com os primeiros estados de emergência e de confinamentos totais.
De acordo com os dados indicados pela RAVT, a quebra real de empresas de agências de viagens, em sedes com RNAVT, sem contabilizar com os novos registos, é de 9,77% em relação aos registos de fecho de 2019. Contudo, devido a apoios diversos ainda a decorrer, não se tem a expressão real total de encerramentos de empresas ou de perdas de RNAVT e menos de encerramentos de filiais por desajuste de registos na plataforma. No total, com os novos registos, verifica-se um crescimento de pontos de venda de agências em +3,1%.
Em relação à produção da rede, em valores, produtos, destinos e fornecedores, 2020 apresenta na rede uma quebra média de -73%, com crescimento em 2021 de 115%. Considerando a produção 2021 versus 2019 ainda se regista, nas mesmas agências ativas na rede nos vários anos, uma quebra de -43%.
Na produção de aviação a quebra é ainda mais acentuada, em cerca de -68% em relação a 2019. Este facto deve-se às imensas restrições nas viagens e à mobilidade, ao medo de viajar, a quebras de mercado corporate, bem como pelo maior número de venda de mercado doméstico ou de curta distância, de média de valores inferiores e muito pouco de longo curso.
A aviação registou na rede um share mais elevado concentrado na TAP de 44%, embora com perda devido ao seu difícil processo de reembolsos, de restruturação e pela perda de procura nos mercados tradicionais fortes da companhia no longo curso, em especial nos transatlânticos e do mercado corporate.
No global da aviação verifica-se um aumento de taxas aeroportuárias, com média já de 46% do preço total de um bilhete, em conformidade com um rácio similar a nível mundial. Bem como um cada vez mais elevado rácio, de valor acima do fare NET, relativo a ancillaries acrescidos pelas Branded Fares, quase inevitáveis, com regiões, segundo a CarTrawler (2022), a apresentarem o valor mais elevado de 37% nos mercados americanos, 27% nas Ásias e 23% nos mercados Europa. Estes dados revelam que o FARE NET real de um bilhete aéreo está com valores cada vez mais diminutos e de rentabilidades que necessitam de ser trabalhadas de forma diferente.
Registaram-se alterações claras nos tipos de produtos e de destinos que se refletiu num diferente tipo de fornecedores top no mercado. Com a exceção de um único operador que se manteve estável na mesma posição, numa das mais dominantes, que teve a sorte de ser especialista nos destinos abertos mais procurados, tanto de curta distância como nos poucos de longo curso, a Solférias.
Os produtos mais procurados e vendidos foram os registados na imagem abaixo:
Durante a pandemia e até à data, as agências foram obrigadas às seguintes ações para garantirem a sua viabilidade, continuidade, proteger os seus recursos humanos e clientes, que segue o resultado apresentado no estudo Raio X das Agências e verificado nas empresas da rede:
Do mesmo estudo, e igualmente registado na rede, as agências de viagens consideram vital que o setor do turismo e o poder político tomem algumas medidas para a retoma como indicado:
O futuro é sentido com otimismo ligeiro e cauteloso. Prevê-se o alívio de restrições a nível mundial, harmonização de protocolos que permitam alívio social e económico das populações e com isso uma forte procura turística, que passe da agora potencial para efetiva. Num otimismo cauteloso acredita-se numa melhoria de produção entre a páscoa e final de setembro, embora ainda a par com o medo de viajar pelo consumidor final, com mercado corporate a recuperar muito lentamente, bem como a procura de cruzeiros.
As previsões da RAVT são uma maior procura de longo curso, principalmente mercados de sol e praia, para os mais aventureiros e confiantes o maior pico de produção apenas concentrado em pleno verão. O turismo doméstico, os city-breaks, Europa, Ilhas Portuguesas e Espanholas, continuarão a dominar, mas prevê-se com maior procura e produção.
Até ao momento, o mundo ainda regista 77% de restrições nos países e à mobilidade. Nas viagens ainda se sente o medo de viajar, medo de constantes mudanças, medo de adoecer no destino, medo de destinos com picos de covid e má situação sanitária. Procuram-se destinos com melhores registos, produtos com maior flexibilidade de tarifas e de cancelamentos, com coberturas melhores de seguros.
Uma elevada incógnita e incerteza aparece agora, em rescaldo de uma pandemia brutal, ligada a elevadas taxas de inflação, à crise energética e de combustíveis a preços significativamente altos, que obriga a aumento de custos e, consequentemente, de preços nas cadeias de distribuição mundiais em todos os setores e produtos. Sendo que o mais grave cenário e foco de incerteza recai agora na eventualidade de estalar uma guerra na Europa.