Em 2020, o Valor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo (VABGT) terá registado um decréscimo de 48,2%, face a 2019, em termos nominais, que compara com a redução de 4,6% do VAB da economia nacional. O Consumo de Turismo no Território Económico (CTTE) caiu 50,4%, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu 5,4%, verificando-se uma redução sem precedentes da despesa do turismo recetor (exportações de turismo).
O VABGT representou 4,6% do VAB nacional (8,4% em 2019), enquanto o CTTE foi equivalente a 8,0% do PIB (15,3% em 2019).
O decréscimo consideravelmente mais acentuado quer do VABGT quer do CTTE, face ao conjunto da economia portuguesa, expressou os efeitos particularmente nocivos da pandemia COVID-19 sobre esta atividade económica.
Aplicando o Sistema Integrado de Matrizes Simétricas Input-Output de 2017 aos principais resultados da Conta Satélite do Turismo (CST), estima-se que a atividade turística tenha gerado um contributo direto e indireto de 12,8 mil milhões de euros para o valor nominal do PIB em 2020, o que corresponde a 6,3% (11,8% em 2019). Utilizando o mesmo referencial analítico, estima-se que para a variação em volume do PIB, que se fixou em -7,6%, a redução da atividade turística tenha contribuído em cerca de ¾ do total.
Em termos nominais, o VABGT totalizou 8 105 M€ em 2020 e representou 4,6% do VAB nacional (8,4% em 2019), enquanto o CTTE totalizou 16 273 M€, o equivalente a 8,0% do PIB (15,3% no ano anterior).
O VABGT e o CTTE registaram diminuições muito significativas, fixando-se as variações nominais em -48,2% e -50,4% face ao ano anterior, respetivamente. Estes dois agregados da CST diminuíram de forma mais acentuada que o VAB e o PIB nacionais (variações nominais de -4,6% e -5,4%, respetivamente), refletindo os efeitos especialmente negativos da pandemia COVID-19 sobre a atividade turística.
Tendo como principal referência a rubrica “Viagens” da Balança de Pagamentos, verificou-se uma redução sem precedentes em 2020 da despesa do turismo recetor (exportações de turismo), diminuindo mais de 50% face ao ano anterior. O turismo interno (incluindo outras componentes) também diminuiu de forma significativa, mas não tão intensa.
Efetivamente, tomando como referência as dormidas em estabelecimentos de alojamento turístico, a redução das dormidas de não residentes atingiu um valor absoluto quase duas vezes superior ao correspondente para as dormidas de residentes.
Importa ainda assinalar que as importações de turismo, correspondentes aos débitos da rubrica “Viagens” da Balança de Pagamentos, registaram igualmente uma forte redução em 2020 (-46,1%), embora um pouco menos acentuada que a das exportações (créditos), refletindo as fortes limitações às viagens internacionais decorrentes da pandemia.
Esta situação poderá ter-se refletido num acréscimo de poupança dos residentes e numa diminuição menos significativa da despesa por parte dos residentes em turismo interno e, provavelmente em menor grau, da despesa com outros bens e serviços.
Em consequência da forte redução da atividade turística em 2020, o contributo do VABGT para o VAB nacional (4,6%) reduziu-se para um valor que só foi inferior em 2010 (4,1%). No caso do peso do CTTE no PIB nacional, este atingiu em 2020 (8,0%) o valor mais baixo desde o ano 2000 (ano mais recuado para o qual se dispõe de informação da CST), inferior ao anterior valor mínimo observado em 2003 (8,2%).
Estima-se que, em 2020, o consumo turístico tenha tido um contributo total (direto e indireto) de 6,3% para o PIB (12,8 mil milhões de euros) e de 6,2% para o VAB da economia nacional (10,9 mil milhões de euros).
O ano de 2020 foi marcado pela forte contração da atividade económica, o que se traduziu na diminuição de 7,6% do volume do PIB. De acordo com as estimativas obtidas por este sistema, a redução da atividade turística terá contribuído com -5,8 p.p. para aquele resultado, o que corresponde a mais de ¾ da redução do PIB.
Note-se que os produtos que mais contribuem para o PIB turístico, como os serviços de alojamento, a restauração e similares, os transportes (especialmente os transportes aéreos) e os serviços de aluguer, foram os que mais sofreram os impactos económicos da pandemia COVID-19, o que se traduziu em reduções, em volume, entre 48% e 55% no PIB turístico gerado por estas atividades.