De acordo com uma análise da Global Asset Solutions, graças à sua rica herança cultural, às paisagens naturais e a destinos turísticos famosos, Portugal tornou-se um mercado turístico altamente competitivo na Europa. Em 2022, mais de 28,4 milhões de turistas viajaram para o país (30 milhões em 2023), gerando quase 70 milhões de dormidas, e estimulando a economia o contributo do setor para o PIB, que representa quase 16% (o terceiro mais elevado da UE). A força do setor do turismo tem impulsionado o mercado hoteleiro português, com as dormidas em 2022 a regressarem aos níveis pré-pandémicos (99% de 2019). O RevPar superou os números de 2019, atingindo os 50 euros (56 euros em 2023), indicando um forte aumento de cerca de 14%. Esta recuperação prosseguiu em 2023, com o RevPar até julho a subir mais 22,3%, para os 60,6 euros. As três principais regiões do país (Norte, Lisboa e Algarve) representam 70% das dormidas do país e têm o RevPar mais elevado (embora a Madeira tenha um RevPar mais alto do que o Norte).
Portugal tem atualmente, revela a consultora, mais de 113 mil quartos, a maioria na categoria 3 estrelas. A tendência da indústria está a mudar para um aumento dos 4 e 5 estrelas, enquanto que os alojamentos com categorias inferiores estão a diminuir. Esta mudança é impulsionada pelo reposicionamento dos estabelecimentos existentes e a introdução de hotéis de luxo como o W Algarve e W Residences Algarve, demonstrando o interesse dos investidores e marcas internacionais no mercado nacional.
O setor da hospitalidade em Portugal revela-se pois promissor, com mais de 11 mil quartos neste momento em fases diferentes de construção ou planeamento. Lisboa está a viver um crescimento de 14,8% da sua oferta, incluindo mais de 4.600 quartos em construção ou em fase de planeamento. O mercado revela capacidade de absorver a oferta crescente sem efeitos negativos sobre a procura.
Segundo a Global Asset Solutions, Portugal deverá assistir a um aumento expressivo da oferta de quartos, com mais 11.245 quartos a nascerem nas sete regiões do país, a maioria dos quais concentrada nas três regiões de Lisboa, Norte e Algarve. A região de Lisboa terá a maior oferta, com mais 4.635 unidades, representando uma subida de 14,8% face a 2023.
Deste pipeline, 73% serão de marcas hoteleiras com a Accor e a Meliá a representarem a maioria com 9,2% e 8%, respetivamente.
Mais de um terço da nova oferta recairá sobre a categoria Upscale, sobretudo localizada na região de Lisboa. Contudo, somente 5% da nova oferta será no segmento de luxo.
A consultora destaca algumas novas aberturas em Lisboa:
- Andaz Lisboa deverá abrir em 2024 em cinco edifícios independentes, incluído os antigos escritórios de um banco. O edifício central do hotel terá 169 quartos. Esta unidade da marca Andaz resulta de uma parceria com a Feuring Hotel Lisbon GmbH & Co. KG7.
- ME by Meliá Lisboa: Este hotel de luxo estará próximo do Parque Eduardo VII e do Marquês de Pombal. Terá 213 quartos, um bar no rooftop e um foco na arquitetura e design de interiores contemporâneos, inspirados na cultural local.
- Six Senses Lisboa: o novo projeto irá transformar o Palácio Lavra do século XVII e o Palácio de Pedrosas numa unidade de 114 quartos.
- Kimpton Lisboa (na foto): o hotel deverá abrir no início de 2025 sob um acordod e franchising com o Real Hotel Group, com 141 quartos.
Investimento hoteleiro
O investimento hoteleiro em Portugal recuperou após o abrandamento provocado pela pandemia. O volume total de transações em 2022 superou o anterior recorde de 2019, atingindo um total de 1,2 biliões de euros, o dobro do número dos três anos anteriores. Além disso, o quarto trimestre de 2022 assistiu ao volume de vendas mais elevado a nível trimestral, totalizando quase 900 biliões de euros. O segundo trimestre de 2023 também viu um aumento do volume de vendas de mais de 60% em termos homólogos, para um total de 273,7 milhões de euros. A consultora aponta que as transações hoteleiras estão a assumir cada vez mais a forma de negócios de portfólios e a expandirem-se além da capital, incluindo unidades na Madeira e outras partes do país.
O fluxo de investimento tornou-se uma fonte de financiamento crucial para o setor hoteleiro português. O investimento internacional nos hotéis do país atingiu um recorde de 188,5 milhões de euros em 2022, um número que já foi ultrapassado nos primeiros sete meses de 2023, com o investimento a totalizar quase 262 milhões de euros.