O grupo internacional Atlantic Vacation Resorts pretende instalar na ilha cabo-verdiana da Boa Vista um resort com capacidade para 1.283 camas, em 498 unidades de alojamento, prevendo gerar 450 postos de trabalho diretos. A informação resulta do Estudo de Impacte Ambiental do projeto “Ocean Bay Resort And Spa”, que aquele grupo, com mais de 30 anos de experiência no setor dos serviços imobiliários e financeiros e na gestão de cadeias hoteleiras, pretende instalar na costa oeste da ilha da Boa Vista, uma das mais procuradas em Cabo Verde pelos turistas.
Vai ocupar, segundo o documento a que a Lusa teve hoje acesso, uma área global superior a 277 mil metros quadrados (m2) na freguesia São João Baptista, com uma área de construção de 32,7 mil m2 que se distribuirá por um complexo turístico com vilas, blocos de apartamentos e blocos de quartos. Prevê a construção de um edifício central de três pisos, cinco blocos de apartamentos com 84 unidades de alojamento e um total de 264 camas, 11 blocos com 385 unidades de alojamento, correspondentes a 925 camas, e 29 vilas com 94 camas, além de SPA, um ‘club’ para crianças, três restaurantes, um ‘sunset’ bar, um club Vip e zonas desportivas e de entretimento, entre outras.
Integram o projeto “Ocean Bay Resort And Spa”, em consulta pública desde meados de junho, quatro piscinas com mais de 1.000 m2, uma piscina VIP com 772 m2, um ‘beach club’ com 895 m2, além de piscinas para crianças.
Os promotores apontam que o investimento, não quantificado no documento, terá efeitos positivos na economia da ilha da Boa Vista, que “conhecerá uma injeção significativa, com uma dinâmica crescente de bens, equipamentos e serviços”, além de “proporcionar a expansão económica das empresas e serviços existentes”.
“De igual modo, diretamente, o empreendimento irá gerar uns 450 postos de trabalho permanentes, assegurando empregos qualificados ou semiqualificados para os trabalhadores locais”, lê-se no estudo, acrescentando que a entrada de turistas no país “permitirá a entrada de divisas, imprescindíveis para o equilíbrio da balança de pagamentos”.
“A diversidade de origem dos turistas fará aumentar o cosmopolitismo da Boa Vista, alargando e diversificando a sua cultura, através da interculturalidade com a população local”, refere ainda o documento, que também aponta medidas para mitigar algumas consequências ambientais do empreendimento.
Cabo Verde recebeu em 2019 um recorde de 819.308 turistas, 45,5% nos hotéis da ilha do Sal e 29,4% na Boa Vista, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística cabo-verdiano, num setor que representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago, mas a procura caiu cerca de 70% em 2020, devido à pandemia de covid-19.
Aquelas duas ilhas concentram também a maioria das 284 unidades hoteleiras que funcionavam em Cabo Verde antes da pandemia, então com uma oferta oficial em todas as ilhas superior a 21 mil camas. No Sal, com 30 unidades hoteleiras, a oferta era de 9.571 camas, enquanto nas 24 unidades na Boa Vista a oferta ascendia a 6.395 camas.