Geração RH com Ana Cruz, da DHM

Geração RH é o nome da nova rubrica que vai poder acompanhar ao longo das próximas semanas em Ambitur.pt. Trata-se de uma iniciativa conjunta da Ambitur e da Bolsa de Empregabilidade que, conscientes da importância cada vez maior que os Recursos Humanos desempenham na hotelaria, e no turismo em geral, pretendem dar-lhe a conhecer o perfil, percurso e dia-a-dia de trabalho de responsáveis e diretores de RH. Hoje estamos à conversa com Ana Cruz, Human Resources Manager, responsável de Recrutamento da Discovery Hotel Management (DHM).

Ana Cruz nasceu em Lisboa, em 1980. É formada é Sociologia, pela Universidade Nova de Lisboa. O primeiro emprego foi na área da consultoria de recrutamento e Ana admite ter escolhido a hotelaria para trabalhar porque é simplesmente apaixonada pelo setor.

Quando começou a trabalhar na atual empresa e como tem sido a evolução?

Em 2019 integrei a DHM, com o objetivo de reorganizar o processo de recrutamento do grupo. Nessa época, tínhamos 14 ativos (hoje temos 18 hotéis entre Portugal continental e Açores, e cinco campos de golfe), e era necessário compreender as dinâmicas internas de cada um dos hotéis, avaliar as necessidades e criar estratégias de comunicação internas para um processo de recrutamento com maior eficácia e agilidade. Atualmente temos uma equipa a funcionar em pleno, e com uma grande capacidade de resposta aos desafios da operação. Os requisitos de novas aberturas ou reaberturas dos nossos ativos e a sazonalidade com que nos deparámos nos últimos quatro anos, deram-me as ferramentas e a experiência para que hoje possa antecipar situações e solucionar de forma ágil e célere, os temas que surgem no nosso dia-a-dia.

Não existem dois dias iguais, sobretudo quando trabalhamos um conjunto tão variado de pessoas e de ativos, o que significa que surgem sempre alguns temas para resolver. Desde planeamento estratégico de recrutamento, às tarefas diárias de revisão de emails e comunicações, reuniões de equipa para alinhar prioridades, análise de vagas em aberto, triagem de candidatos, posteriores entrevistas e avaliações desses candidatos, verificação de referências e comunicação com os candidatos, elaborar relatórios internos, às reuniões com os Diretores, Chefes de Departamentos e Direção da sede da DHM, o meu dia-a-dia e as minhas tarefas nunca são monótonas.

Qual a dimensão da empresa a nível de recursos humanos e como é constituída a orgânica dos quadros da empresa (em que categorias se dividem os trabalhadores)?

Na Discovery Hotel Management somos mais de 1200 colaboradores, repartidos pela sede e pelas nossos ativos. A sede, que funciona como serviços partilhados, com todos os departamentos centrais – recursos humanos, financeiro, operações, revenue, marketing, entre outros serviços, suportam toda a operação do grupo. Quanto às unidades hoteleiras, temos uma estrutura muito plana, em que existem cerca de cinco chefias de departamento que reportam diretamente ao General Manager.

Quem são os candidatos que a sua empresa procura? Qual o perfil e competências desejados?

Por norma, após definirmos em conjunto com a equipa de recrutamento e os chefes de departamento, os requisitos específicos para cada posição, procuramos candidatos com boas skills no atendimento ao cliente, capacidade de comunicação, adaptabilidade e polivalência, para além de experiência anterior em hotéis de referência ou em hospitality no geral. Já para os cargos de chefia, damos privilégio a pessoas que tenham fortes componentes de operação e analíticas – necessárias para a gestão financeira da unidade hoteleira. Contudo, os requisitos oscilam de acordo com a posição a ocupar, o segmento do hotel, e as necessidades específicas do mesmo. Tão importante quanto as valências de experiência profissional ou pessoal de cada candidato, é a identificação com os valores da DHM – Excelência, Criatividade, Diversão, Equipa e Coragem, pois são os faróis para o nosso caminho comum.

Porque devem os futuros profissionais do setor escolher a sua empresa para trabalharem?

Na DHM temos uma forte cultura organizacional, com oportunidades de formação técnicas e de desenvolvimento de soft skills, e damos primazia à progressão de carreira. Para além de sólidas bases de apoio e colaboração entre todos, temos também uma atrativa política de benefícios que complementam o package salarial, o que nos torna bastante atrativos. A boa reputação do grupo, aliada ao crescimento que temos tido ao longo dos nossos 10 anos de existência, à excelência do serviço que prestamos, e ao nosso compromisso com a responsabilidade social e sustentabilidade, fazem com que sejamos reconhecidos no setor como a melhor empresa de gestão hoteleira em Portugal.

O que a levou a especializar-se e trabalhar na área de RH?

O desejo de ter um impacto positivo na vida das pessoas, que se manifestou desde cedo, e o interesse pela compreensão do comportamento humano, foram sem dúvida decisivos para abraçar uma carreira na área de Recursos Humanos, que foi alavancada pela experiência profissional anterior em consultoria. Como parte da equipa da DHM, tenho possibilidade de impactar positivamente a vida dos colaboradores e contribuir para o seu crescimento profissional e pessoal.

Que competências considera necessárias para ser profissional na área de RH?

Existem algumas variantes que oscilam de acordo com a empresa e o cargo, mas de uma forma geral, é imprescindível ter um conhecimento profundo sobre o negócio em que trabalha – incluindo a cultura, objetivos, desafios, pois apenas com este conhecimento é possível alinhar as estratégias de Recursos Humanos com os objetivos organizacionais.
A capacidade de comunicação e relacionamento interpessoal é fundamental para uma boa interação com todos os colaboradores da empresa, independentemente da sua função, e sem dúvida que saber como resolver conflitos de forma imparcial e eficaz, é uma mais-valia.

Confidencialidade e ética são dois alicerces fortes na construção de confiança, ter pensamento analítico – recolher e analisar dados para tomar decisões informadas e sustentadas, capacidade de adaptação pelas alterações na lei, tecnologia e dinâmicas do mercado de trabalho, são competências cada vez mais valorizadas nesta área.

Para compreender as necessidades e preocupações dos colaboradores é necessária empatia, sem esta, o ambiente de trabalho pode tornar-se pouco positivo. E ser criativo, porque há situações que exigem soluções criativas para desafios de Recursos Humanos, como a atração de talentos ou a retenção dos colaboradores.

Por fim, mas talvez o mais importante, é fundamental ter a capacidade de ouvir os colaboradores, as chefias e candidatos para ajudar no alinhamento das expetativas de todos. Esta competência de árbitro é essencial.

Qual a mais-valia que um profissional de RH pode trazer a uma empresa turística/hoteleira?

No setor da hotelaria o turnover é bastante elevado, os profissionais de RH desempenham um papel crucial na implementação de estratégias para o reduzir, como é o caso de melhorias nas condições de trabalho, programas de reconhecimento e de retenção de talentos, programas de formação e desenvolvimento, promovendo simultaneamente uma cultura de hospitalidade, trabalho de equipa e excelência ao cliente.

Tendo em conta as caraterísticas deste setor, a seleção e recrutamento dos futuros colaboradores, passa por uma análise criteriosa de capacidades necessárias para dar resposta aos desafios do setor, e de identificação com a cultura da empresa. Este é um valor acrescentado pelos profissionais de RH na área da hotelaria, contribuindo para o sucesso e para a boa reputação da empresa.

Quais os maiores desafios da sua profissão? O que lhe dá maior prazer e considera ser mais difícil?

A capacidade de adaptação ao mercado, pela sua volatilidade, a gestão do tempo de modo a conseguir equilibrar diversas tarefas e prioridades, que por vezes provocam pressão e stresse, são sem dúvida os maiores desafios.

Alcançar metas e cumprir objetivos fazem-me sentir realizada, o reconhecimento aumenta ainda mais essa realização. Ter a oportunidade de assumir novas responsabilidades, fazer coisas diferentes, saber que o trabalho que realizo tem um impacto positivo na vida das pessoas, é também muito compensatório e gratificante. Acima de tudo, trabalhar num ambiente positivo, rodeada de colegas e chefias que valorizam a colaboração e o bem-estar de todos, é um benefício!

Qual considera o maior desafio na área de recursos humanos atualmente?

Podemos assumir que a área de RH tem inúmeros desafios, em termos de recrutamento e retenção de talento, as regulamentações específicas do setor e a sua legislação com as sucessivas alterações, garantir o engagement dos colaboradores através de uma cultura organizacional positiva, promover a produtividade, e estes são apenas alguns exemplos.

Felizmente, nos últimos anos temos assistido a uma mudança de mentalidades no que toca ao bem-estar dos colaboradores, e hoje é uma prioridade para a maioria das empresas/organizações, mas há ainda um caminho por percorrer através do desenvolvimento de políticas e programas que contribuam para o bem-estar físico e mental dos colaboradores.

Ainda na esfera das pessoas, o coração de qualquer negócio, a promoção da diversidade, da equidade e da inclusão nas organizações é desafiante para os recursos humanos, pois prevê o recrutamento e retenção de talentos diversos, a criação de ambientes inclusivos e o combate aos preconceitos e discriminações no local de trabalho. É sem dúvida um grande desafio, mas com uma gratificação imensurável.

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