#Linhasdecrédito: “Ainda nenhum associado da APR conseguiu ter uma resposta definitiva ao seu pedido de apoio”

Numa altura em que muitas empresas do setor do turismo atravessam momentos difíceis a todos os níveis, incluindo o financeiro, a Ambitur.pt auscultou associações e entidades regionais para saber o que pensam das atuais linhas de crédito anunciadas pelo Governo e o que mais se pode esperar do Turismo de Portugal.

Pedro Fontainhas, diretor executivo da APR – Associação Portuguesa de Resorts, recorda que as linhas de crédito garantidas pelo Estado “são instrumentos fundamentais para ajudar as empresas a atravessar o período de crise e para salvaguardar as respetivas capacidades de enfrentar o gradual e longo processo de retoma que se anuncia”. Claro que para o responsável há sempre espaço para melhorar: “um aumento de 80% para 90% da garantia prestada pelo Estado agilizaria ainda mais o processo de injeção de dinheiro nas empresas”. Mas adianta que mais prioritário será fazer funcionar a cadeia de transmissão das medidas tal como estão, desde os anúncios do Governo até à chegada do dinheiro às tesourarias dos destinatários. “É que ainda nenhum associado da APR conseguiu ter uma resposta definitiva ao seu pedido de apoio”.

O dirigente associativo diz ainda que o prazo para obter uma ajuda de emergência é “perversamente longo”: os bancos têm 15 dias para apreciar os pedidos e mais 30 para os contratar; a estes 45 dias acrescem mais cinco dias de tramitação pela Sociedade Pública de Garantia Mútua. Ou seja, são 50 dias, do início ao fim. “Tem de ser possível encurtá-lo e informar as empresas, com muita rapidez, se o seu pedido vai ser atendido e quando”, frisa Pedro Fontainhas, que se mostra também preocupado com notícias de que as linhas de crédito já estão esgotadas. “Se assim é, têm de ser reforçadas urgentemente, para não nos virmos a deparar com uma tragédia de maior dimensão”, defende.

As moratórias para os empréstimos, por sua vez, “não são suficientes”, acusa Pedro Fontainhas, que é apologista de que o prazo de seis meses de carência de capital e juros deveria ser prolongado para até dois anos. “As medidas de apoio devem ser paralelas à recuperação da economia porque não podemos decretar que as empresas estarão recuperadas em determinada data fixa”, diz.

Por outro lado, o responsável revela à Ambitur.pt que o perigo nesta situação de crise é que a empresa deixe de ter meios para servir o seu crédito total. Uma vez que a incerteza do que temos pela frente é a “dura realidade”, “creio que nenhum gestor será imprudente na hora de planear os seus créditos”.

A APR propõe que, na área dos apoios financeiros, sejam consideradas medidas de capitalização de empresas através de financiamentos de reforço de capital sem juros, e com eventual aquisição de participações sociais das sociedades financiadas em caso de não liquidação do financiamento. Pedro Fontainhas defende ainda o alargamento da data de constituição da empresa – de 2019 para 2018 – como critério para a candidatura da linha de crédito Covid-19 no setor do turismo, para os casos em que a sociedade já está constituída e a fazer obras para a sua operação, mas ainda não tem trabalhadores. E ainda o apoio do Governo, ao nível das garantias a conceder à banca, aos projetos de investimento que contribuam para a criação de postos de trabalho, “contribuindo assim para incentivar o investimento e a retoma da economia”.