Francisco Calheiros: “Se conseguirmos garantir a viabilidade das empresas do turismo, seremos capazes de reiniciar o crescimento económico”

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, adiantou – durante a t-Forum Global Conference, que termina amanhã, dia 7 – que a crise provocada pela Covid-19 terá fim mas que o que hoje conhecemos são os “efeitos catastróficos” da mesma para o país, para a economia em geral e, sobretudo, para o turismo. Depois de cinco anos de glória do setor, defrontamo-nos com um “período extremamente crítico” com “enormes dificuldades de cash flow para manter centenas de empregos”, refere.

Francisco Calheiros recorda, por exemplo, que este ano “a época turística no Algarve foi a pior de todos os tempos”, especialmente após o fecho do corredor aéreo com o Reino Unido. Durante a semana em que o corredor se manteve aberto, “alcançámos 50 voos diretos diários para o Algarve”, no entanto, “não foi suficiente” para recuperar a taxa de ocupação da região. O Algarve registou, entre abril e outubro, apenas 27,5% de ocupação – uma redução de 65% face ao ano anterior.

A CTP preparou um Programa de Recuperação do Turismo, que envolveu os principais stakeholders do setor, uma vez que “a recuperação não acontecerá antes de 2022 e até lá as empresas têm de sobreviver”, defende o responsável. A “prioridade” tem de ser essa e só será alcançada com a tomada de “medidas reais, ajustadas à realidade presente, para a capitalização das empresas” pelo Governo. Apenas “se conseguirmos garantir a viabilidade das empresas do turismo, seremos capazes de reiniciar o crescimento económico” que Portugal tinha alcançado até à pandemia.

“O momento certo para preparar o setor para o futuro”

Mas “nas crises existem oportunidades”, segundo Francisco Calheiros, e “este é o momento certo para preparar o setor para o futuro”. Como? O presidente da CTP responde: “Com mais formação e skills, mais investimento nos aeroportos e infraestruturas, com um foco claro na mobilidade, com a definitiva conclusão da aprovação do aeroporto do Montijo, com a redução de taxas, estabilidade na legislação e sustentabilidade demográfica.” No seu entender, “estas não são opções estratégicas” mas antes “necessidades urgentes para garantir o futuro no turismo”, da economia e o nosso próprio futuro. O responsável está certo de que “o turismo irá recuperar o espaço que por direito lhe pertence”.