IV Convenção ARAC: Portugal poderá perder “milhões” sem decisão sobre novo aeroporto

Na IV Convenção da Associação Nacional de Locatores de Veículos (ARAC), Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), renovou o apelo à construção de um aeroporto que possa trazer mais turistas ao país. No discurso, pediu ainda cautela nas previsões para este ano, no setor do turismo, apesar dos resultados provisórios positivos.

Francisco Calheiros começou por salientar o crescimento e o desenvolvimento que a mobilidade proporciona à diversidade turística do país, “transportando os turistas para as várias regiões de Portugal” com serviços e produtos de qualidade.

O presidente da CTP notou, todavia, que de nada servem “importantes projetos de mobilidades para ligação entre as várias regiões” “se os turistas não chegarem a Portugal”. “De pouco servirão se, na base, não tivermos infraestruturas aeroportuárias capazes de servir os turistas. Sobretudo se não tivermos, o quando antes, o novo aeroporto de lisboa”, argumentou o responsável.

Para Francisco Calheiros, quanto mais se atrasa a decisão do aeroporto, que é “sobretudo política”, mais o país corre o risco de perder turistas, que “rapidamente trocarão Portugal por outros destinos”. Perder-se-ia assim “uma das atividades que mais faz pelo desenvolvimento da economia nacional”.

A urgência é tal que o presidente da CTP chegou mesmo a afirmar que “já não interessa tanto onde vai ser o aeroporto”. Importa mais que a infraestrutura seja feita e, para isso, Francisco Calheiros apela a que “a comissão independente que vai estudar as localizações possíveis cumpra os prazos que já definiu, que agilize processos, e que até ao final do ano esteja escolhida a localização do novo aeroporto”.

Sem uma decisão para o novo aeroporto, Portugal poderia perder “milhões de euros”, o que, para o presidente da CTP, significaria a perda dos “sorrisos” trazidos de 2022 e que 2023 está a trazer. Francisco Calheiros pediu, no entanto, cautela por outros motivos.

Afirmou que “o ano passado foi mesmo o mais rentável de sempre, com as receitas a ultrapassarem os 21 mil milhões de euros”, mas que “este ano não será fácil ultrapassar esses valores”. Ainda assim, esclarece que, se o ano atual for igual ao anterior, “já será um bom ano”.

Destacou, para isso, as reservas previstas para a Páscoa, “previsivelmente acima de 2019”, ou o mês de janeiro, que deu “excelentes sinais”, com o aumento no trafego aéreo de passageiros, relativamente ao ano passado e ao pré-pandemia.

Contudo, apesar de a pandemia já estar controlada, a guerra na Ucrânia ainda é uma realidade e as consequências persistem. São os custos elevados na energia e nos combustíveis, a inflação alta e as taxas de juro a subir, que condicionam “o quadro económico-social do país, com reflexos muito negativos nas disponibilidades financeiras das pessoas e das empresas”.

Francisco Calheiros acrescenta, a estes tópicos, a “instabilidade ainda vivida na TAP e no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras [SEF]”.

Para o presidente da CTP, é preciso resiliência e retomar questões de fundo, “estruturantes para o turismo e para as atividades subjacentes”. Sem concertação de objetivos e interesses entre o setor e os decisores, não haverá bons planos de desenvolvimento nem bons programas de ação.

O último apelo de Francisco Calheiros dirige-se assim ao poder político, que deve, juntamente com os empresários, “canalizar esforços para ajudar e reforçar cada vez mais a atenção que se dá ao turismo e à mobilidade”. A atividade do ‘rent-a-car’ está aqui incluída.

Com a premissa de que a atividade turística, no seu todo, “contribui em muito para o país”, é preciso que o setor sinta que o turismo é uma prioridade, e que o Governo não toma decisões que gerem instabilidade.

“É preciso garantir que os apoios financeiros à recapitalização das empresas não continua na gaveta, que o acordo de produtividade e rendimento se torne uma realidade, que o governo avance com uma redução da carga fiscal para que as empresas tenham melhores condições para voltar a investir e criar emprego, sem esquecer as medidas ou apoios necessários para fazer face ao aumento da inflação e dos custos da energia e dos combustíveis”, invocou Francisco Calheiros.

As declarações do presidente da Confederação do Turismo de Portugal foram proferidas na sessão de encerramento da IV Convenção da ARAC, que decorreu no hotel Montebelo – Mosteiro de Alcobaça, no passado dia 31 de março.

Por Redação da Ambitur, na IV Convenção da ARAC, em Alcobaça.