LATAM estabelece metas “ambiciosas” para um modelo operacional mais sustentável
A Ambitur falou com algumas das principais companhias aéreas a operar em Portugal para um trabalho especial publicado na edição 354 sobre a sustentabilidade no setor do turismo. A conversa hoje é com Thibaud Morand, diretor geral para a Europa da LATAM Airlines, que nos explica que na companhia há um diretor de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade, Juan José Tohá, com ampla experiência na conceção e implementação de estratégias de comunicação em organizações que envolvem diretamente o meio ambiente.

Consciente do impacto ambiental da aviação, a LATAM Airlines assume o compromisso de avançar para um modelo operacional mais sustentável. Para tal, explica Thibaud Morand, foram estabelecidas metas “ambiciosas”: “atingir emissões líquidas zero até 2050 e promover uma cultura de redução, reutilização e reciclagem em toda a nossa operação, com o objetivo de nos tornarmos um grupo com zero resíduos para aterros sanitários em 2027”.
O responsável recorda que, atualmente, não existe uma solução única para atingir emissões líquidas zero na aviação, sendo necessária uma combinação de vias centradas na redução das emissões, ou seja, melhorias na eficiência operacional, inovação tecnológica, desenvolvimento e expansão do uso de combustíveis sustentáveis (SAF) e, como medida complementar, uma estratégia de compensação para as emissões difíceis de eliminar, que seja eficaz, mensurável e baseada em projetos fiáveis e auditáveis.
“Projetos como o «1+1» nascem de uma simples convicção: se a ação individual pode fazer a diferença, a ação compartilhada ganha ainda mais força”, sublinha Thibaud Morand. E adianta que esta iniciativa permite que cada passageiro, empresa ou cliente compense voluntariamente as emissões associadas ao seu voo no momento da compra. A diferença é que a LATAM iguala cada compensação realizada.
Os fundos arrecadados através do «1+1» são destinados a projetos ambientais certificados de acordo com padrões internacionais, como o Verified Carbon Standard (VCS) ou o BioCarbon Registry. A companhia aérea seleciona as iniciativas, em conjunto com o Vhooose, o seu parceiro tecnológico, com base em critérios ambientais, sociais e operacionais claros, ou seja, que gerem co-benefícios e contribuam para conservar os ecossistemas e a biodiversidade da região, na medida do possível. Atualmente, a LATAM apoia projetos localizados em diferentes zonas da América do Sul, incluindo Colômbia, Peru e Chile.
O diretor geral para a Europa da transportadora aérea garante que, na LATAM, a prioridade vai para a redução direta das emissões com base na estratégia explicada. Assim, desde 2010, as ações em matéria de eficiência operacional já evitaram mais de 5,6 milhões de toneladas de CO2. Um número que, detalha o responsável, equivale ao que a LATAM gera nas suas operações aéreas no Equador, Colômbia e Chile em aproximadamente um ano, ou quase metade das emissões do grupo LATAM no mesmo período.
Além disso, a companhia avançou na renovação da sua frota, tendo fechado 2024 com 86 aeronaves de última geração, que consomem até 25% menos combustível. E prevê chegar às 200 aeronaves deste tipo até 2030, ou seja, mais de 50% da sua frota.
Por outro lado, a LATAM Airlines tem trabalhado para impulsionar o desenvolvimento de SAF na região onde opera, com parcerias com clientes e fabricantes, bem como o cofinanciamento, juntamente com a Airbus, de um estudo independente desenvolvido pelo MIT para fornecer informações de qualidade que permitam propor opções concretas que contribuam para a descarbonização da aviação na América Latina.
Por fim, Thibaud Morand acrescenta que a companhia já eliminou 97% dos plásticos descartáveis das suas operações, o que corresponde a eliminar mais de 1700 toneladas de plástico descartável.
Mas claro que os desafios são muitos e importantes em matéria de sustentabilidade. E o responsável aponta como principal o facto de não existir, neste momento, uma solução única para alcançar emissões líquidas zero na aviação. “É um processo árduo que envolve a colaboração do setor e de várias entidades nacionais e globais”, admite Thibaud Morand, que defende que é essencial “continuar a investigar, investir e desenvolver a colaboração direta entre companhias aéreas, fabricantes de aeronaves, aeroportos e organismos reguladores para impulsionar a sustentabilidade neste setor”.
Por Inês Gromicho