A sustentabilidade e o turismo foram, uma vez mais, o mote para a Conferência Smart and Green Tourism, organizada pela Ambitur e Ambiente Magazine, em parceria com a Fundação AIP. O primeiro painel desta 4ª edição foi, como é habitual, dedicado à Hotelaria, desta vez com a temática “Geração Ambiental”, contando com Elisabete Félix, diretora do Departamento de Dinamização Empresarial do Turismo de Portugal como moderadora, e com Fernando Morais, diretor de Sustentabilidade da Six Senses Douro Valley, bem como Ana Parreira, Quality and Sustainability Manager da PHC Hotels, e Francisco Santos, Head of Sustainability da Highgate Portugal, como oradores.
Inserido na região norte do país, numa área rural, o Six Senses Douro Valley tem uma liberdade muito grande em relação às diretrizes de sustentabilidade da IHG, que detém a marca. Fernando Morais refere que é fundamental haver métricas, monitorização e diagnósticos contínuos, explicando que os três maiores focos nesta unidade hoteleira são os recursos hídricos, a energia e os resíduos. Instalado num imóvel que data do século XVIII, o responsável admite haver sempre dificuldades no que diz respeito à adaptabilidade do edificado existente. A juntar às diretrizes da marca e da IHG, a própria DHM, responsável pela gestão do hotel, conta com as suas metas a nível de sustentabilidade. Mas o orador garante: “temos muita liberdade para fazer esses ajustes”.
Mas há condicionantes da própria localização, por exemplo, o facto de o hotel estar num local que inviabiliza a instalação de painéis solares, o que implica a aquisição de energia verde certificada.
No Six Senses Douro Valley há outras apostas a pensar na sustentabilidade, tais como a irrigação por sensores, o recurso a espécies autóctones nos jardins que implicam menor consumo hídrico, a aplicação de sensores dentro dos quartos, uma central elétrica que permite ajustar e monitorizar a temperatura, compras locais e a pequenos produtores, compostagem local com o uso de uma máquina que processa, por dia, 120 kg de resíduos. Estes são alguns exemplos do que a unidade está já a fazer. Além de ter eliminado o uso de garrafas de plástico, deixando de gerar cerca de 150 a 160 mil garrafas de 15 ml, por ano. Francisco Morais indica ainda que ser “plastic-free” sempre foi uma preocupação da marca hoteleira, que hoje já está 80% livre de plástico nos hotéis. Mas reconhece que é difícil eliminar este material em alguns usos, comom a cozinha. A verdade é que desde 2023 que a Six Senses conta com uma cartilha pública, disponível online, com 82 práticas que foram já consolidadadas dentro dos hotéis para a eliminação do plástico.
Fernando Morais não tem dúvidas de que, para a Six Senses, a sustentabilidade é o pilar da marca e garante que os investidores não encaram a questão como um fardo, mas sim como um investimento estratégico. “O grande ponto vai ser sempre o envolvimento dos stakeholders, tanto internos como externos, e isso envolve formação”, aponta o orador. O grupo conta pois com um plano de formação interno em sustentabilidade ESG para os colaboradores, com o objetivo de se conseguir diminuir desperdícios, de perceber como funciona a economia circular. Outro objetivo é trazer fornecedores, como por exemplo a nível dos transferes, para dentro da propriedade para que possam ser formados e estar alinhados com a marca. “Se não comunicamos, se não temos story telling, a perceção não acontece”, admite o responsãvel, que acredita que “o grande foco terá que ser a sensibilização das equipas”.
Por Inês Gromicho. Fotos @Raquel Wise
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