A Ambitur pretende dar-lhe a conhecer nesta rubrica os profissionais que trabalham na área dos Recursos Humanos no setor do turismo em Portugal, partilhando o seu perfil, percurso e dia-a-dia de trabalho. Hoje falamos com Nádia Sousa, diretora de Recursos Humanos do Real Hotels Group na sede do Grupo em Carnaxide.
Nádia Sousa nasceu em Lisboa, em novembro de 1978, sendo formada em Piscologia Social e das Organizações pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Mais tarde, já na Católica Lisbon School of Business and Economics, tirou um programa avançado em Gestão de Recursos Humanos e um programa de Gestão Estratégica. O primeiro emprego foi precisamente na área da consultoria de recrutamento e seleção. Nádia não nega que o turismo, apesar de ser um setor com forte dinamismo e relevância em Portugal, não foi “uma escolha estrategicamente pensada”. Mas a verdade é qye depois de passar pelo setor do retalho e da restauração, surgiu a oportunidade de trabalhar em Hotelaria e, garante, “depois de aqui estar, não pensei mais em sair”.
Quando começou a trabalhar na atual empresa e como tem sido a evolução?
Iniciei o meu percurso no Real Hotels Group em dezembro de 2021 na atual função. Ter a possibilidade de começar por reestruturar toda a área de RH e desenvolver a política de gestão de pessoas assente na atração de talento, no seu desenvolvimento, na sua fidelização e, por fim, no compromisso que cada um de nós enquanto colaboradores tem com o propósito e a missão do Grupo, tem sido um desafio que me apaixona desde o primeiro dia pela possibilidade construir, edificar e, em conjunto com toda a equipa RH, dar o nosso contributo criativo e a nossa dedicação a este projeto.
Qual é o seu dia-a-dia na empresa – no fundo, qual o trabalho/funções de um responsável de RH?
O papel de um responsável de RH em todas as áreas e, na Hotelaria em particular, é desafiante. Na realidade atual, em que lidamos com uma nova cultura de trabalho e heterogeneidade geracional, com rotatividade e fuga de talentos qualificados, com o binómio remuneração financeira e emocional, com reconversão de competências e novas profissões e especializações, com menos liderança e com mais mentoria, com a valorização da flexibilidade e conciliação pessoal e profissional, a saúde física e mental, hoje, mais do que nunca, revela-se importante ter uma visão holística e desenvolver uma atuação “em várias frentes” no que à estratégia de RH diz respeito.
Também, ouvir a voz e a opinião dos colaboradores e ter a oportunidade de perceber o ponto de vista interno é central para conhecer o que realmente significa a employer branding de uma empresa, em particular, numa empresa que atua no setor hoteleiro onde os colaboradores são o pilar mais importante de um negócio que se define “de pessoas para pessoas”.
Qual a dimensão da empresa a nível de recursos humanos e como é constituída a orgânica dos quadros da empresa?
O Grupo conta com uma equipa bem diversa de cerca de 900 colaboradores, distribuídos por Lisboa, Porto e Algarve.
Temos três grande áreas nas quais as nossas funções se enquadram: a área de Hospitality, a de Shared Services e, a área de Real Estate & Properties.
Quem são os candidatos que a sua empresa procura? Qual o perfil e competências desejados?
Num mundo cada vez mais mutável, tecnológico e digital, algumas competências são hoje em dia muito valorizadas, tais como a adaptabilidade, fortes competências comunicacionais, de resolução de problemas, de liderança, criatividade e trabalho em equipa, bem como a capacidade de aprendizagem rápida e eficiente. No setor do Turismo e da Hotelaria, a resiliência e uma forte orientação para o cliente são fundamentais para permitir um serviço diário de excelência a quem nos visita, permitindo fazer realmente a diferença.
Porque devem os futuros profissionais do setor escolher a sua empresa para trabalharem?
A employer brand do Real Hotels Group é a marca interna “I´m Real”. Procuramos ter o foco no respeito e individualidade de cada um de nós, no carisma, valores e paixões de cada pessoa, alavancados na força e valores partilhados do Grupo.
Acreditamos no potencial de cada um e naquilo que pode aportar na sua função e ao Grupo como um todo, respeitando as diferenças individuais e, trabalhando sempre em equipa. As oportunidades connosco de evolução, de desenvolvimento das competências individuais, bem como, as possibilidade de crescimento no Grupo são, efetivamente, reais.
O que a levou a especializar-se e trabalhar na área de RH?
Essencialmente dois aspetos interligados que nunca deixam de me impressionar e deleitar: a importância e a diferença que as pessoas fazem nos resultados de qualquer negócio e, a possibilidade de poder desempenhar uma função focada nas dimensões do individuo em contexto de trabalho.
Que competências considera necessárias para ser profissional na área de RH?
Um gestor de capital humano deverá de ter competências técnicas (conhecimentos de gestão, de atração, recrutamento e integração de pessoas, de desenvolvimento e performance, bem como, de medição/analytics), ser capaz de contribuir para o negócio (ter visão estratégica, conhecimentos sobre o produto/mercado, ter orientação para o cliente, bem como, para os resultados), ser gestor da mudança (capacidade para traduzir e usar a visão e a missão no dia-a-dia, conhecer as ferramentas de gestão da mudança, conhecer as técnicas de desenho organizacional, bem como competências de teor mais relacional como a capacidade de influência, a comunicação, a liderança) e, por fim, a credibilidade pessoal que, passa, no essencial, pela capacidade de manter a integridade de uma forma continuada ao longo do tempo e, isso só é possível se acreditarmos e transmitirmos eficazmente que o nosso posicionamento na empresa é o de lutar sempre por soluções que tenham em conta os interesses da organização e dos interesses das pessoas.
Qual a mais-valia que um profissional de RH pode trazer a uma empresa turística/ hoteleira?
A uma empresa que atua no setor do Turismo e da Hotelaria aplicam-se os desafios inerentes a qualquer outro negócio, acrescido do facto do trabalho operacional numa unidade hoteleira, que está em funcionamento 24 horas nos setes dias da semana, trazer necessariamente desafios no que à gestão de pessoas diz respeito. Também, com clientes cada vez mais exigentes e com todos os meios disponíveis para partilhar o seu feedback é fundamental assegurar uma gestão sustentável capaz de manter os clientes satisfeitos para o sucesso do negócio.
Sabendo que sem equipas integradas e comprometidas é mais difícil alcançar os resultados desejados, o papel da gestão de pessoas é de capital relevância.
Quais os maiores desafios da sua profissão? O que lhe dá maior prazer e considera ser mais difícil?
Num mundo em acelerada mudança as principais tendências e desafios nesta área passam por vertentes que vão desde a comunicação interna, a flexibilização do trabalho, a transformação digital e a saúde mental, até à employee experience, diversidade e inclusão, passando pela mudança de mindset das lideranças. As lideranças devem ser as primeiras a dar exemplo de empatia e pensar nas pessoas como indivíduos, não só como profissionais (uma vez mais, a aplicação do nosso I’m Real) e, talvez este seja o aspeto mais decisivo do papel de um gestor de RH – empoderar as lideranças para que estas consigam implementar no dia-a-dia com as diversas equipas a estratégia que a empresa define ao nível da gestão das pessoas e do talento.