Global Blue defende: Em Portugal, falta divulgar mais o ‘tax free’ e o turismo de compras

Em entrevista ao Ambitur.pt, o responsável pela Global Blue em Portugal elencou as vantagens do turismo de compras. Não devendo esta ser a prioridade do setor, trata-se de um bom incentivo para quem visita Portugal e mesmo para o próprio país.

O tax free está previsto numa medida da União Europeia que permite aos viajantes extra comunitários comprarem nos países-membros sem que o imposto sobre os produtos lhes seja cobrado. É um benefício que, em Portugal, representa a isenção do imposto sobre valor acrescentado (IVA).

No entanto, este incentivo ao turismo de compras poderia ser mais bem dinamizado no país, como defende Renato Leite, responsável pela Global Blue em Portugal, numa entrevista concedida ao Ambitur.pt.

Renato Leite afirma que “o turismo de compras em Portugal, nos últimos anos, tem vindo a crescer a dois dígitos, fruto também de algumas variáveis externas, que resultam do esforço que o Turismo de Portugal está a fazer em alguns mercados estratégicos”.

O responsável sente que, contudo, existe ainda um “apagamento” desta vertente do turismo, o que impede todos os clientes estrangeiros de ficarem a par da existência “deste incentivo à compra, que é bastante benéfico”.

Renato Leite menciona assim uma “grande vantagem” que é a captação de investimento. Exemplo disso é a dinamização de grandes polos de comércio nacionais, como a Avenida da Liberdade, em Lisboa, que, segundo o representante da Global Blue, não seria o que é hoje “se não fosse o incentivo à compra”.

De resto, o responsável refere que, para além da região de Lisboa, “por ser a capital, e onde há uma grande concentração das principais marcas”, há outras duas áreas geográficas com “grandes ofertas”.

“Temos o Porto, muito associado à questão do vinho, que tem tido, nos últimos anos, um acréscimo de visitantes dos Estados Unidos e do Brasil muito forte, e depois um segmento mais de praia, no Algarve, se calhar mais dirigido para o mercado do Reino Unido”, nota.

Mas não é só de captação de investimento que beneficia o país, ao promover mais o turismo de compras. Renato Leite nomeia outras vantagens subjacentes, especificamente a geração de mais emprego, mais impostos diretos e indiretos para o Estado, e mesmo “mais economia paralela, seja ela em serviços da restauração e da hotelaria”.

“Isto depois tem um ecossistema muito mais alargado do que só a compra, que quantos mais clientes vierem fazer compras a Portugal, mais dinheiro irão gastar no país e, portanto, eu diria que há aqui um conjunto de várias variáveis, não só de investimento direto, mas emprego, impostos, e atividades satélites que obviamente vão gerar também mais receita”, explicou.

Com base nesta asserção, o representante da Global Blue reconhece que o Turismo de Portugal “tem feito um bom trabalho” no âmbito do turismo de compras. Não obstante, defende que é preciso haver mais destaque a esta vertente.

“O que nós continuamos a sentir falta é o devido destaque por parte do Turismo de Portugal e das várias organizações de turismo, que, quando promovem o destino Portugal, omitem este incentivo excelente”, afirmou Renato Leite.

Isso não implica, de acordo com o responsável, colocar o turismo de compras em primeiro lugar, mas dá-lo a conhecer enquanto complemento ao resto da experiência.

Renato Leite considera que a solução do tax free é benéfica não só para quem compra os produtos, promovendo no país a tal captação de investimento, mas também para quem os vende. Sublinha então que “muitos comerciantes desconhecem ainda” este mecanismo que “não toca na margem financeira deles”.

Junto disso, é também essencial a sua relação com as associações comerciais, para divulgarem aos associados no que consiste o incentivo e como podem implementá-lo, complementa. “Portanto, que isto é bom para a dinamização das vendas dos seus associados”, conclui.

Por: Redação da Ambitur.