Empresários consideram que liberalização do espaço aéreo não beneficiou todas as ilhas açorianas

Quem o diz são alguns empresários com negócios relacionados ao turismo náutico e que, durante esta semana, estão presentes na Boot – International Boat Show, considerada a principal feira do setor na Europa.

 

20160125_142720Em entrevista ao Ambitur.pt, Jorge Botelho, sócio-gerente da Mantamaria Dive Center, sediada na ilha de Santa Maria, afirmou que a liberalização do espaço aéreo nos Açores “não ajudou” muito a operação da empresa em 2015. Afirmando que este é já o quarto ano de presença neste certame e que o balanço tem sido “positivo”, o responsável chamou a atenção para o facto da “liberalização do espaço aéreo estar condicionada a uma lha, a ilha maior”. Para além disso, e segundo Jorge Botelho, “não estão a funcionar os encaminhamentos, o que é um grave problema, porque as pessoas não estão bem informadas e não há disponibilidade, portanto, para Santa Maria não funcionou”.

“Temos andado a pressionar o Governo e a SATA para que percebam que o chamado voo direto Lisboa-Santa Maria, operado pela SATA, deveria dar uma prioridade aos passageiros de Santa Maria e não aos de São Miguel”, explicou o responsável que destaca ainda o facto de, “no período de finais de julho a setembro, o preços dos voos terem quadriplicado”. “É impossível captarmos mais turismo sem haver organização desse setor”.

 
Uma opinião também partilhada por Márcia Santos, responsável da Wahoo Diving que explica que , “para já, porque os encaminhamentos não estão divulgados e é muito difícil fazer uma reserva para encaminhamento ainda mais para quem não vive lá”. Segundo a profissional, “até agora não se nota, tendo em conta o tipo de turista (que a empresa procura). As low cost não são bem as companhias que o turista de mergulho procura”.

 

20160125_144409O mesmo acontece no Faial. Segundo Vera Medeiros, responsável da Central Sub, no caso da ilha do Faial não se verificaram melhorias. “Não temos voos diretos low cost para o Faial e ainda por cima perdemos a TAP, ficámos muito limitados. E embora digam que é fácil o acesso de São Miguel para as outras ilhas mais pequena não é. Para um cliente que vai fazer uma semana de mergulho, quatro dias estão perdidos entre ligações, entrar e sair na própria ilha”. Abertos desde 2015, a Central Sub irá continuar, em 2016, a “apostar muito nos mergulhos costeiros”, nas ilhas do Faial, Pico e São Jorge.

 
20160125_143627Já na ilha de São Miguel, o balanço é claramente positivo. Segundo Carlos Paulos, responsável da Espírito Azul, o ano de 2015 “correu bem” e uma das razões é, claramente, a liberalização do espaço aéreo. “Agora já se pode voar para os Açores e com opções mais baratas”. Em 2015, a empresa viu crescer o seu número de clientes em 30%. Para 2016, as expetativas são também positivas, uma vez que, “quase todas as ligações aéreas vão ser reforçadas. A Air Berlin só tinha um voo por semana para lá e agora vai passar a ter três”. Ainda este ano, será lançada uma nova empresa, a Water & Wind, que, segundo Carlos Paulos “é um projeto único nos Açores. É um catamarã à vela que permite fazer cruzeiros de mergulho ao longo das ilhas todas”.

 
20160125_143956No caso da Brizaçores, a operação em 2015 foi igualmente positiva, no entanto, assegura o responsável, os resultados não se justificam apenas pela liberalização do espaço aéreo. “Nós oferecemos um dive and sailing e isso trouxe-nos algum tipo de cliente diferente”, afirma.

 

A associação Turismo dos Açores está presente na Boot com dois stands, um no pavilhão referente ao Mergulho e outro no pavilhão referente à Vela. A comitiva açoriana este ano conta com cerca de 16 empresários da área de mergulho e de aluguer de veleiros.