Hoteleiros algarvios cautelosos com retirada de Portugal da lista vermelha britânica

Os empresários da hotelaria do Algarve mostram alguma cautela em relação às consequências da decisão do Governo britânico em retirar Portugal da lista vermelha de países cujos viajantes estão sujeitos a quarentena em hotéis no Reino Unido. “Ainda é muito cedo, vamos esperar para ver. Essa lista vermelha diz respeito apenas às pessoas que regressem ao Reino Unido, onde o desconfinamento só acontece a 17 de maio”, disse à Lusa o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).

Para Elidérico Viegas, a decisão vai beneficiar acima de tudo “quem trabalha em Inglaterra e quer regressar ao seu país” e, eventualmente, quem tenha “uma segunda residência” no Algarve, recordando que Portugal “ainda não recebe voos do Reino Unido”. “Estamos a especular muito, as nossas previsões para este ano são essencialmente de procura interna, com alguma procura externa, que acabará por existir, mas vamos com calma, porque o transporte aéreo não está completamente assegurado”, realçou.

O Reino Unido anunciou esta segunda-feira que vai autorizar os voos diretos e retirar Portugal da “lista vermelha” de países cujos viajantes estão sujeitos a quarentena em hotéis no Reino Unido a partir de sexta-feira. Todavia, as ligações aéreas não deverão ser retomadas imediatamente, já que o Governo português prolongou até 31 de março a suspensão dos voos, comerciais ou privados, com origem ou destino no Reino Unido e Brasil.

Apesar deste alívio das restrições, o regime de confinamento devido à pandemia de covid-19 mantém-se em Inglaterra, pelo que continua a ser proibido viajar sem justificação válida, como férias, e a circulação está essencialmente limitada a nacionais e residentes dos dois países.

Para Elidérico Viegas ainda há “muitos fatores de incerteza em cima da mesa” e apesar do desejo para que o turismo possa reabrir, alertou que “isso não vai acontecer de um momento para o outro”. “Essas coisas requerem alguma paciência porque esta situação não se vai resolver com um estalar de dedos, nem com declarações de boa vontade”, apontou.

O dirigente da maior associação hoteleira algarvia realçou que se o desconfinamento se mantiver como previsto, Portugal vai ter de “montar uma logística” que permita que os turistas realizem testes à covid-19 antes de regressarem ao seu país, essencial para que não tenham de entrar em quarentena. No entanto, sublinhou, há ainda dúvidas sobre “quem vai pagar os testes, quanto custam e quem os vai fazer”. Outro aspeto a ter em conta é a confiança dos turistas, já que o Reino Unido estima ter a população vacinada “até ao final de maio” e Portugal apenas “no final de setembro”, concluiu.