Ligação aérea entre Macau e Portugal “faria todo o sentido”

O ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, considerou hoje que “seria muito interessante” criar uma ligação aérea entre Portugal e o sul da China, sendo que “faria todo o sentido” que fosse feita através de Macau. “A primeira ligação vai ser a partir de Pequim, mas penso que [Macau] não está fora. Penso que há negociações em curso com várias outras companhias aéreas, e que se Pequim vai servir diretamente o norte da China, seria muito interessante que houvesse voos também da parte sul e penso que faria todo o sentido que fossem a partir de Macau”, disse Caldeira Cabral, em Macau, citado pela Lusa, referindo à rota entre Hangzhou (capital de Zhejiang), Pequim e Lisboa, que deve começar a operar em junho do próximo ano.

Há muito que a recuperação da ligação entre Lisboa e Macau – que apenas funcionou entre 1995 e 1998, sendo abandonada por falta de rentabilidade – é discutida, e tal como no passado, o ministro salientou que “tem de haver interesse das companhias”. “Há certamente interesse por parte do Governo português em promover essas rotas”, sublinhou.

Caldeira Cabral falava à margem da assinatura de dois protocolos com o Governo de Macau, na área do turismo e da segurança alimentar, quando decorre 5ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

No âmbito do turismo, o objetivo é trabalhar na “troca de turistas”, ou seja, trazer mais turistas chineses e de Macau a Portugal e mais portugueses a Macau. Portugal quer “aprender” com Macau a receber os turistas chineses, que são esperados em maior número com a nova rota aérea. “Queremos de facto receber bem mais turistas chineses. Vamos ter de aprender melhor como acolher bem os turistas chineses – algo que Macau sabe já fazer muito bem – porque com a rota direta estou certo que o número vai aumentar muito e é uma oportunidade muito interessante”, disse.

“O turismo não é só hotéis, mas também produtos que vêm dos hotéis, atividades de lazer, produtos como o vinho português, de que Macau faz uma montra tão boa”, sublinhou, indicando que há “muitas empresas de Macau” com interesse na área do turismo português.

No campo da segurança alimentar, Caldeira Cabral explicou que a colaboração se centra na “cooperação técnica e científica”, abrindo espaço para que as “agências de segurança alimentar possam fazer visitas, ter ações de formação conjuntas, intercâmbios de pessoas, para que possam aprender mais”. Salientando a “muito boa” capacidade tecnológica dos laboratórios portugueses, o ministro relacionou os dois protocolos, já que a segurança alimentar é não só “determinante para a confiança da população” como para a “daqueles que nos visitam”. “A segurança alimentar é muito importante para a confiança da população nos estabelecimentos de restauração, nos estabelecimentos hoteleiros, é muito importante para a afirmação de um turismo de qualidade”, frisou.

Questionado sobre o acordo sobre o porto de Sines, celebrado entre o Haitong Bank, o China Development Bank e o AICEP (Agência para a Internacionalização e Comércio Externo de Portugal), no domingo, Caldeira Cabral salientou que “vai ajudar empresas chinesas que queiram desenvolver projetos em Sines a terem já uma linha de financiamento, maior facilidade em encontrar financiamento para esses projetos”.

Segundo o ministro, há “outros projetos” ligados ao porto, como a “ligação ferroviária a Espanha e toda a rede europeia ferroviária”, que estão a ser atrair interesse de “grandes empresas chinesas”.