Esta é a opinião de Cristina Siza Vieira, presidente executiva da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, demonstrada durante uma mesa redonda que teve lugar hoje, promovida pelo IPDT, a propósito do lançamento da 15ª edição da Revista de Tendências Turismo’21. “Há necessidade de capitalizar o próprio turista” pois, explica a responsável, este continua a ser sensível às questões financeiras e de preço. Ou seja, adianta, têm que existir “estímulos para que este fique na nossa hotelaria”. E dá o exemplo de Malta, um destino cuja procura cresceu bastante muito recentemente como resultado de um apoio governamental em dinheiro, no valor de 200 euros, para cada turista, para compensar o custo que teve com a hotelaria local.
Por cá, também a Câmara Municipal de Ourém implementou uma campanha – “10 0001 Noites” – para dinamizar o setor da hotelaria e da restauração, oferecendo uma noite extra e um voucher para refeição na reserva de uma ou mais noites num hotel do concelho. E a dirigente associativa confirma que houve resultados: “em Fátima observaram-se algumas surpresas na hotelaria nestes últimos fins-de-semana”, garante, adiantando que o município “tem sido um parceiro que tem levado a um acordar do turismo interno” para esta região, já que os visitantes nacionais de Fátima normalmente não pernoitavam e registaram-se alguns grupos.
O que significa que o turista precisa de estímulos, que podem passar pela oferta do PCR, por uma noite extra oferecida, entre outros, “mas que não pode passar apenas pela hotelaria, que está no limite das suas forças”, recorda Cristina Siza Vieira. “Há a necessidade de um estímulo adicional na concretização da reserva”, sublinha, até porque, lembra, “vamos ter muitos a competir num mercado mais estreito”.
“Houve algumas ruturas no modelo de negócio da hotelaria”
A representante da AHP falou ainda, durante esta mesa redonda, do facto de na hotelaria, ao contrário do que aconteceu no turismo em geral, ter havido “algumas ruturas no modelo de negócio”. A verdade é que a pandemia de Covid-19 “não trouxe ruturas no nosso modelo de negócio de ver o turismo”, apenas “acelerou tendências”. Mas o mesmo não se passou com os hotéis.
Cristina Siza Vieira dá o caso das tarifas não reembolsáveis, que vieram ter um forte impacto na tesouraria das empresas hoteleiras. “Como contar com reservas quando tudo é reembolsável, cancelável ou alterável”, questiona, rematando que estas são “dores de ajuste na hotelaria”.
Por outro lado, a nível das infraestruturas hoteleiras, a oradora não tem dúvidas: “temos a excelência” e profissionais excelentes que souberam adaptar-se a estas mutações, muito centrados no cliente. “A hotelaria vai adaptar-se muito bem” a esta nova realidade do pós-Covid, garante.