Inovação à portuguesa

Se há dez anos não se ouvia falar em startups, atualmente não se pode dizer o mesmo. São empresas que acreditam que “tudo é possível”, mas afinal que mais-valias trazem ao mundo do turismo no nosso país? A inovação, aliada a experiências diferentes e à valorização do que é português, do nosso território e cultura, são algumas das principais ofertas.

O aumento do turismo em Portugal é um facto e os viajantes procuram cada vez mais experiências autênticas nos locais que visitam. É exatamente isso que a Campónio oferece: a possibilidade de viver a verdadeira ruralidade nacional. E que tal apanhar morangos, saber como é feito o queijo ou até colher uvas para um próximo vinho? “Esta é a nossa inovação. Agregamos uma série de produtores autênticos nas diversas áreas da agricultura, fazendo com que o turista escolha, reserve e vivencie de forma autêntica a verdadeira ruralidade nacional”, explica Estevão Anacleto, CEO e fundador da Campónio.

Também a verdadeira comida portuguesa é um dos elementos que mais atraem os turistas e, para a experimentar, não há melhor que a Portuguese Table. Uma plataforma que convida a uma experiência gastronómica na casa de um anfitrião português e onde, como é óbvio, a proposta culinária tem que ser algo nacional. Um produto que “valoriza a marca Portugal” e que “oferece uma alternativa à atual oferta turística”, destaca Paulo Castro, cofundador.

E como o nosso país não é atrativo apenas em termos de sol, mar e praia, o Interior também não é esquecido por estas empresas que têm como chave a inovação. O Parque Nacional da Peneda Gerês, situado a Norte de Portugal, é o foco da Go2Nature – uma agência de serviços do território, que dá a conhecer uma área que abrange 70 mil hectares e 22 freguesias. Este é, porém, um território que não está “devidamente organizado em termos de oferta”, conta-nos Sónia Almeida, gerente da plataforma. Colmatar esta lacuna é precisamente o objetivo da Go2Nature: “Vender o território, vender os serviços que prestam os empresários da área do turismo”, de uma forma em que se “trabalhe o parque no seu conjunto”, ressalva.

Também o Interior do país serviu como inspiração para a criação da Upstream. “São os 2/3 do país mais ricos em património natural, histórico e cultural” – segmentos de procura turística para os quais Portugal “ainda nem estava no mapa”, evidencia a diretora de comunicação e relações públicas da DMC, Catherine de Freitas.

Promover o turismo ativo e cultural no nosso país passou a ser a missiva da Upstream, que, em oposição à Go2Nature, não promove uma parte do território nacional, mas sim o “Destino Portugal, contra a infeliz realidade da excessiva regionalização turística”, em que “todos querem ser destinos”, adverte Catherine de Freitas.

Formas alternativas de conhecer Portugal
Tem aumentado também o interesse dos turistas por formas alternativas de conhecer um país. É isso mesmo que a ImpacTrip oferece: o turismo responsável – que junta o lazer com voluntariado -, como uma forma autêntica de conhecer Portugal ou outros países na Europa. “Para se fazer turismo responsável não é necessário ir para países do terceiro mundo”, constata Rita Marques, cofundadora da ImpacTrip.

“Poder passear, conhecer os locais pela voz de um local, fazer refeições em fornos comunitários, apanhar azeitonas, preservar o lobo ibérico que está em vias de extinção, são atividades que fazem parte de um turismo diferente, que nos transporta para tempos e histórias antigas e nos dá a conhecer a verdadeira essência de cada região”, evoca Rita Marques.

No mesmo contexto de responsabilidade social, a Green Stays vem dar resposta à crescente procura por um turismo mais amigo do ambiente. E que tal desfrutar de uma estadia num hotel certificado ambientalmente, percorrer a cidade de bicicleta ou Twizzy elétrico e, ainda, culminar com uma refeição bem portuguesa ao som do Fado típico de Lisboa? Uma proposta de Hugo Teixeira Francisco, sales director e partner da Green Stay.

À semelhança da Go2Nature e da Upstream, a Green Stays também convida a explorar regiões do nosso país não tão conhecidas, mas com grande riqueza em termos de património natural e cultural.

Turismo para todos
Conhecer a nossa cultura de forma autêntica ou inovadora é importante, mas a inclusão de todas as pessoas, seja qual for a sua condição, não fica atrás. Foi exatamente nisto que pensou a Portugal 4all Senses: proporcionar experiências temáticas e tours a pessoas com mobilidade reduzida ou incapacidade visual, fornecendo todos os serviços necessários à segurança e conforto – como acompanhamento médico ou um elevador de transferência.

Visitar Lisboa de forma sensorial é um dos seus produtos mais inovadores. “Um tour que inclui vários monumentos em que fica a conhecer a história, mas com o acompanhamento de vários momentos sensoriais, de toque, cheiros ou sons”, conta Rita Duarte, cofundadora da empresa.

A My Portugal for All tem um intuito semelhante, mas destinado ao público sénior, que já não seja totalmente autónomo. O mais importante é que todos consigam “explorar e conhecer Portugal de uma forma segura, tranquila, sem esforço e sem limites”, reforça a fundadora Raquel Fernandes.