Hotelaria: “Sentimos que este é um equilíbrio precário”

A recuperação do turismo está a ser mais forte do que se previa. Portugal irá liderar este processo em 2022, segundo projeções da Comissão Europeia. Mas Bernardo Trindade, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), em entrevista ao Expresso, adverte que havendo previsões das ocupações e receitas igualarem ou mesmo superarem 2019 existem ainda muitas incertezas e constrangimentos, sobretudo derivados da guerra na Ucrânia.

Para o responsável, questionado quanto poderá atingir o aumento das receitas nos hotéis em 2022, considera: “Não se consegue ainda quantificar, falando com os nossos associados sentimos que estão criadas as condições para atingir níveis de ocupação idênticos a 2019, podendo vender melhor. Mas isto é do ponto da receita, vendo do lado da despesa estamos a ser confrontados com vários fatores, em resultado da guerra na Ucrânia temos cadeias de distribuição que foram interrompidas, e com uma inflação generalizada dos custos de produção, como eletricidade, gás, alimentação, e de forma geral em todos os serviços que compõem a oferta hoteleira. Temos conseguido refletir parte destes custos no preço de venda ao cliente. Mas até quando? É uma pergunta para a qual não temos resposta, não sabemos quanto tempo mais demora esta guerra, que continua a ser uma ameaça muito forte, ou se se conseguirão construir alternativas do ponto de vista de fornecimento de forma não inflacionar tanto os preços. Permanece um conjunto de interrogações que são muito significativas. Estamos a recuperar, dá-nos ânimo em relação ao futuro, mas sentimos que este equilíbrio é precário. E sem esquecer que vimos de dois anos desastrosos, com os hotéis fechados, os colaboradores em casa, os clientes impedidos de vir, e os nossos balanços ainda serão fortemente marcados, na demonstração de resultados, com o que se passou em 2020 e 2021.”