Frédéric Frère: “É importante continuar a apostar na qualificação das infra-estruturas”

O futuro do turismo nacional poderá depender de duas acções que, na opinião de Frédéric Frére, CEO da Travelstore, são complementares. Por um lado, é necessário continuar a apostar na qualificação das infra-estruturas, sobretudo agora nas infra-estruturas colectivas. O que passa, segundo o responsável, por “identificar ‘zonas de interesse turístico’, por reunir as competências necessárias para as explorar da melhor forma possível – algo que, por exemplo, a Câmara de Lisboa tem feito bem ao envolver arquitectos e paisagistas na requalificação de certas zonas da cidade – e por levar os planos até ao fim”. Por outro lado, Frédéric Frère defende que se deve trabalhar o software em cima do hardware. “Por software entendo as componentes de animação e de excelente nível da experiência do visitante. Nota-se aliás um claro movimento nesse sentido com o surgimento de conceitos inovadores em matéria de transporte local, de animação de rua, de espectáculos de som e luz nocturnos, etc”, explica. Para o CEO da Travelstore o harwdware é a componente de base, de deve ser o melhor possível, mas o que move verdadeiramente o visitante de um destino será sempre a emoção positiva que alcançará durante a sua estadia. “A chave do nosso sucesso como destino turístico está na conjugação destes dois ingredientes mas uma coisa é dizê-lo e outra coisa é, como sempre, executar”, admite. De acordo com o responsável, estão hoje reunidas condições que devem continuar a favorecer Portugal como destino turístico durante os próximos anos. “A excelente relação value for money da sua oferta hoteleira e restantes infra-estruturas turísticas; a crise nos países do Magreb que se vai ainda prolongar durante uns anos; e os níveis de satisfação gerais dos visitantes relativamente à sua experiência do destino Portugal”, são factores essenciais.Nessa medida, e desde que haja sinais positivos de que a procura existe e tem margem para crescer em moldes economicamente sustentáveis, Frédéric Frère é defensor de que a vontade e a disponibilidade para investir vai prevalecer. Acrescenta também que “haverá uma tendência para um aumento dos preços face ao aumento da procura, embora isso possa ser um factor de ameaça a mais longo prazo, se Portugal perder um dos seus atributos chave que é a actual boa relação entre o valor recebido e o preço pago”. Na opinião do responsável da Travelstore, após alguns anos de investimentos que se basearam em planos de negócios desfasados da realidade, “devemos ser capazes de voltar a um maior realismo e conseguir melhor adaptar os investimentos à perspectiva de retorno a mais curto prazo”. Frédéric Frére conclui dizendo que “o maior desafio será, no entanto, de continuar a apostar na satisfação do cliente, evitando a tentação já tão clássica da &ganância& de curto prazo em detrimento dos níveis de serviço e da capacidade de se investir na devida manutenção e renovação das infra estruturas.”Nota: Estas declarações foram feitas no âmbito de um trabalho que saiu na Edição 263&da Revista Ambitur, intitulado &Retoma à Vista?&.