GlobalData: Será difícil equilibrar a retoma do turismo urbano na Europa com as necessidades dos locais

Desde o aparecimento das companhias aéreas low-costs e de unidades de alojamento de custo reduzido que a popularidade do turismo de city breaks aumentou significativamente no contexto das viagens dentro da Europa, diz a GlobalData. De acordo com os dados de uma análise da empresa, 38% dos inquiridos afirmaram que normalmente realizam este tipo de viagem, o que faz dela a terceira mais popular a nível global, atrás do turismo de sol e praia, e da visita a amigos e familiares.

Ralph Hollister, analista da GlobalData, lembra que “antes da pandemia de Covid-19, os aumentos constantes do turismo internacional em cidades como Barcelona, Amesterdão e Praga provocaram ressentimentos entre as comunidades locais, gerando pressão sobre os governos locais”.

Embora a pandemia tenha tido um impacto substancial no turismo urbano, com os viajantes a terem tendência para evitar áreas massificadas em 2020 e 2021, os europeus estão a começar a regressar às grandes cidades europeias com a confiança de estarem com a vacinação completa e as restrições a tornarem-se menos irregulares.

Para Hollister, “à medida que as cidades europeias mais populares reabrem aos turistas internacionais, os responsáveis turísticos devem usar este período de crescimento renovado para conseguirem o equilíbrio certo entre a rentabilidade económica e a garantia de uma boa qualidade de vida para os residentes. Por exemplo, será interessante monitorizar a reabertura de Praga ao turismo internacional”.

No meio da pandemia, os responsáveis do turismo em Praga declararam a sua intenção de usar esta pausa para criarem formas mais sustentáveis de turismo urbano para o futuro, que agradariam aos residentes. Antes da pandemia, a cidade estava a enfrentar problemas com turistas arruaceiros que congestionavam o centro da cidade e diminuíam a qualidade de vida dos locais. O novo foco resultante da pandemia em Praga foi orientado para a atração de turistas “de valor elevado” que ficassem mais tempo, gastassem mais dinheiro e, em geral, agissem de uma forma mais responsável durante as suas viagens.

O analista da GlobalData acrescenta ainda: “Esta vontade dos responsáveis turísticos de Praga de se renovarem através de campanhas de marketing e de imporem novas regras pode ser de curta duração já que o impacto económico da pandemia continua a perdurar. Com o turismo interno para a República Checa a continuar longe dos níveis pré-pandémicos, a União de Turismo Checa exigiu às autoridades de Praga que atuem depressa para impedir uma crise económica”.

Com os apoios financeiros relacionados com a Covid a terminarem agora para muitas empresas relacionadas com o setor do turismo por toda a Europa, as grandes cidades europeias têm uma vez mais de se focar na quantidade sobre a qualidade para estimularem a recuperação económica, aponta a GlobalData.

Hollister conclui: “Esta mudança potencial na estratégia poderá incomodar muitos locais que não dependem do turismo para os seus rendimentos. Contudo, é necessário reconhecer que muitos locais também vão defender o regresso do turismo de massas para poderem melhorar as suas finanças pessoais. A retoma completa do turismo de city breaks nos próximos anos complica a vida aos responsáveis das cidades, e vai sempre gerar controvérsia”.