O que é hoje a Picos de Aventura? A “navegar” entre o passado e o futuro, a empresa procedeu a uma estruturação e desenvolvimento nos últimos 10 anos e projeta atualmente a próxima década. Mas, ao fim de contas, quais os vetores que dão conta da realidade e dimensão da empresa em 2022? Em conversa com a imprensa turística nacional, durante a comemoração dos 20 anos da empresa, em Ponta Delgada, os responsáveis da Picos Aventura fizeram um ponto da situação.
Apesar de a Picos de Aventura ter os passeios de observação de cetáceos como atividade número um em mar, em terra é o canyoning que se impõe. Mas a empresa tem uma abrangência maior, na qual se destacam produtos e serviços em São Miguel e na Ilha Terceira, numa equipa com 27 colaboradores. Se há 10 anos, altura em que o acionista Newtour entrou na empresa, “os produtos existentes eram muito deficitários e pouco eficientes na resposta, tínhamos falta de serviço, apesar da dedicação enorme dos recursos humanos que cá estavam, mas eram poucos”, como refere Carlos Batista, administrador da empresa; hoje a situação é muito diferente.
Tiago Botelho, responsável da Picos Aventura na vertente terra, específica que “no território temos atividades pensadas no sentido de proporcionar uma experiência transversal de toda a ilha, de leste para oeste, em que as pessoas têm a possibilidade de experimentar diferentes experiências em diferentes zonas da ilha de São Miguel numa interação com a sua cultura, gastronomia e com aquilo que os Açores representam”. Ao nível de produtos e serviços, a empresa de animação turística oferece em primeiro lugar caminhadas em toda ilha, sendo que esta é coberta por uma boa rede de trilhos. Na parte Oeste da ilha de São Miguel, o operador baseia a operação nas Termas da Ferraria com passeios de bicicleta nas Sete Cidades e passeios de Jeep. Na zona mais central, que envolve Ponta Delgada e Ribeira Grande, a Picos de Aventura explora o canyoning, no Salto do Cabrito, Ribeira Grande, na costa a Norte da Lagoa do Fogo. A leste na zona das Furnas, “que sempre tiveram uma grande representatividade naquilo que é a operação de terra da Picos de Aventura, é aí que desenvolvemos a nossa principal atividade de canoagem e onde oferecemos uma das experiências que têm mais procura ao longo dos tempos, que é o combinado de canoagem com passeios de bicicletas ou com visita ao Parque Terra Nostra”, indica Tiago Botelho. Continuando na oferta do operador segue-se uma das pontas da ilha, no lado nordeste, a zona da Ribeira dos Caldeirões, freguesia da Achada, “que é o nosso parque de diversões, onde dinamizamos a atividade de canyoning, onde levamos milhares de pessoas todos os anos e um dos ex-libris em termos de oferta regular de atividades em terra”, acrescenta o responsável.
Taylor made
Mas salienta o responsável que “se formos a pensar naquilo que são os programas feitos à medida, aí corremos a ilha de ponta a ponta, fazemos atividades e experiências à medida, onde temos feito um investimento muito grande ao nível de novas parcerias”. Neste contexto, é hoje possível a empresa responder a pedidos para famílias, grupos, incentivos, abrangendo oferta de passeios de buggy, experiências gastronómicas, produção de vinho, entre outros. Refere Tiago Botelho que “estamos sempre atentos nesse sentido, a tentar dinamizar cada vez mais e personalizar essas experiências dentro daquilo que são os nossos programas feitos à medida”.
Para o responsável, “devido aos investimentos que temos feito, conseguimos dar resposta a um público muito variado, desde famílias com crianças a pessoas com mais idade. Aqui falo da observação de baleias e golfinhos, que fazemos em semirrígidos, no nosso barco de fibra e em catamaran”. De acordo com o entrevistado, “em terra também conseguimos oferecer uma certa segmentação, temos atividades que apelam a um público mais jovem, o canyoning, os passeios pedestres, as canoagens, os passeios de bicicleta, mas depois temos os nossos tours que são feitos em carrinha ou autocarro, que abrange um leque muito mais alargado”.
Por outro lado, indica Tiago Botelho que “na parte das experiências feitas à medida, o que notamos é que há uma evolução também da parte da procura. Vimos de um período em que essas experiências feitas à medida vinham por parte de empresas ou para eventos, mas aquilo que se nota, e principalmente do mercado norte- americano, é que há um apelo muito maior a experiências taylor made por famílias, casais, pessoas que apreciam a ilha de uma forma ativa, com uma vontade maior de fazer experiências à medida, ou porque procuram informação na internet ou porque já experienciaram certas coisas em outros destinos, querendo replicar determinada experiência nos Açores, com as suas particularidades”.
Resumindo, o responsável considera que “o público que servimos é variado, vasto, de certa forma segmentado, e aparte termos muita versatilidade e flexibilidade na criação de itinerários à medida, permite que tenhamos uma resposta muito mais efetiva aos pedidos que nos são chegados. Esta capacidade permite-nos oferecer serviços de valor acrescentado. Até porque o conceito de taylor made requer uma preparação efetiva da experiência da pessoa, requer que haja contactos com parceiros, um delinear de atividades, que haja muita preparação nesse sentido, isso não se consegue de um dia para o outro”.
Carlos Baptista, administrador da Picos de Aventura, complementa que “os produtos em que temos apostado são o canyoning, van tours (furnas e piscinas de águas naturais), canoagem, passeios pedestres, entre outros. Temos procurado trabalhar as dinâmicas destes produtos no sentido de poder combater aquilo que é a sazonalidade e que se instala à data de hoje sobre o destino e sobre a nossa empresa e, adicionalmente, trabalharmos aquilo que é uma resposta ao segmento MICE”. Recorda o responsável que o segmento MICE já foi trabalhado “e muito bem no destino Açores, havendo na altura uma época alta que incidia em julho/agosto, hoje já será mais estendida, maio/setembro, mas nestas pontas há muito por fazer e temos apostado na dinâmica de grupos e incentivos”. Adianta o responsável que, este ano, “apesar de ser um segmento que está a retomar de forma mais lenta no pós-pandemia, já tivemos um grupo de cerca de 125 pessoas o que para nós é positivo tendo a consciência do contexto”. Indica ainda que “para além destes dois vetores procuraremos intervir sobre a sazonalidade no futuro criando mais dinâmicas de animação turística aos clientes que nos visitam no inverno. Atenção que os Açores têm condições extraordinárias ao turismo durante o inverno. Chamo a atenção que há determinados segmentos e produtos que, à data de hoje, podem ter um melhor usufruto durante o inverno, as piscinas naturais, o canoying, entre outros”.
Hoje, a Picos de Aventura tem seis barcos, cinco carrinhas, 20 bicicletas, 20 canoas e capacidade instalada para canoying (40 clientes hoje em dia). Refere ainda Tiago Botelho que, muitas vezes, expandem a operação através de equipamentos que são fretados ao dia, como autocarros, conseguindo fazer complementos, com os guias que têm na empresa conseguem depois operacionalizar muito mais atividades, com grupos maiores ou mais pequenos. “Ou seja, em operações de maior envergadura recorremos a parceiros”, complementa o responsável.
Para Carlos Baptista, esta capacidade que a empresa apresenta hoje, resulta de um investimento em meios físicos: “é preciso equipa. À data de hoje, fixos na Picos Aventura ao longo de todo o ano, somos 27 colaboradores, nas épocas altas atingimos os 40 colaboradores. Já falamos de uma dimensão considerável, com os respetivos custos de estrutura, sendo a forma de tirarmos proveito da nossa capacidade instalada”.
A empresa ainda dispõe de espaço físico, que inclui atendimento ao público e de apoio às atividades que realiza em três pontos de São Miguel: Marina de Ponta Delgada, Avenida Marginal e Lagoa das Furnas.
Este artigo está enquadrado numa série de textos sobre a atividade da empresa Picos Aventura, efetuado no âmbito das comemorações do 20º aniversário da empresa
Por Pedro Chenrim, nos Açores, a convite da Picos de Aventura.