“Hoteleiros vs Hosteleiros?”: falta de rigidez na legislação facilita Alojamento Local

Dificuldades no licenciamento, burocracia e diferentes visões sobre o mercado e o setor do turismo, foram alguns dos principais temas em discussão no debate promovido, esta semana, dia 12 de julho, pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).

Sob o mote, ‘Hosteleiros vs Hoteleiros’, a AHP decidiu convidar Miguel Simões de Almeida, da Alma Lusa Baixa-Chiado, e Bernardo D’Eça Leal, do The Independente Hostels & Suites, ambos administradores de unidades de Alojamento Local e associados da AHP, que traçaram perspetivas sobre o posicionamento que os investidores têm tido relativamente ao setor.

Num debate, moderado por Cristina Siza Vieira, presidente da direção executiva da AHP, Miguel Simões de Almeida começou por falar dos processos de licenciamento como um “ponto de calvário”, que dificulta a instalação e edificação de uma unidade hoteleira. Visão partilhada por Bernardo D’Eça Leal, sendo que ambos realçaram a pouca rigidez da atual legislação face aos estabelecimentos de Alojamento Local (AL), como os hostels.

Foi também devido a estas mudanças que Miguel Simões de Almeida decidiu optar pela opção mais célere, ou seja, a de alojamento local, sobretudo tendo em conta o chamado ‘time to market’, encontrando assim, uma forma “mais rápida para pôr o investimento a funcionar”.

Por seu lado, Bernardo D’Eça Leal falou do seu background mais ligado à parte de construção e desenvolvimento de projetos, frisando que o The Independente Hostels & Suites, não deve ser rotulado como um hotel, mas também não deve ser nomeado como hostel. “Criámos um espaço e um restaurante que estivesse aberto à cidade, porque queríamos atrair os locais”.

Outro dos pontos referidos neste debate recaía sobre a dificuldade no acesso ao financiamento e na distribuição em plataformas digitais como a Booking ou a Expedia, que dificulta a visibilidade do alojamento local face às unidades hoteleiras tradicionais.

No entanto, referem, o alojamento local veio absorver uma parte da procura do mercado e na sua perspetiva, Bernardo D’Eça Leal, aponta as “guest houses e os hostels como inputs criativos”, visto que trouxeram “uma nova mentalidade” a um mercado dominado pelos grandes grupos hoteleiros.

O Alojamento Local em números
No início do debate, Cristina Siza Vieira, presidente da direção executiva da AHP começou por revelar que a 6 de julho de 2017 estavam registados em Portugal 44.427 unidades de alojamento local, dos quais 441 hostels, num total de 241.980, 22.050 das quais em hostels, sendo que 54% pertencem ao alojamento local contra 46% pertencentes às unidades hoteleiras. No RNET, o número de hotéis em território português é de 1238, dos quais 36 pousadas e 140 hotéis-apartamento, num total de 204.475 camas.

Por concelhos, em Lisboa, existem 8.752 unidade de AL, num total de 49.655 camas, 6.500 em hostel. Quanto ao número de hotéis, existem atualmente 192 unidades,  com 36.511 camas.

No distrito de Lisboa, estão registados 11.407 estabelecimento de AL, dos quais 176 na categoria de hostels. Na região, a divisão de camas está entre 58% para o AL e 42% para os hotéis. No todo nacional, o concelho representa 20% da oferta de AL e o distrito ascende aos 26%.

No concelho do Porto, estão registasdas 3.650 unidades de AL , dos quais 30 hostels, que representam 19.600 camas. No RNET encontram-se registados 79 hotéis e 12 mil camas. Neste mercado, o AL representa 62% da oferta, sendo que no distrito do Porto estão contabilizados 4.537 AL e 46 hostels. O concelho do Porto tem um peso de 11% na oferta de AL nacional e o distrito de 16%.

Por fim, no Algarve, distrito de Faro, onde a oferta de AL é mais significativo, o distrito de estão registados 20.239 estabelecimentos de AL, dos quais 39 hostels, num total de 105 mil camas. O número de hotéis é de 135, com 41.608 camas. Ou seja, o AL representa 72% da oferta de alojamento local e 46% no todo nacional.