INE: Perspetivas negativas para o turismo até agosto

De acordo com a estimativa rápida do INE, em março de 2020 o setor do alojamento turístico deverá ter registado 701,0 mil hóspedes e 1,9 milhões de dormidas, o que corresponde a variações de -49,4% e -58,5%, respetivamente (+15,3% e +14,7% em fevereiro, pela mesma ordem). As dormidas de residentes terão diminuído 56,9% (+26,4% em fevereiro) e as de não residentes terão decrescido 59,2% (+9,5% em fevereiro).

Através de um questionário específico adicional que, em abril, o INE promoveu e que obteve respostas de cerca de 4.000 estabelecimentos, sobre as perspetivas para a atividade turística nos próximos meses até agosto, 79,2% dos estabelecimentos de alojamento turístico respondentes assinalaram que a pandemia COVID-19 motivou o cancelamento de reservas agendadas para os meses de março a agosto de 2020 (estes estabelecimentos representam 91,3% da capacidade da oferta dos estabelecimentos que responderam).

A atual pandemia está a condicionar a atividade da generalidade dos setores económicos, a nível nacional e mundial, particularmente do turismo. Dada a preocupação que se está a gerar sobre este setor, o INE volta a divulgar antecipadamente as estatísticas mensais sobre a atividade turística, correspondentes a março de 2020, baseadas na informação primária recolhida até 27 de abril no âmbito do Inquérito à Permanência de Hóspedes na Hotelaria e outros alojamentos. No destaque habitual sobre a atividade turística em março, previsto para 15 de maio, os resultados agora publicados poderão ser revistos e acrescentado um maior detalhe na sua apresentação, em função da informação entretanto transmitida ao INE.

Em março de 2020, o setor do alojamento turístico deverá ter registado 701,0 mil hóspedes e 1,9 milhões de dormidas, correspondendo a variações de -49,4% e -58,5%, respetivamente (+15,3% e +14,7% em fevereiro, pela mesma ordem). As dormidas de residentes terão diminuído 56,9% (+26,4% em fevereiro) e as de não residentes terão decrescido 59,2% (+9,5% em fevereiro). Os hóspedes residentes terão sido 306,0 mil, o que se traduz num decréscimo de 51,2% (+23,7% em fevereiro) e os hóspedes não residentes terão atingido um total de 395,1 mil e recuaram 47,8% (+8,3% em fevereiro).

Para além dos grandes condicionalismos que a atual pandemia originou na atividade turística, estes resultados foram também influenciados pelo efeito do período de Carnaval que, este ano, ocorreu em fevereiro e, no ano anterior, ocorreu em março.

A totalidade dos principais mercados emissores registou decréscimos em março. As maiores diminuições verificaram-se nos mercados chinês (-78,8%), italiano (-75,8%), norte-americano (-68,5%) e espanhol (-66,1%). O mercado canadiano foi, entre os principais mercados emissores, o que registou menor decréscimo (-37,8%).

Resultados do questionário específico sobre o impacto da pandemia COVID-19
O INE colocou aos estabelecimentos de alojamento turístico três questões visando avaliar o impacto da atual pandemia COVID-19 na sua atividade, nomeadamente quanto às reservas e cancelamentos no período de março a agosto de 2020, por principais mercados, tendo obtido cerca de 4.000 respostas válidas.

Cancelamentos de reservas na maioria dos estabelecimentos
Em Portugal, 79,2% dos estabelecimentos de alojamento turístico respondentes assinalaram que a pandemia motivou o cancelamento de reservas agendadas para os meses de março a agosto de 2020 (estes estabelecimentos representam 91,3% da capacidade da oferta dos estabelecimentos respondentes).
A RA Madeira foi a região que apresentou maior peso de estabelecimentos com cancelamentos de reservas (90,6% dos estabelecimentos e 98,6% da capacidade oferecida), seguindo-se a RA Açores (89,9% e 96,8%, respetivamente), a AM Lisboa (85,0% e 94,4%, pela mesma ordem) e o Algarve (82,2% e 92,7%, respetivamente).

No segmento da hotelaria, os estabelecimentos com cancelamentos de reservas devido à pandemia COVID-19 representaram 92,5% do total (95,2% da capacidade oferecida). Nos estabelecimentos de alojamento local, estes estabelecimentos corresponderam a 75,8% do total (79,5% da capacidade oferecida) e no turismo no espaço rural e de habitação representavam 68,8% do total (74,1% da capacidade).

Cancelamento da totalidade das reservas com grande expressão em abril
Como se pode ver no gráfico seguinte, a proporção de estabelecimentos reportando cancelamentos parciais ou totais de reservas diminui nos meses em que tradicionalmente a solicitação de serviços de alojamento turístico é mais intensa. Ainda assim, de acordo com esta informação recolhida em abril, cerca de 73,9% reportaram cancelamentos para junho, 62,9% para julho e 55,9% para agosto.

Mercado nacional preponderante nos cancelamentos de reservas
Quando questionados sobre os principais mercados com cancelamentos de reservas (podendo cada estabelecimento identificar até 3 mercados), o mercado nacional foi o mais referido, tendo sido identificado por 61,2% dos estabelecimentos de alojamento turístico. O mercado espanhol foi o segundo mais referido (51,3% dos estabelecimentos) seguindo-se o mercado francês (32,0% dos estabelecimentos), alemão (26,3% dos estabelecimentos) e britânico (22,9% dos estabelecimentos).

Analisando os mercados que foram identificados como um dos três mercados com maior número de cancelamentos de reservas em cada região, observa-se que:
– No Norte, o mercado nacional foi identificado por 64,7% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado espanhol (referido por 63,1% dos estabelecimentos);
– No Centro, o mercado nacional foi mencionado por 85,2% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado espanhol (53,7% dos estabelecimentos);
– Na AM Lisboa, o mercado espanhol foi referido por 60,9% dos estabelecimentos;
– No Alentejo, o mercado nacional foi identificado por 81,0% dos estabelecimentos;
– No Algarve, 64,0% dos estabelecimentos referiram o mercado britânico;
– Na RA Açores, o mercado nacional foi identificado por 88,7% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado alemão (53,6% dos estabelecimentos);
– Na RA Madeira, o mercado alemão foi identificado por 71,6% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado francês (57,8% dos estabelecimentos) e o mercado britânico (51,7% dos estabelecimentos).

Na hotelaria, o mercado nacional foi mencionado como um dos três mercados com maior número de cancelamentos por 67,1% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado espanhol (61,4%). Já nos estabelecimentos de alojamento local, o mercado espanhol foi identificado por 51,6% dos estabelecimentos, seguindo-se o mercado nacional (48,2%). Nos estabelecimentos de turismo no espaço rural e de habitação, o mercado nacional foi mencionado por 75,5% dos estabelecimentos.