A Câmara Municipal de Lisboa recebeu, esta sexta-feira, o primeiro fórum mundial de presidentes de câmara da Organização Mundial de Turismo (OMT) para debaterem sobre os desafios do turismo urbano sustentável. “Cidades para todos: construir cidades para residentes e visitantes” foi o grande mote deste “Mayors Fórum”, que contou também com o apoio do Ministério da Economia, Turismo de Portugal e Câmara de Lisboa.
À imprensa, Fernando Medina frisou a “grande importância” que este debate tem “para as cidades” e em particular para a capital. O presidente da Câmara de Lisboa considera ser um “desafio central” o facto de manter a “sustentabilidade e a compatibilização com as dimensões centrais da vida da cidade” e “a sua relação com as políticas urbanas e o direito à habitação, a bens públicos e também aos elementos da relação da convivência quotidiana com aqueles que visitam e residem”, refere. O autarca diz que “o turismo é hoje um fator de crescimento de emprego e de investimento” e que Lisboa “é um excelente exemplo”.

Sobre a conferência, Fernando Medina considera o tema como sendo de “bom desenvolvimento”. Apesar de considerar que “turismo” e “qualidade de vida” ainda são conceitos visto como “antagónicos”, o autarca diz que “esta conferência mostra que é essencial para o desenvolvimento que a palavra-chave em debate seja “sustentabilidade”.
O evento foi também aproveitado para a adoção da Declaração de Lisboa com o mote “Cidades para todos: construindo cidades para residentes e visitantes”. Fernando Medina explicou que o documento plasma a questão sobre “sustentabilidade ambiental, sustentabilidade na cidade e social”, frisando a importância de “não se criarem barreiras entre os que visitam e os que residem”.
“Portugal capacitou-se para captar mais turistas”
Também o ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, se referiu à sustentabilidade para afirmar que Lisboa se coloca na “linha da frente”, passando a estar “associada, e bem, a um compromisso de todas as autoridades políticas”. Desta forma, a principal cidade do país está comprometida “em conseguir conciliar turismo e sustentabilidade ambiental, económica, social”.
Pedro Siza Vieira não teve dúvidas em afirmar que, nos últimos anos, “Lisboa e Portugal afirmaram-se como um pólo atrativo muito significativo. Lisboa inventou-se como um destino turístico e Portugal capacitou-se para captar mais turistas”. O ministro indicou que o país se soube preparar para “este movimento: temos a mais baixa taxa de sazonalidade e estamos a percavermo-nos para que a experiência dos turistas seja tão agradável quanto possível e que, ao mesmo tempo, os cidadãos não se sintam excluídos da cidade”, sublinha. Para ajudar neste projeto, o ministro anunciou a linha de Apoio à Sustentabilidade do Turismo que apoia “projetos que envolvam as comunidades no aproveitamento dos benefícios do turismo”, havendo já “21 projetos-piloto” para “tentar perceber como fazer para incluir as comunidades locais na atividade turística”.
O governante considera que o desafio está em “conciliar o crescimento do turismo, que traz mais visitantes, mais pressão sobre as cidades, com a capacidade de assegurar uma boa experiência para os visitantes e uma partilha equitativa dos benefícios com todos os cidadãos de cada cidade. As cidades que hoje participam neste primeiro encontro, nas últimas décadas, enfrentaram o crescimento turístico e têm muitas soluções e problemas para partilhar”, sublinha Pedro Siza Vieira, indicando que serão discutidos “temas muito importantes à volta das tecnologia, forma como gerir fluxos de turistas pela cidade e assegurar que as infraestruturas são capazes de suportar estas novas tendências”.
Por seu turno, o secretário-geral da Organização Mundial do Turismo, Zurab Pololikashvili, começou por elogiar a cidade de Lisboa, lembrando que a ideia desta reunião surgiu “há um ano”. O dirigente considera como uma “excelente oportunidade” discutir o futuro, uma vez que Lisboa e Portugal são um “excelente exemplo e mostram grande iniciativa de desenvolvimento do turismo”, para além de que Lisboa e os representantes mostram que “sabem como desenvolver-se e crescer”.
Zurab Pololikashvili refere que a OMT olha para esta reunião com uma “fantástica oportunidade de tornar (a sustentabilidade e o turismo) real”. Sobre o documento adotado esta sexta-feira, o secretário-geral frisou que o mesmo é “uma recomendação para todas as cidades e todo o turismo” e que era encarado como sendo um “piloto” mas que, rapidamente “veremos resultados”.
Sendo a primeira vez que o evento acontece, havia algum receio em alguns aspetos como os níveis de participação ou o interesse de alguns presidentes de câmara. No entanto, Zurab Pololikashvili mostrou-se satisfeito porque “temos vários países connosco que são bons exemplos no turismo”. O responsável deixou assim o desejo de que “todo este árduo trabalho encontre soluções” eficazes.
Na reunião marcaram ainda presença os municípios de Barcelona e Madrid (Espanha), São Paulo (Brasil), Dubrovnik (Croácia), Paris (França), Bruges (Bélgica), Moscovo (Rússia) ou Seul (República da Coreia). Também participam nas sessões de trabalho a secretária de Estado do Turismo de Espanha, Isabel Oliver, e o secretário do Turismo da Argentina, Gustavo Santos, bem como empresas e organizações internacionais, como o Banco Mundial.