Hoti Hoteis: “Estamos a tomar medidas para maximizar a nossa exposição e minimizar as perdas”

Os grupos hoteleiros enfrentam uma nova realidade perante a pandemia da Covid-19. Na Hoti Hoteis, quatro unidades nunca chegaram a encerrar mas os restantes hotéis começaram a reabrir portas logo no início de junho, estando esse processo concluído até ao princípio do mês de julho. Todas as reaberturas foram feitas após a certificação Clean & Safe, com introdução de standards de higiene sanitária adicionais, decididos em conjunto com a Meliá Hotels International. Em julho, diz-nos Miguel Caldeira Proença, CEO da Hoti Hoteis, ficou assegurada a presença do grupo em todos os destinos nacionais nos quais marca presença, com um total de 15 unidades em funcionamento, tendo-se mantido encerrados o Tryp Lisboa Oriente e o Meliá Maputo Sky. “As reaberturas foram marcadas por contrastes, muitos desses padrões eram expectáveis, com impactos muito fortes na zona das grandes cidades e na Madeira, e impactos relevantes, mas menos pronunciados, nas restantes localizações”, adianta o responsável à Ambitur.pt.

Neste cenário, o grupo fechou o mês de agosto com uma quebra global do acumulado ano de 62% face ao ano anterior, fixando as receitas globais em 20 milhões de euros para este período. Dada a distribuição geográfica da oferta da Hoti Hoteis, o CEO prevê que a quebra se acentue até ao final do ano, situando-se entre os 65% e os 68% para o total do ano de 2020. Foi na Região Centro que se verificaram quebras menos acentuadas, sendo que as descidas mais acentuadas estiveram associadas, por ordem de gravidade, à região do Porto, Funchal e região de Lisboa.

Quanto à recuperação sentida nos meses de julho e agosto, ainda com reflexos em setembro, Miguel Caldeira Proença assegura que “é temporária e resulta da necessidade inadiável de gozar férias, depois de um período alargado de confinamento exigido, e permitiu níveis interessantes de ocupação neste período, com as origens claramente centradas no mercado ibérico”.

O responsável diz ser “compreensível que exista um equilíbrio instável entre alguma habituação dos cidadãos à existência do vírus, gerando mais estadias, à qual se siga uma subida dos contágios, seguida de medidas mais restritivas, forçando a diminuição das estadias”. Perante este cenário, reconhece ser desejável “que o crescimento gradual da atividade fosse compatível com a diminuição gradual da incidência da doença, mas isso não está a ocorrer em nenhum país, pelo que se confirma que não teremos recuperação sólida enquanto a população europeia não estiver vacinada em percentagens relevantes”.

Pensando nos próximos meses, Miguel Caldeira Proença admite estar cético, dada a composição eminentemente urbana da oferta do grupo hoteleiro, mas adianta estar a analisar com atenção a evolução de fatores críticos para os níveis de atividade turística, tais como a frequência de voos em Lisboa e no Porto. “Setembro e outubro marcariam o momento do regresso em força das cidades, com muito movimento de City Breaks, MICE e Corporate. Estes segmentos necessitam de uma perceção clara de segurança sanitária, que não existirá nos próximos meses, sendo de esperar que os potenciais clientes limitem deslocações e eventos ao indispensável”, explica o CEO da Hoti Hoteis. Mas esclarece também que o grupo está “a tomar medidas para maximizar a nossa exposição e, neste cenário, minimizar as perdas”.

Neste momento, o objetivo é manter em funcionamento o maior número de unidades possível, já que os incentivos atualmente disponíveis têm como prioridade o retorno à atividade, refere o responsável. E, além disso, a Hoti Hoteis irá abrir, até ao final do ano, o Moxy Lisboa Oriente, o primeiro desta marca em Portugal. Mas Miguel Caldeira Proença não nega que poderá fazer sentido considerar alguns encerramentos temporários em localizações onde o grupo tem mais do que uma unidade (nomeadamente no Porto, Lisboa e Funchal).

Por outro lado, diz o CEO do grupo hoteleiro, “a existência de apoios à formação, conforme proposto pela AHP e atualmente previsto, será de grande utilidade porque nos permitirá melhorar a adequação das equipas aos níveis de ocupação, melhorar o desempenho futuro dos nossos colaboradores e evitar perdas tão significativas”. Acrescenta ainda que “este tipo de medidas são cruciais, criam condições para uma estrutura de custos compatível com níveis baixos de ocupação e, assim, permitem que tenhamos em operação mais hotéis”.