A partir de junho de 2021, Coruche vê duplicar a oferta de alojamento na região com a abertura do Hotel Santa Justa. A nova unidade parte do investimento de um emigrante português que sempre quis investir no seu país. A unidade parte de uma antiga estalagem e pretende “recriar um ambiente familiar caseiro”. A Ambitur.pt falou com o empresário, Jorge Soares, para descobrir quais os desafios que o projeto enfrentou em tempos incertos.
Jorge Soares vive há cerca de 18 anos em Toronto, no Canadá, mas desde há muitos anos que acalentava o “desejo” de “investir em Portugal”. Com família em Leiria, “foi em Coruche que surgiu a oportunidade de recuperar um espaço encerrado”, a antiga Estalagem do Sorraia. Face à distância geográfica que o ‘separa’ do projeto, contactou desde logo o amigo de longa data Eduardo Lopes, co-founder & Partner da WHM – Welcome Hospitality Management, gestora de ativos hoteleiros, que acompanha todo o processo. “Só com eles aqui foi possível investir a partir do Canadá”, refere, acrescentando que “foi essencial contar com um parceiro nacional” e que “se existirem mais apoios assim haverá mais emigrantes portugueses a querer investir no seu país”.
Iniciar um projeto destes, durante a Covid-19, “foi ao mesmo tempo um desafio e uma oportunidade”, afirma Jorge Soares, pois “exigiu-nos uma adaptação a tecnologias que conhecíamos mas que acabávamos por não usar tanto” e “as reuniões semanais nas plataformas online acabaram por ser mais regulares e eficazes que na antiga versão presencial”. Um ponto positivo foi que tornou possível “dedicar mais tempo ao projeto e inserir pormenores interessantes, que estavam pensados desde o início e assim tiveram oportunidade de serem logo concretizados”.
Recriar um ambiente familiar caseiro”
Num investimento de cerca de três milhões de euros, incluindo a aquisição do espaço e as obras de reconversão, iniciadas em novembro, o Hotel Santa Justa terá 44 quartos além de vários espaços para eventos. Da antiga Estalagem do Sorraia, Jorge Soares explica que “vai ficar muito pouco”. “Iniciámos agora a demolição e está tudo em remodelações. Dos quartos, à piscina interior que vai nascer, até a entrada do hotel muda de localização. O Santa Justa vai estar num espaço novo e irreconhecível em relação ao que era.”
A unidade procura “recriar um ambiente familiar caseiro”, com a “componente alentejana e ribatejana pela proximidade às duas realidades”, através da cozinha aberta com showcooking e lareira exterior, entre outras especificidades. Acrescenta-se a “parte tecnológica” que terá “destaque” no hotel, com a utilização do smartphone nos acessos, keyless rooms e app para os clientes, e a “sustentabilidade” com recurso a energia fotovoltaica e “plantação de hortícolas e ervas aromáticas para consumo no próprio restaurante”, descreve o responsável.
Coruche fica a um hora de viagem de Lisboa e Évora e a 15 minutos da Barragem de Montargil. Na região, “os desportos de pesca, a canoagem, a equitação, a observação de aves, o balonismo e a gastronomia muito caraterística, são experiências a aproveitar”, sublinha Jorge Soares. Além de duplicar a oferta de alojamento na região, a unidade irá ainda criar entre 15 a 20 postos de trabalho.
Portugal é um destino turístico interessante a considerar para quem quer investir”
No papel de investidor, Jorge Soares argumenta que se deve apostar no destino Portugal por este ter ficado “várias vezes em primeiro lugar nos diferentes prémios de turismo” o que, na sua opinião, constitui um “indicador importante que nos mostra que quem vem de fora valoriza o que encontra em Portugal: a paisagem, a cultura, a história, a gastronomia e o acolhimento dos portugueses”. Em adição, o empresário reflete que “já me aconteceu, por diversas vezes, ser o único português no avião de Toronto para Lisboa. Todos os outros passageiros eram turistas canadianos ou americanos” e é por isso que “acredito que Portugal é um destino turístico interessante a considerar para quem quer investir”.
Além disso, sobre a aposta no turismo rural, o responsável comenta que: “Se perguntarmos aos hotéis rurais nacionais como passaram este verão, é possível que muitos deles tenham registado melhores taxas de ocupação que nos anos anteriores.” Em tempos de pandemia, Jorge Soares atenta que “o Alentejo e o turismo rural, em geral, teve e vai continuar a ter mais procura, pela sensação que transmite de segurança, menos pessoas e mais espaço disponível para cada um”.
*Créditos de imagem: Telmo Ferreira, Câmara Municipal de Coruche