O impacto do negócio de aluguer de apartamentos e casas nas principais cidades espanholas através de plataformas online P2P foi o mote de José Luis Zoreda, vice-presidente da Exceltur no segundo painel do 27º Congresso da AHP.
O responsável apresentou à plateia de hoteleiros nacionais casos concretos da realidade espanhola, com especial incidência nas cidades de Madrid e Barcelona, tendo como base um estudo elaborado pela EY (antes Ernst &Young), e a consultora Nielsen, que analisaram as motivações de 2.200 viagens realizadas a Espanha por turistas dos quatro principais mercados de origem (Reino Unido, Alemanha, França e Espanha).
O responsável focou que grande parte da oferta exposta nas plataformas P2P integra a economia paralela e tem um potencial fiscal adicional de alcançar 800 milhões de euros.
José Luis Zoreda adverte que esta atividade tem também um efeito perverso na vivência osurbana. Cerca de 59% de residentes nas zonas com maior concentração desses alugueres percebem uma perda de qualidade de vida, que advém de fatos diversos, tais como o ruído, segurança, entre outros.
O empresário espanhol argumenta que esta atividade “joga com uma habilidade extraordinária de marketing, em que o argumento da crise e de ajudar as famílias a viajar e gastar menos dinheiro, acaba por não acontecer”. Estes fatos alicerçados a “trabalharem com advogados que sabem mexer com todas as zonas cinzentas da legislação dão força à atividade em Espanha”.
O responsável da Exceltur deixou algumas recomendações, também fruto do estudo da EY e da Nielsen, tais como criar e promover um marco legal e posicionamento mais coordenado e comum para ordenar este fenómeno.
A questão da segurança também está entre as recomendações, tema que para Luís Alves de Sousa, Administrador dos Hotéis Heritage, é essencial neste tipo de alojamento uma vez que “a falta de segurança começa na falta de identificação dos turistas”, que fazem toda a transação online e não tem contato com ninguém, nem se expõem.
O hoteleiro português reforça, ainda, que a questão da segurança está alargada também às estruturas: “Como é que um apartamento edificado, por exemplo em Lisboa, para um agregado familiar de 5 a 6 pessoas, recebe diariamente mais de 30 pessoas a dormir em camaratas?”.