GlobalData: Companhias aéreas reforçaram programação mas não se prepararam para o aumento da procura

Muitas companhias aéreas apostaram no regresso em força dos funcionários assim que as viagens começaram a retomar em 2022 e apressaram-se a aumentar os seus programas de primavera/verão, afirma a GlobalData. Mas a consultora aponta que as transportadoras deveriam ter aprendido com a pandemia que nada é garantido no atual contexto.

Ralph Hollister, da GlobalData, afirma: “É compreensível que as companhias aéreas tenham rapidamente aumentado a sua programação de primavera/verão para 2022, já que os programas de vacinação indicavam um forte progresso em muitos mercados principais para a indústria do turismo, resultando no aumento da confiança nas reservas em 2021. Contudo, muitas companhias têm tido dificuldades em contratar, formar e treinar novos membros para responder à procura imprevísivel de voos internacionais por parte dos viajantes e estão agora a cancelar centenas de voos”.

Companhias como a Delta, Wizz Air e easyJet já reduziram, ou estão prestes a fazê-lo, os seus horários devido a problemas de dimensão. Olhando especificamente para a easyJet, foi anunciado em novembro de 2021 que iria adicionar milhares de lugares extra nos voos para a Grécia no verão de 2022. Porém, olhando para as tendências de recrutamento da easyJet na Job Analytics Database da GlobalData, a companhia não aumentou o seu número de ofertas de emprego (empregos ativos) nas suas páginas, quer no mês de novembro de 2021 ou nos meses que se seguiram a este anúncio.

A companhia apenas começou a aumentar significativamente a sua atividade de recrutamento nos meses perto do período de verão de 2022, com o número de empregos ativos a subir 79,3% comparando novembro de 2021 com abril de 2022. Foi aqui que as companhias aéreas começaram a perceber o nível substancial de procura que existira ao longo da época de verão, afirma a GlobalData.

Hollister prossegue: “A ausência de atividade de recrutamento no final de 2021, e depois o aumento repentino nos meses até ao verão de 2022, sugere que as companhias aéreas como a easyJet poderão estar a sofrer com problemas de dimensão, o que conduziu ao excesso de vendas. Estas companhias poderiam ter dimensionado as suas operações para evitarem canceçar voos adicionais em grande número devido a pressões de contratação”.

Com muitos viajantes insensíveis a questionatem-se sobre os motivos pelos quais estas companhias aéreas aumentaram a programação se não têm capacidade para lugares adicionais, os reembolsos atempados devem estar garantidos para limitar danos de reputação.

O analista diz ainda que “muitos viajantes ainda sentirão o sabor amargo das dificuldades que tiveram de superar para receber reembolsos durante o primeiro período de cancelamentos provocado pela pandemia. Se as companhias aéreas forem lentas a processar os reembolsos após cancelamentos súbitos este verão, os clientes poderão nunca mais voltar a usar os seus serviços. Os viajantes poderão ter dado o benefício da dúvida às companhias aéreas durante o pico da pandemia mas é improvável que estejam tão clementes se problemas similares voltarem a acontecer nesta altura do campeonato”.