Outro dos intervenientes, à distância, hoje na Conferência “Um Novo Olhar sobre o Turismo Residencial”, promovida pela APR – Associação Portuguesa de Resorts, no âmbito do Salão Imobiliário de Portugal, foi Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP).
O responsável pela Confederação reflete que estamos a entrar no último trimestre de um “ano que ficará para a história pelas piores razões”, quando confrontados com uma pandemia que “está a provocar profundas alterações com impacto evidente nas economias”. Em Portugal, a Covid-19 significou já uma quebra superior a 16% no PIB, no segundo trimestre do ano, e mais de 80% de quebras em várias atividades do turismo. O cenário é de “pré-encerramento” de empresas e aumento do desemprego.
“As perspetivas a curto e médio prazo não são boas para o turismo”, afirma Francisco Calheiros, indo mais longe: “A retoma não acontecerá nunca antes de 2022.” Mas as empresas têm de “sobreviver” pelo que se impõe a “continuidade das medidas de apoio ao tecido económico para assegurar a viabilidade das empresas”. O presidente da CTP adianta que “o governo já corrigiu o erro de colocar um fim ao regime de lay off simplificado, substituindo-o pelo apoio à retoma progressiva que, no formato anterior, não respondia as necessidades das empresas”. No entanto, “é preciso ir mais além” e as medidas do Programa de Estabilização Económica e Social (PEES) devem ser “rápidas, ágeis, efetivas e plenamente executadas” além dos apoios financeiros da UE.
Francisco Calheiros atenta que “as empresas de turismo há muito que provaram que são inovadoras, competitivas e que integram os melhores profissionais das suas áreas”. Só o turismo residencial, em 2019, registou um volume de negócios na ordem dos 650 milhões de euros.
Mas os desafios, no imediato, são imensos desde “a diminuição da procura, às restrições ao tráfego aéreo, dificuldades financeiras das empresas, o Brexit e a instabilidade fiscal”. Por isso, a CTP defende a “adoção de um modelo de desenvolvimento para o turismo residencial que integre as alterações nos padrões sociais, económicos e ambientais que a pandemia nos trouxe”.