GuestCentric debate relevância e vantagens do GDS para os hotéis

No seguimento da aquisição da Great Hotels Of The World há um ano atrás, a GuestCentric organizou esta quinta-feira, dia 2 de novembro, uma conferência subordinada ao tema “É o GDS ainda um canal relevante?”, que contou com a participação de Michael Territ, diretor regional para o Reino Unido e Norte da Europa da GuestCentric. Com este evento, que decorreu no Inspira Santa Marta Hotel, em Lisboa, a GuestCentric pretendia partilhar com hoteleiros diversas formas de como podem os serviços de GDS aumentar a visibilidade online e receitas através do mercado corporativo.

A verdade é que, nos últimos anos, e com o aparecimento de formas alternativas para reservas em hotel, o debate em torno da utilização do GDS tem vindo a aumentar. Ainda assim, na opinião do Pedro Colaço, CEO da GuestCentric, trata-se de uma questão de “má interpretação”. Recorde-se que o chamado Global Distribuition System (GDS) consiste num sistema em rede que permite às agências de viagens e aos seus clientes ter acesso a dados, preços e possibilidades de reservas de viagens.

De acordo com Michael Territ, a invenção da Internet revelou a ideia de que “o GDS já não seria necessário” e que as reservas de viagens seriam feitas através das novas plataformas digitais. Ainda assim e, através de um conjunto de dados apresentados, o responsável demonstrou que só em 2016 foram realizadas 68 milhões de reservas via GDS e que, todos os dias, 600 mil agentes de viagens utilizam a plataforma para reservas. Além disso, sublinha, 95% das reservas encontra-se no segmento de business, sendo que, só em 2016, o GDS faturou 115 mil milhões de libras em vendas. A título de exemplo, Michael Territ acrescentou ainda que, no ano passado, a utilização do sistema global em Lisboa aumentou 14,9%.

De entre as principais vantagens de pertencer ao GDS, Michael Territ, sublinha o conjunto de categorias de viagens disponibilizadas aos agentes de viagens que ajudam a direcionar a oferta ao tipo de produto procurado pelos clientes. Por outro lado, para os hotéis que não têm “chain code”, o GDS pode dar essa representação, acrescentando ferramentas de carácter tecnológico e visibilidade nas reservas.

Em declarações ao Ambitur.pt, Pedro Colaço, CEO da GuestCentric, considera que atualmente o GDS é um “bom canal” sobretudo para os hotéis que queiram apostar no segmento de coporate. “Se nós olharmos historicamente, as Online Travel Agencies (OTAs) foram uma ótima notícia para a maioria dos hotéis porque estavam habituados a pagar 30% a 35% aos agentes e passaram a pagar 15% a 20%. No entanto, o que tenho visto é que essa percentagem tem vindo a aumentar nos últimos 10 anos, porque as OTAs lançaram programas em que dão mais visibilidade a quem lhes paga mais comissões e, inevitavelmente, há hotéis mais disponíveis a pagar. Ao contrário, no GDS, o nível de comissão média tem estado estável e é o próprio hotel que decide quanto dá aos agentes de viagens”, explica.

Relativamente às comissões pagas pelos hotéis aos agentes de viagens, bem como aos custos associados à presença no GDS, Pedro Colaço refere que “a comissão média no GDS está à volta dos 8%”, onde se junta o custo adicional de um “fee transacional” que pode dificultar a vida aos hoteleiros, quando os preços nas unidades hoteleiras praticados são baixos. No caso de Portugal, em especial de Lisboa, o preço tem subido para valores mais significativos, o que facilita a operação em termos de custos. “Acho que para Portugal, nas unidades que estejam a apostar no mercado norte-americano, o GDS é um bom canal porque tem um custo baixo e dá visibilidade”, frisa.

Crescimento e consolidação
Um ano depois da aquisição da Great Hotels Of The World, a GuestCentric quer arrancar nos próximos meses com a comercialização do GDS em Portugal. Com um portfólio de cerca de 300 clientes, a empresa internacional com sede em Portugal registou, até setembro, um crescimento de 60% ao nível da faturação.

Pedro Colaço acrescenta ainda que a GuestCentric tem como objetivo ser “parceira dos hotéis independentes e dos pequenos grupos, e dar-lhes as ferramentas que eles sozinhos não conseguem ter, seja ao nível tecnológico, de serviços ou de uma marca agregadora”, termina.