Grupo GEA reúne-se em Albufeira com os olhos no futuro

A 15.ª Convenção do Grupo GEA, rede de agências de viagens independentes, decorreu este fim-de-semana em Albufeira e contou com 300 agentes de viagens. O diretor-geral Pedro Gordon indicou aos jornalistas que, até setembro deste ano, o grupo está com um “crescimento sustentável e consolidado”, contando com 327 agências num total de 425 balcões.

Quebra de vendas para Caraíbas afeta resultados

No balanço geral de resultados, a GEA teve um “ano moderadamente positivo” com um crescimento global de 3 a 4%, apesar de o mesmo não ter sido tão elevado como em 2018, em relação a 2017, ou de 2017, em relação a  2016”. A destacar-se está o ticketing que registou um “crescimento de 10%”. Já os pacotes turísticos, o crescimento situou-se em “cerca de 5%” e nas reservas hoteleiras “aproximadamente 15%”.

Até ao dia 30 de setembro, os dois operadores com “maior volume”(Soltour em primeiro lugar e a Jolidey em segundo), registaram um decréscimo de 3%. Este valor justifica-se pela quebra nas vendas do destino “Caraíbas, com destaque para o  México e República Dominicana”, afirma Pedro Gordon. Por outro lado, a Solférias, que está em terceiro lugar, teve um “grande crescimento”, estando “empatada” com a Jolidey. Também a Nortravel, em quarto lugar, registou um aumento. Já a Soltrópico manteve os mesmos números do ano anterior, estando acima do Viajar Tours com 4 milhões de euros de diferença.

Quanto às centrais hoteleiras, até 30 de setembro e em relação ao ano anterior, a Veturis continua a liderar com um “crescimento de 6%”, correspondendo a “9 milhões e 500 mil euros”; em segundo, está a Bedsonline, com uma “recuperação acentuada de 27% em crescimento”, correspondendo a “3 milhões e 300 mil euros”; e a World2Meet, com mais de 2 milhões, mantém a terceira posição. A TourDiez e a Teldar Travel estão em quarto e em quinto lugares, respetivamente.

Pedro Gordon destacou ainda que, no 5.º ano de atividade, o TravelGea, consolidador aéreo do grupo, registou um “aumento de 20%”, estando previsto terminar o ano com “20 milhões de euros em faturação”.

Já sobre o mercado de cruzeiros nota-se um “crescimento moderado de um dígito”, com destaque para a MSC Cruzeiros, seguindo-se a Royal Caribean, Pulmantur  e Costa Cruzeiros.

Quanto aos destinos, Pedro Gordon refere que, mesmo com a “quebra” de Caraíbas, este continua a ser o destino “maior em termos de faturação”, seguido dos Baleares, Canárias (com um “pequeno decréscimo”), Tunísia (com “crescimento claro”), Saidia (com aumento) e Turquia (com “algum volume”). O diretor-geral realça que “o que se perdeu nas Caraíbas, foi-se nutrindo em outros”, realçando a “diversificação de destinos”. Acreditando que as “vendas antecipadas” deveriam ser o caminho ideal, o responsável indica o “excesso de oferta” como um problema. “O mercado não consegue regular o excesso de oferta”, afirma, exemplificado o caso de Caraíbas, onde o problema está na “dimensão do avião que opera o destino com 380 lugares”.

Ao longo do ano, para além da quebra das Caraíbas, um dos constrangimentos mais marcantes foi no México com o “aumento de sargaço”, um fenómeno natural e que o responsável classifica difícil “de controlar e de prever”. Além destes dois casos, também o constrangimento do aeroporto de Lisboa “continua por se resolver”, algo que não afetou o nível de operações: “Creio que não têm ocorrido perturbações”, refere.

No que diz respeito às vendas para o Natal e Fim-de-Ano, o diretor-geral da GEA, não adiantou resultados, frisando que “ainda é cedo”. No entanto, esse facto “não quer dizer nada” porque a qualquer momento as vendas podem “disparar”.

Setor vive “uma grande mudança”

Com os “olhos no futuro”, o Grupo GEA está a preparar-se para se “dotar de uma tecnologia e de ferramentas que nos permitem competir com eficiência” perante “players mais fortes” que possam surgir. Exemplo disso foi a apresentação da Ofibooking B2B, uma plataforma que tem já implementado um “motor de hotéis”. Com a Ofibooking, é possível à agência de viagem ter um “meio onde, numa só pesquisa, possa procurar, comprar, informar e reservar diretamente com o hotel”. Para o futuro o objetivo passa por tornar a plataforma “B2C”.

A Convenção serviu ainda para abordar “novas realidades” ligadas ao New Distribution Capability (NDC) e ao Global Distribuition System (GDS). Pedro Gordan não tem dúvidas quanto ao GDS como sendo os “grandes parceiros” dos agentes de viagens, notando que o setor está a viver uma “grande mudança”, sendo “obrigatório” o processo de reinvenção. “Cada dia que passa o desafio é maior”, sustenta. Já sobre o NDC, o diretor-geral considera que, a curto-prazo, possa trazer duas consequências: “uma perda brutal de eficiência na emissão do ticketing” (um processo que, antes demorava apenas “cinco minutos” e agora passou “para 20 minutos”) e a “perda de rentabilidade por não remuneração de segmentos aéreos”.

O momento serviu ainda para Pedro Gordon “louvar” o município de Albufeira pelo “acolhimento” e ter “apostado” na Convenção, ao contrário do Turismo do Algarve que “declinou qualquer tipo de apoio por causas orçamentais”, esclarece o responsável, acrescentando que esta rede “representa 20% do mercado nacional. Não consigo entender a falta de apoio”, remata.