Francisco Calheiros: “É urgente capitalizar as nossas empresas”

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, foi um dos intervenientes ontem na tomada de posse dos Corpos Sociais da APAVT para o triénio 2021-2023 e fez questão de atentar que se o Governo pretende que o setor do turismo volte a ajudar na recuperação da economia do país, como já fez anteriormente, tem de lançar medidas de capitalização para as empresas. 

Falando sobre desafios, Francisco Calheiros dá conta de que “entrámos há cerca de 10 dias num dos invernos mais rigorosos a que já assistimos” e que “todos os números apontam para uma terceira vaga da pandemia”, pelo que “não pode haver rutura nos cuidados de saúde”. Também a “vacinação é crucial” pois mudará a “segurança e confiança”.

Na sua opinião, “a legislação e a comunicação deste Governo têm de ser claras e atempadas” e deixa dois exemplos onde isso não aconteceu: todo o setor esperava um Fim de Ano “normal” e “de repente tudo é proibido”, explicando que “não estou a contestar a decisão em si mas o tempo em que ela foi tomada”, e a questão do prolongamento do lay off, para os próximos seis meses, que ainda não está legislada. “Não se consegue submeter o lay off” num mês de janeiro “em que não sabemos o que vai acontecer”, explica.

O presidente da CTP pede ainda que “parem de discutir a TAP em praça pública e decidam rapidamente”, relembrando que “há seis meses que está para entrar um presidente e uma comissão executiva na TAP” e a “fazer uma reestruturação que não é com esta equipa”, e que se avance na construção do aeroporto do Montijo. Francisco Calheiros entende que “se não tivesse havido pandemia este ano, eu nem quero saber o que seria a bagunça do aeroporto da Portela”.

Francisco Calheiros afirma que “as nossas empresas estão em modo de sobrevivência” e que “os fundos comunitários não chegarão antes do segundo semestre”. Recorda que o turismo foi o setor de atividade que mais contribuiu para a recuperação da crise financeira de 2007/2008 e que se o Governo quiser que o mesmo se repita na retoma pós-Covid “não é com as empresas descapitalizadas como estão”. Ou seja, “é urgente capitalizar as nossas empresas porque esta crise vai passar e elas têm de estar pujantes para termos, de facto, uma oferta instalada que possa satisfazer a procura.”

Por fim, o responsável não deixa de frisar que “Portugal precisa do turismo para crescer e o turismo precisa de todos nós”.