Inquérito AHRESP: Metade das empresas de Restauração e Alojamento com quebras de 90% na faturação em março

No mês em que se assinalou um ano completo de pandemia COVID-19 em Portugal, as empresas da restauração e similares e do alojamento turístico atravessam o seu período mais difícil de sempre. O inquérito mensal da AHRESP relativo ao mês de março revela que 49% das empresas de Restauração e 49% das empresas de Alojamento registaram quebras de faturação acima de 90%.

As conclusões do inquérito da AHRESP do mês de março, que contou com 943 respostas válidas, apresentam os seguintes resultados:

· Restauração e Similares:

– 52% das empresas indicam estar com a atividade totalmente encerrada;

– 29% das empresas ponderam avançar para insolvência, dado que as receitas realizadas e previstas não permitirão suportar todos os encargos que decorrem do normal funcionamento da sua atividade;

– Para as empresas inquiridas, a quebra de faturação do mês de março foi avassaladora: 49% das empresas registaram perdas acima dos 90%. Para o mês de abril, 36% estimam uma quebra de faturação acima de 75%. E para o mês de maio, as estimativas melhoram, mas 16% das empresas também estimam quebras acima de 75%;

– Como consequência da forte redução de faturação, 14% das empresas não conseguiram efetuar o pagamento dos salários em março e 14% só o fez parcialmente. 16% das empresas tiveram que recorrer a financiamento para conseguir pagar os salários dos seus trabalhadores em março. Em abril, face às estimativas de faturação, 38% das empresas não conseguirá suportar os encargos habituais (pessoal, energia, fornecedores e outros);

– Perante esta realidade, 43% das empresas já efetuaram despedimentos desde o início da pandemia. Destas, 16% reduziram em mais de 50% os postos de trabalho a seu cargo e 54% reduziram até 25%. 8% das empresas assumem que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do mês de junho;

– 79% das empresas já recorreram ao lay-off simplificado e, daquelas que não recorreram, 50% optaram pelo Apoio à Retoma Progressiva.

· Alojamento Turístico:

– 29% das empresas indicam estar com a atividade suspensa e 39% não sabe quando poderá reabrir;

– Em março, 49% não registou qualquer ocupação, e 28% indicou uma ocupação até 10%. Para o mês de abril, 38% das empresas estimam uma taxa de ocupação zero, e 28% das empresas perspetivam uma ocupação máxima de 10%. Para maio, a estimativa de ocupação zero mantém-se em níveis preocupantes, sendo referida por 33% das empresas;

– Para os próximos três meses (abril a junho), em 60% das empresas, o mercado nacional é o que está a ter mais representatividade nas reservas; 26% das empresas refere que é o mercado internacional e 14% indica 50/50 entre mercado nacional e internacional;

– 17% das empresas ponderam avançar para insolvência por não conseguirem suportar todos os normais encargos da sua atividade;

– Para as empresas inquiridas, a quebra de faturação do mês de março foi devastadora: 49% das empresas registaram perdas acima dos 90%. Para o mês de abril, 48% estimam uma quebra acima de 75% e para maio 39% das empresas apontam para quebras acima dos 75%;

– Como consequência da forte redução de faturação, 27% das empresas não conseguiram efetuar pagamento de salários em março e 6% só o fez parcialmente. 20% das empresas tiveram que recorrer a financiamento para conseguir pagar os salários dos seus trabalhadores em março;

– Ao nível do emprego, 28% das empresas já efetuaram despedimentos desde o início da pandemia. Destas, 38% reduziram em mais de 50% os postos de trabalho a seu cargo e 35% reduziram até 25%. 6% das empresas assumem que não vão conseguir manter todos os postos de trabalho até ao final do mês de junho;

– Em abril, face às estimativas de faturação, 24% das empresas não vão conseguir suportar os encargos habituais (pessoal, energia, fornecedores e outros);

– 40% das empresas já recorreram ao Apoio à Retoma Progressiva mas 34% não recorreu por não ser elegível.

Apesar dos contributos positivos que o desconfinamento confere, os números deste inquérito mostram, uma vez mais, sublinha a associação, que “é absolutamente necessário robustecer os apoios às empresas, e disponibilizar incentivos ao consumo”.

Face aos enormes constrangimentos pelos quais as empresas destes setores estão a atravessar, a AHRESP apresentou recentemente um conjunto de medidas de apoio à liquidez, à capitalização e de proteção do emprego, nomeadamente:

· Medidas de Apoio à Liquidez:

– Reforço dos apoios a fundo perdido para a tesouraria das empresas;

– Reforço da dotação do programa APOIAR RENDAS;

– Prorrogação das Moratórias Bancárias;

– Planos de Amortização a Longo Prazo;

– Aplicação temporária da taxa reduzida de IVA nos serviços de alimentação e bebidas;

– Disponibilização de apoios para empresas recentes;

– Apoios para empresas com quebras de faturação iguais ou superiores a 15%.

· Medidas de Apoio à Capitalização:

– Fundo de Capitalização de Empresas.

· Medidas de Apoio ao Emprego:

– Continuidade do Lay Off Simplificado até ao final do ano 2021;

– Redução para 2 Escalões no Apoio à Retoma Progressiva;

– Publicação da regulamentação do novo Incentivo Extraordinário e do Apoio Simplificado.

· Medidas de Apoio ao Funcionamento:

– Campanha de Dinamização do Consumo;

– Mecanismo único de acesso aos apoios;

– Contratualização de organismos intermédios para apoio às empresas.

“É vital que estas medidas sejam efetivamente implementadas, e que as tesourarias das empresas do alojamento turístico e da restauração e similares sejam reforçadas no imediato. Só assim será possível garantir a sustentabilidade destas atividades económicas, que têm um papel determinante na recuperação económica do nosso país”, conclui a AHRESP.