INE: Impacto positivo da abertura do corredor aéreo entre o Reino Unido e Portugal

Além de avançar a atividade turística de setembro, o INE procurou ainda analisar o impacto da abertura do corredor aéreo entre o Reino Unido e Portugal.

De forma a minimizar os impactos da pandemia Covid-19 no seu território, o Reino Unido definiu uma lista de países ou territórios que considerava apresentarem menores risco de contágio (“travel corridors”), o que implicava que as pessoas que chegavam ao Reino Unido de países ou territórios presentes nessa lista não necessitavam de efetuar quarentena obrigatória de 14 dias.

O governo britânico anunciou a 20 de agosto que, a partir do dia 22 de agosto, quem entrasse em Inglaterra vindo de Portugal não teria de ficar em quarentena obrigatória. Posteriormente, a 10 de setembro, anunciou que, a partir do dia 12 de setembro, quem viajasse de Portugal teria de efetuar quarentena obrigatória.

O mercado britânico é, tradicionalmente, o principal mercado emissor para Portugal, tendo representado 19,1% do total de dormidas de não residentes registadas em 2019 (19,6% em 2018) e 16,3% no conjunto dos nove meses de 2020 (19,3% em igual período de 2019).

No conjunto dos dois primeiros meses de 2020, o mercado britânico apresentou um crescimento do número de dormidas de 3,5%, evolução que contrasta com a diminuição de 77,6% registada no conjunto dos nove primeiros meses do ano.

A abertura do corredor aéreo com Portugal terá contribuído para a recuperação que se verificou em agosto e setembro, meses em que se registaram diminuições de 79,9% e 70,7%, respetivamente, das dormidas de residentes no Reino Unido, depois de quatro meses com diminuições sempre superiores a 90%.

Analisando o número de passageiros desembarcados diariamente nos aeroportos nacionais em voos provenientes do Reino Unido, entre janeiro e setembro de 2020, e comparando com o período homólogo, é possível observar o impacto da pandemia Covid-19 e das medidas adotadas ao nível do espaço aéreo a partir do início da segunda quinzena do mês de março. Entre abril e junho, registaram-se quebras no número de passageiros desembarcados nos aeroportos nacionais em voos provenientes do Reino Unido superiores a 90%.

A partir do início do mês de julho é visível uma ligeira recuperação do número de passageiros desembarcados, que se torna mais notória a partir do momento em que foi anunciado que Portugal passava a constar da lista de países de onde era possível viajar sem ser necessário efetuar quarentena obrigatória. No mês de julho registou-se uma diminuição do número de passageiros de 85,5%, em agosto verificou-se um decréscimo de 69,1% e em setembro a diminuição foi de 73,9%.

Entre 21 de agosto e 10 de setembro, o decréscimo do número de passageiros desembarcados nos aeroportos nacionais em voos provenientes do Reino Unido foi de 53,5%, evolução que contrasta com a diminuição registada no acumulado dos restantes dias dos meses de agosto e setembro (-80,2%). No período compreendido entre os dois anúncios, desembarcaram 53,8% do total de passageiros desembarcados nos aeroportos nacionais em voos provenientes do Reino Unido em agosto e setembro de 2020 (33,1% em igual período de 2019).

As compras efetuadas nos terminais de pagamento automático da rede multibanco (rede TPA-MB) por cartões emitidos no Reino Unido (que poderão ter sido utilizados por residentes no Reino Unido ou não) registaram decréscimos menos expressivos, diminuindo 45,2% em setembro (-48,3% em agosto).