O IPDT – Turismo e Consultoria terminou, ontem, a sua Tourism Conference 2020 com uma 2.ª Talk sobre um “Turismo + Sustentável”. Francisco Pita, Chief Commercial Officer (CCO) da ANA – Aeroportos de Portugal, foi um dos oradores convidados avançando números “impressionantes” da quebra do tráfego aéreo nos aeroportos nacionais mas deixando, por outro lado, uma mensagem de esperança de que quando a pandemia estabilizar “estão reunidas as condições para retomarmos o crescimento”.
Francisco Pita dá conta que os aeroportos portugueses, geridos pela ANA, “sofreram” uma perda de 37 milhões de passageiros em 2020, o que consistiu numa “quebra absolutamente brutal” e até “na maior de que há registo na história em termos de estatísticas de tráfego aéreo”. Tudo acontece após uma “década de crescimento sustentado” que culminou em 59 milhões de passageiros em 2019, recorda.
Em seis semanas, os aeroportos portugueses passaram de um “crescimento de 8%” para uma “redução praticamente absoluta” (-99%), adiciona o CCO. Explica que os meses de abril e maio foram, praticamente, nulos em termos de tráfego aéreo e que, a partir de junho/julho, a expetativa da ANA era a do início de uma “recuperação progressiva até ao final do ano”.
Todavia, “chegámos ao final de agosto e atingimos o pico da recuperação”, que se situou em 63% do tráfego aéreo de 2019. Esta pequena retoma no verão esteve, segundo Francisco Pita, associada aos “mercados da imigração” e ao “tráfego étnico” – com a Suíça e França a serem os mercados em maior recuperação – além do mercado do Reino Unido na abertura do corredor aéreo. A seguir, “entrámos novamente num processo de quebra” relacionada com a segunda vaga da pandemia.
Quanto a previsões, Francisco Pita afirma que em abril “o setor acreditava que chegaríamos a setembro, e por aí fora, e iríamos estar em crescimento”. Mas em 14 de setembro surge uma nova previsão, para a Europa, “já bastante mais conservadora” e atualmente “essa previsão já é considerada muito otimista”. Em suma, o CCO refere que: “As quebras de tráfego previstas até ao final do ano, e para os primeiros meses de 2021, são muito superiores às previsões” anteriores.
Facilitação dos processos dos passageiros e confiança dos vários agentes do setor
No entanto, a ANA confia que “havendo uma estabilização da situação sanitária, a partir da primavera do próximo ano, estão reunidas as condições para retomarmos o crescimento do tráfego aéreo”, o que estará dependente da “facilitação dos processos dos passageiros” – que precisam de estar informados sobre quais as condições para realizar viagens – e do “tema da confiança junto dos vários agentes do setor”. Para o responsável, “é fundamental que haja uma coordenação a este nível para que se recupere o tráfego”.
A ANA Aeroportos tem tido um “papel particularmente ativo”, ao longo da pandemia, criando um Programa de Segurança Sanitária que implementou um “conjunto de medidas nos aeroportos para garantir uma experiência segura aos passageiros”. Como resultado, o Aeroporto de Lisboa foi considerado o “melhor aeroporto europeu nas medidas de resposta à segurança sanitária”, frisa Francisco Pita.
Por fim, acerca de um “Turismo + Sustentável”, o CCO comenta que “a sustentabilidade não é um desafio que nasce com a pandemia” mas que, à custa dela, “pode vir a ser acelerado”. A sustentabilidade é um “eixo estratégico da ANA e da Vinci, nomeadamente, em termos de gestão da água, resíduos e da biodiversidade, e “uma área de forte aposta no momento da retoma do crescimento do tráfego aéreo”.