Para o chairman da ANA, José Luís Arnaut, “claramente não haverá retoma sem transporte aéreo” ou não fosse o mesmo representar 96% do “turismo em Portugal” que, por sua vez, representa 15% do “nosso PIB”. Ou seja, “sem o crescimento do turismo em Portugal não haverá retoma”, defendeu ontem durante uma iniciativa da BDC – Empower to Lead e do Jornal Económico.
“Não se percebe como Portugal ainda está a discutir o aeroporto do Montijo”
Além de transporte aéreo, José Luís Arnaut acrescenta que “tem de haver infraestruturas aeroportuárias” pois Portugal chegou a atingir “59 milhões de passageiros” e “vivemos situações altamente confrangedoras” nos aeroportos portugueses fruto dessa procura. Foi por isso que a ANA “perspetivou desenvolver o aeroporto do Montijo” e o responsável avança mesmo que “não se percebe como é que Portugal ainda está hoje em dia a discutir esta matéria”.
Desta forma, realça que a ANA “está inteiramente disponível para começar a obra no Montijo”, colocando os “caterpillars a trabalhar já no mês de abril”. Apesar de se saber que “há obstáculos de algumas Câmaras Municipais por razões de ordem política”, na sua opinião, a ANA irá “apresentar o dossier na ANAC oportunamente”. Além de ser importante que em “2025-26 tenhamos uma nova infraestrutura aeroportuária prepara para enviar os constrangimentos” anteriores, José Luís Arnaut considera que “o Montijo é um fator de relançamento da economia.”
“Como é possível aplicar-se uma taxa que implica o aumento de 2€ por passageiro?”
O charmain da ANA também não compreende “como é possível aplicar-se uma taxa que implica um aumento de 20% (2 euros) a cada passageiro” quando a própria “entidade gestora aeroportuária baixou as taxas do aeroporto Humberto Delgado em 70%” para ajudar à retoma. O responsável reflete que “nenhum país que depende do turismo tomou esta iniciativa” e que Portugal enquanto país periférico “perde competitividade relativamente a outras capitais europeias”. Assim, José Luís Arnaut apela ao Governo “para que haja responsabilidade” e medidas de incentivo ao turismo.
“Portugal tomou a decisão de fechar completamente o espaço aéreo”
“Altamente preocupante” é a redução de cerca de 70% face aos anteriores “focos de passageiros” até porque “Portugal tomou a decisão de fechar completamente o espaço aéreo, por companhias e países e não por nacionalidades de passageiros”, atenta o chairman. No momento da 1.ª vaga de Covid-19 os aeroportos portugueses chegaram a registar uma redução na ordem dos 99%.
Posteriormente, no verão, houve uma “tentativa de recuperação” (-63%) mas agora “voltámos a ter quebras de 85%”, adianta José Luís Arnaut. Em adição, no 3.º trimestre do ano, “23 companhias que habitualmente utilizavam o aeroporto Humberto Delgado não realizaram qualquer voo de partida ou chegada”.
O responsável da ANA frisa que quando existem “sinais de abertura” (por exemplo, o corredor aéreo com o Reino Unido) o “tráfego aumenta exponencialmente”, o que demonstra “como o tráfego é sensível à confiança, ao receio e às limitações de circulação”. E por isso “as políticas públicas são determinantes”, defende.